Um brasileiro encara o desafio de vencer na NBA

“Sonhar não custa nada e o meu sonho é tão real”, já dizia um samba da Mocidade Independente. Para o pivô Nenê, de 20 anos, natural de São Carlos, interior de São Paulo, o sonho de fazer carreira na NBA, a liga americana profissional, começou a ganhar forma e cor ontem à noite, quando o Denver Nuggets enfrentou o Minnesota Timberwolves, fora de casa.

Acho que vou começar no banco, mas o importante é aproveitar o que vão me oferecer (tempo para jogar). O Minnesota é um time agressivo, corre muito, tem boa transição. Temos de tomar cuidado com o Kevin Garnett, que finta bem e é experiente – afirmou ele, em teleconferência feita no Departamento de Relações Públicas da NBA antes da partida.

Bem-humorado e seguro de si, como era quando ajudou o Vasco a chegar ao bicampeonato nacional e o bi estadual e a seleção brasileira no bronze nos Jogos da Amizade-2001, Nenê falou das expectativas para a temporada:

– A minha adaptação está indo superbem. Minha idéia sobre os Estados Unidos e os americanos era diferente. Eu os achava egoístas, mas eles estão me tratando bem.

Terceiro brasileiro na NBA, depois de Pipoka e Rolando, que não jogaram temporadas completas, o jovem pivô se sente um privilegiado: – Meu trabalho é como o de uma chave. Eu abro a porta. Falta os demais fazerem o trabalho deles.

Nenê reconheceu que o time do Denver e também seu técnico, Jeff Bzdelik, são todos calouros, mas esta temporada servirá para se conquistar experiência. Na pré-temporada de oito partidas, foi uma vitória e sete derrotas. Nenê obteve uma média de 9,3 pontos e 5,5 rebotes, liderando seu time neste fundamento:

– Nosso time é de calouros, mas são calouros ousados. Há momentos em que todos passam por dificuldades, mas nossa comunicação na quadra está andando. Sobre sua comunicação, ele diz que já consegue falar o básico em inglês:

– Tenho andado muito corrido, e não tenho tido aulas de inglês. Meu inglês tá mais ou menos. Falo o básico, dá para ir a um restaurante, brincar um pouco. Nesta pré-temporada, ele já viveu ao menos um momento de emoção, ao enfrentar Michael Jordan, do Washington Wizards: – Antes do jogo, foi como um sonho. Mas o Nicholas que deu sorte, porque o marcou. Michael Jordan é como o Pelé no Brasil. Tirei foto com ele. Fiquei feliz. Apesar da operação, ainda é o melhor. Mesmo que marque dois pontos, é o melhor.

Dentro da quadra, o brasileiro vem se adaptando, por exemplo, ao critério de faltas, já que em algumas situações basta encostar no adversário para o juiz marcar falta.

– Os novatos não têm vez -afirmou ele, querendo dizer que na dúvida, os árbitros dão falta dos estreantes na liga. Na preparação física, ele tem se esforçado muito. A estrutura na NBA é mais forte e a preparação mais detalhada. Como pivô, ele tem de estar preparado para o jogo de contato sob o garrafão. Para isso, o ideal é nunca se achar bom o bastante.

? O Juwan Howard (companheiro de equipe) me falou que pareço com o Chris Webber (ala-pivô do sacramento Kings). Legal, né? – declarou. Sobre vir a ser o novato do ano da liga norte-americana, ele comentou:

– O importante é o novato jogar. Agora, se vou ser novato do ano, vai depender de meus méritos. Dentro da quadra, ele disse que por determinação dos técnicos, tem tentado evoluir:

– Os técnicos sabem do que eu preciso, e estou treinando muito, como ir para a bandeja com muita força. Nenê acrescentou que dirigentes das equipes da NBA orientam os jogadores como se vestir, se comportar e lidar com o assédio feminino.

? Mas mulher, a única é a minha namorada (Gabriela) -disse. Sobre suas finanças, o jogador, que foi levado para a liga pelo empresário José Santos, se diz tranqüilo.

– Empresas de investimento tomam conta – afirmou ele, com contrato de três temporadas na NBA.

Jagger

O espírito rebelde e irreverente dos Rolling Stones vai ser incorporado à liga. Mick Jagger, superastro do rock, é o novo garoto-propaganda da NBA. Os primeiros vídeos publicitários com Jagger começaram a ser exibidos ontem. Nas peças, ele canta “Don?t stop”, incluída na coletânea “Forty licks”. No mesmo clip, de 30 segundos, aparecem os jogadores Jason Kidd, Shaquille O?Neal e Kevin Garnett, cantando “Love it live”. O pai de Jagger foi professor de educação física e divulgou o basquete na Inglaterra.

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