Vale tudo para tirar o Atlético da má situação

O Atlético está lançando mão de todas as armas para tentar acabar com a má fase e vencer o Coritiba. Vale prestigiar os treinamentos, botar salários e prêmios em dia e até conscientizar os jogadores para a catimba do adversário. O mais importante é desatolar o time na tabela e voltar a subir no Campeonato Brasileiro. O clássico diante do arquirrival está marcado para amanhã, às 16 horas, na Arena.

Vacinado por outros Atletibas, o diretor-superintendente, Alberto Maculan, chamou alguns jogadores antes do treino de ontem para uma conversa ao pé do ouvido. Segundo apurou a Tribuna, o dirigente alertou Kléberson, David, Alessandro e Douglas Silva para não caírem nas provocações que deverão vir do outro lado, nem revidar as jogadas mais ríspidas dos alviverdes. Coisas como “burro”, “mascarado”, e “carioca malandro” poderiam (e deverão) ser usados pelos coxas para desequilibrar alguns jogadores do Rubro-Negro.

Não foi só isso. Repetindo o mesmo ritual dos outros dias, o presidente Mário Celso Petraglia foi prestigiar o treinamento reforçado por um time de peso. Além dele, estiveram presentes na Arena os empresários Juan Figer, Mário Iramina, Antônio Carletto Sobrinho e Norberto Murakami. Todos eles de grande trânsito nos principais mercados futebolísticos do mundo e com interesses em vários atletas do elenco do Furacão.

Enquanto a ilustre platéia assistia os trabalhos, o técnico Abel Braga perdia o resto da voz gritando com o time que teimava em não acertar. Baseado no jogo em que foi envolvido pelo Rubro-Negro, quando ainda dirigia o Botafogo, ele recolocou a equipe no 4-4-2 de Valdyr Espinosa e espera repetir o mesmo futebol daquela vez. Está complicado. O Furacão passou pelos cariocas por 2 a 0 e Abelão começou a cair. Agora é diferente, quando todo mundo esperava a manutenção do 3-5-2 (principalmente os jogadores), o comandante muda, mas acredita que tanto faz.

“Desculpa, mas eu não sou de falar de esquema. Eu posso fazer tanto o terceiro (zagueiro) quanto os dois volantes”, explicou depois. No caso, esse homem será Douglas Silva confirmado no treino de ontem na Arena. “Ele uma hora recua, em outra hora sai. Ainda mais porque lá (Coritiba) eles podem usar apenas um atacante”, aponta. As outras novidades serão as presenças de Ivan na lateral-esquerda e Kléber no ataque ao lado de Alex Mineiro.

Atlético volta a ter o artilheiro

O incendiário da Baixada, Kléber, está de volta ao Atlético e vai com tudo para cima do Coritiba. Artilheiro da equipe, mas com fome de gols, ele espera desencantar justamente no clássico e voltar a balançar as redes da Arena.

Paraná-Online – Como está a sua preparação para esta partida?

Kléber – Estou preparadíssimo. É um jogo importante, a gente precisa da vitória e vamos em busca desses três pontos. A gente deu uma caída na tabela e, por isso, precisamos desse resultado. Independente de clássico ou não, a gente vai a campo procurar um resultado positivo e não vai ser diferente diante da equipe do Coritiba.

Paraná-Online – É mais complicado, já que você esteve vários jogos parado?

Kléber – É difícil. Eu fiquei três jogos parado, depois voltei e fui expulso, então é ruim. Mas estou me sentindo bem e tem que ir com o coração.

Paraná-Online– A torcida pode esperar um gol seu?

Kléber – Não, não gosto de prometer. Eu gosto de correr, de trabalhar. Espero que Deus possa me abençoar a mim e ao time todo. Mas, o mais importante é a gente conseguir os três pontos.

Com duplo crédito

O Atletiba de amanhã terá um gosto de saudade para o técnico atleticano Abel Braga. Campeão Paranaense pelo Atlético em 98 e pelo Coritiba em 99 (quando quebrou um jejum de títulos de 10 anos), será a primeira vez em que o treinador encontrará as duas “torcidas campeãs” em um clássico. Mas para alegria da torcida atleticana, ele retorna para o lado Rubro-negro. “Queria ter voltado há mais tempo”, confessou o teinador à repórter Gisele Rech, da Tribuna. Ele viu seu nome especulado para o comando atleticano desde a saída de Geninho.

Independente do atual momento das equipes, Abel aposta em um grande espetáculo, com direito a jogo aberto e muita ofensividade. “Vai levar quem errar menos.” E para ele, quem levar tem tudo para se classificar. “Quem ganhar o clássico a essa altura do campeonato, terá um gás extra para os últimos jogos. Por isso, vamos buscar a vitória desde o primeiro minuto”, promete.

Paraná-Online

– É o primeiro Atletiba depois das duplas conquista sob seu comando. Como é reviver essa emoção?

Abel Braga

– É muito especial por tudo o que o clássico representa, em especial para mim, que vivi dias de extrema alegria dos dois lados. O clássico desse sábado tem ainda um gosto especial pela atual condição do Atlético. O time é o atual campeão brasileiro e vai enfrentar um Coritiba muito disposto, sonhando alto com a classificação e que também tem o título de campeão brasileiro.

Paraná-Online

– A situação delicada das duas equipes promete um jogo equilibrado?

Abel

– O resultado de empate seria absolutamente normal, mas na atual circunstância é horrível para os dois, que terão as chances de passar a próxima fase sensivelmente reduzidas. Por isso, a partida tem tudo para ser um jogo aberto, franco, acredito que pelos dois lados – pelo menos o do Atlético eu garanto que será.

Paraná-Online

– Esse clássico vai ser o divisor de águas?

Abel

– Certamente. Quem ganhar três pontos nesse momento, em um clássico dessa importância, vai ganhar fôlego novo. Que não seja um jogo violento, nem dentro nem fora dos gramados. Curitiba tem que levantar as mãos para o céu por ter três times na primeira divisão. No caso do Atlético, com uma estrutura invejável.

Paraná-Online

– Você espera atitude de respeito dos coxas?

Abel

– É lógico que não torcerão por mim, mas sei que esse respeito existe. Vivemos momentos de muita alegria em 99. Mas como aconteceu no paranaense de 98, estou do lado atleticano novamente. Tenho a alegira de ter feito um bom trabalho nos dois clubes, mas agora tenho que pensar nos atleticanos, que me surprenderam no jogo com o Inter.

Paraná-Online

– Você deixou o Atlético em 98 em circunstãncias desagradáveis. O que o fez aceitar o novo desafio?

Abel

– Daquela ocasião, não ficou mágoa. Na época ficou um pouco de tristeza, mas isso faz parte da profissão de treinador. Achei que foi uma atitude precipitada. Tínhamos disputado cinco rodadas e perdemos para a Ponte Preta em um jogo em que tínhamos um homem a menos. Na rodada anterior, empatamos com o Santos em um jogaço, em que o empate veio em um pênalti roubado. Mas isso acontece. Ficou a boa lembrança do título.

Paraná-Online

– O que você teria feito de diferente se tivesse assumido antes?

Abel

– Assisti a alguns jogos do Atlético e ficou clara uma deficiência no esquema de marcação. Por isso, desde que cheguei, estamos pegando firme nisso. O Atlético tem que manter a característica de se projetar ao ataque, mas precisa ter firmeza atrás para evitar complicações, especialmente em bolas paradas. Como sabemos que o Coritiba é forte nesses lances, estamos fazendo treinos específicos para pará-los.

Paraná-Online

– Em 99, você perdeu pela primeira vez numa estréia (6 a 2 para o Paraná), quando assumiu o Coxa, e o time disparou para o título. Na volta ao Atlético, você perdeu para o Inter, mesmo que por um placar menos elástico. A história pode se repetir?

Abel

– Na atual situação, seria bom vencer desde o início. Mas esse tipo de revés é importante para sacudir o time. É um antídoto para o próximo jogo. A torcida teve uma reação forte e isso causou tristeza. Queremos nos redimir, queremos fazer as pazes. Estamos encarando isso com muita seriedade, mas com uma dose de alegria, ingrediente fundamental para dar a volta por cima. Não temos mais nada a perder, Só temos a ganhar.

Paraná-Online

– Você teve poucos dias até o clássico. Qual será a grande cartada?

Abel

– Ainda não toquei no assunto Coritiba. Jogo assim que mexe não passo teipe para atleta. Eu assisto e decido o que fazer. Joguei contra o Coritiba neste campeonato, no comando do Botafogo, e sei os pontos frágeis. Não tem que pesar o clima. Cada um sabe da própria responsabilidade. Falar o tempo todo só gera ansiedade, como em todo grande clássico. O que está falatando ao time é calma, precaução e inteligência para não errar.

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