Espanha x Austrália

Veja a opinião do time Tribuna 98 sobre o jogo na Arena

Rafael Tavares

Que bonito ver outros povos no nosso quintal. Que maravilha! Espanhóis e australianos, os donos da festa. Que ontem estava também colorida por bolivianos, colombianos, chilenos e, por não, argentinos. Hermanos que foram devidamente homenageados, várias vezes, pela imensa maioria brasileira.

O velho Joaquim Américo fica metido vestido de Fifa. Uma beleza. Desde a praça Afonso Botelho, que serve de porta de entrada pra quase toda a multidão, até o assento dentro do teatro.

A Arena da Baixada está parecendo uma casa de shows. O clima é contagiante, ensurdecedor. Fácil imaginar o que vão passar os futuros adversários do Atlético. Num jogo que nada valia, pra quase 40 mil pessoas tudo valeu.

A começar pela busca por copos personalizados com os detalhes do jogo. Times, bandeiras, data e local. Cerveja ou refrigerante. Fila pra ganhar um adorno colorido pra cabeça ou tirar foto com o Fuleco e ganhar um kit com óculos colorido e sachê de protetor solar. Vinte minutos pra tirar foto com a bola oficial e mais um tanto de paciência por uma pulseira de borracha. Brindes de patrocinadores da Fifa. Uma festa, já antes de a bola rolar! Sim, teve jogo. O terceiro desta Copa em Curitiba.

Nas cadeiras da Arena, o amarelo das camisas do Brasil se misturou ao amarelo australiano. E todos viram uma Espanha que, tivesse demonstrado mais seriedade nas outras duas partidas, não estaria eliminada. Fez três e transformou uma peleja sem valor num evento inesquecível.

Pra quem está tendo oportunidade de participar, de ver de perto, a Copa do Mundo certamente ficará na memória. Uma história contada em bonitos copos personalizados, que vão pra coleção!

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Eduardo Santana

Quando a seleção espanhola tomou aquele sapeca-iá-iá dos chilenos, confesso que dei uma desanimada em relação à partida em que eles encarariam a Austrália na Arena da Baixada. Mas, com o passar dos dias, me reanimei. Afinal, tinha varado uma madrugada atrás dos ingressos e, acima de tudo, me dei conta que ia realizar um sonho de infância: assistir a um jogo de Copa do Mundo ao lado do meu velho, Seu Vanildo.

E de fato o mico espanhol em terras brasileiras não foi suficiente pra estragar a minha ‘Positive Vibration’ nessa Copa das Copas. Todas as expectativas foram atendidas. Ao chegar aos arredores do Joaquim Américo, a coisa já começou a deslanchar. Ao meu favor, é claro. Dia espetacular na capital mais cinzenta do país. Praça Afonso Botelho estava perfeita, com australianos, espanhóis e brasileiros se confraternizando como não se houvesse amanhã. Num clima de balada, a música e a cerveja gelada ajudavam a criar o ambiente.

Em campo, duas seleções em momentos distintos. A Austrália com vontade de apresentar o bom futebol jogado na rodada anterior, conta a Holanda. Já a Espanha estava num clima de quase férias. Igual ao o que eu vivia antes de encarar aquela última prova da recuperação. Mas, para a surpresa de todos, o jogo foi pegado e eu consegui ver exatamente o que eu queria ter visto: uma apresentação suprema de Iniesta. O dono da jaqueta de número seis espanhola joga o fino da bola. Me senti um privilegiado de ter visto o cara que gruda a bola nos pés e quase não erra passe.

O tal do Padrão Fifa funciona e funciona bem. O clima no estádio é indescritível e o conceito de espetáculo agrada a todos. A sensação é de dever cumprido. Agora posso dormir o sono dos justos sabendo que já vi ‘in loco’ um jogo de Copa do Mundo.

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Dedico esse texto ao meu pai, Seu Vanildo, que me ensinou a amar esse esporte, que, segundo dizem por aí, é a maior invenção da humanidade. Eu concordo.

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Olavo Pesch

Fazia muito tempo que não entrava em um estádio. De forma geral, gostei do que vi. Diferente de uma partida de campeonato estadual ou nacional, como as que assistia com meu pai e irmão quando era mais novo, jogo de Copa atrai um público muito mais eclético. Gente que não costuma ir a estádios, pessoas de todas as idades, algumas que nem entendem direito as regras, mas estão lá pela grandiosidade do espetáculo. Ouvi gente na arquibancada dizer que o que valia era a oportunidade de estar em uma partida de Copa na sua cidade. “Quando vou ter uma chance dessas de novo?”, comentavam. E outra mulher se saiu com esta: “Engraçado assistir sem narrador”.

Assisti a poucos jogos, nem estou por dentro de todos os resultados. Mas achei, na cadeira ao meu lado na Baixada, alguém mais por fora do que eu. Enquanto a torcida em massa vaiava a Espanha e aplaudia a Austrália no começo, ele me pergunta se a seleção verde e amarelo ainda tinha chances. Expliquei que já tinha sido eliminada, após perder os dois jogos iniciais. Aí ele cravou o placar: “Vai dar 3 a 0 pra Espanha”. Dito e feito.

Fora alguns episódios pontuais de atritos entre torcedores – que para uma torcedora na fileira de trás foram motivados pela liberação das bebidas alcoólicas -, o clima foi tranquilo. Entrada e saída do estádio rápidas, orientação muito eficaz dos profissionais e voluntários e a linha gratuita Circular Copa funcionando a contento. Como pontos negativos, além dos preços exorbitantes (R$ 10 por um picolé e R$ 6 a água mineral), registro a infraestrutura: o áudio ‘rachou’ no hino espanhol, os telões apagaram por alguns minutos no segundo tempo e meu celular só reconheceu o wi-fi do estádio no intervalo. Em vão. Recorri ao 3G, também muito lento. Mas valeu a festa, animação e vibração da galera, que junto comemorou os gols da Espanha, pra quem a maioria torcia o nariz.

Já tenho histórias pra contar daqui a alguns anos ao meu filho, agora com 9 meses, que ontem ficou com a avó e a irmã em casa.

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Flavio Laginski

Se a primeira impressão é a que fica, então a Copa do Mundo no Brasil, mais especificamente em Curitiba, é a melhor possível. Bem organizada, com um público educado e feliz em participar de um momento único em suas vidas, o que está se vendo e vivendo neste período é aquilo que o futebol sempre deveria ser: uma grande e bela festa, reunindo povos de todas as cores, raças e credos.

Dentro do estádio, o clima da Copa é contagiante. Impossível não participar da ‘ola’ e, de certo modo, sentir-se novamente uma criança. O que chamou muito a atenção foi a torcida australiana, cujo astral e simpatia não se abalou ante à fraca exibição de sua seleção. Aliás, nem mesmo o placar relativamente elástico para a Espanha foi capaz de deixá-la triste. O objetivo dos Socceroos ali era de aproveitar ao máximo sua última partida nesta Copa. Celebrar era a palavra de ordem no estádio. Participar de um jogo da Copa é um sonho realizado.