Paraná Clube

Tricolor completa 21 anos celebrando uma bonita história

Há exatos 21 anos, Pinheiros e Colorado se uniam com o objetivo de formar no futebol paranaense uma grande potência. O tempo passou, os sócios minguaram e o dinheiro desapareceu. Hoje, o Paraná Clube luta para reencontrar o caminho das vitórias. O mesmo caminho que impulsionou o Tricolor nos primeiros anos de sua existência. Um período de conquistas, que fez o clube marcar espaço no cenário nacional e ser visto, nas palavras e melodia de João Arnaldo e Sebastião Lima, como uma “grande potência do sul”.

O último ano foi dramático para o torcedor paranista. O Tricolor não correu riscos de rebaixamento para a Série C como em anos anteriores, mas deixou transparecer que a falta de estrutura e planejamento foi o grande vilão da história por mais um ano relegado ao segundo escalão nacional. A diretoria se sente refém da falta de recursos -ou do apoio de “verdadeiros paranistas” – e sem perspectivas futuras viu o sonho de retorno à primeira divisão dissipar-se a cada reclamação por salários atrasados.

Hoje, a missão dos dirigentes é administrar um rombo de quase R$ 30 milhões, que tende a aumentar diante das muitas ações que pipocam a cada instante na Justiça do Trabalho. Um quadro inimaginável para quem viu a pujança do clube há duas décadas. O Paraná tinha patrimônio invejável, um grande time e era apontado como uma verdadeira fábrica de craques, capaz de produzir atletas do nível de Maurílio, Ricardinho, Lúcio Flávio, Ilan, Marcos, Giuliano e tantos outros.

Hoje, as muitas sedes viraram sinônimo de preocupação (só geram custos e o clube não consegue dar destino a elas). Projetos para a locação do Tarumã e do Boqueirão não saíram do papel. O Ninho da Gralha vive um processo de transição e somente agora, três anos após a sua criação, começa a produzir as primeiras revelações, como o menino Kelvin. Para piorar, o Tricolor se tornou um posto de passagem de jogadores, tamanho o entra-e-sai visto nos últimos anos. Sem uma base armada, o clube acaba montando dois, três times por temporada, movido basicamente pelo desespero.

Um singelo jantar, ontem à noite, promovido pela Paranautas, foi a única comemoração efetiva de um ano para ser esquecido. Na prática, o Paraná vive o pior momento de sua história, seguindo para a quarta temporada consecutiva na Segundona. Deixou de ser a vitrine de outrora e, sem dinheiro, sofre até para montar um time minimamente confiável. O presidente Aquilino Romani promete um ano diferente para encerrar o seu mandato. É esperar para ver, enquanto os torcedores aproveitam a data para relembrar os grandes feitos de Saulo, Adoílson e cia, um tempo em que o Paraná tinha um time realmente de primeira.

Ex-craque Adoílson vai na veia: “largaram as categorias de base”

Adoílson seria uma espécie de antítese do atleta nos dias de hoje. Fumava, gostava de uma cervejinha…Mas jogava muito. O meia, carinhosamente chamado de “Bagaço” pelos companheiros, fez história no Paraná Clube. Com 78 gols, é o segundo maior goleador do clube. Um ponta-de-lança como não se viu mais pelos lados da Vila Capanema. O jogador brinca com as palavras, não escondendo que com sua bola, nos tempos de hoje, estaria no mínimo “rico”.

Integrante do melhor esquadrão que o Tricolor já teve, ele também dá seus pitacos em relação ao momento delicado que o clube atravessa. “Na minha visão, isso só está acontecendo porque o Paraná virou as costas para as categorias de base”, alfinetou. “Hoje, não se faz futebol sem revelar e, infelizmente, o Tricolor deixou de produzir jogadores de bom nível”.

Adoílson lembra que no início, o clube colocou no mercado não apenas craques, mas jogadores que garantiam uma sustentação para o elenco principal. “Hoje, só vejo que o Paraná est&aacu,te; contratando, contratando. Isso sai caro e, no fim, não dá resultado”, analisou. Para Adoílson, o clube só tem uma saída: forjar a sua base em casa, para então investir em algumas peças-chave.

“Era como se fazia antigamente. Você busca dois ou três para resolver o problema”. Na sua avaliação, o futebol mudou muito e o Paraná não soube se adequar à essa nova realidade”. Torcedor declarado do Tricolor, Adoílson sonha com dias melhores, esperando que Kelvin seja apenas o primeiro de uma nova “linhagem” de craques. O início de uma nova era, capaz de seguir os passos vitoriosos de Adoílson e companhia.