Torcida paranista ataca ônibus e picha a Vila

A revolta do torcedor paranista se tornou explícita após a goleada para o Criciúma. Durante a madrugada, os muros da Vila Capanema foram pichados com duras críticas – e ameaças – aos dirigentes paranistas. Se nas “palavras” os jogadores foram poupados, o mesmo não ocorreu nos gestos de alguns integrantes da Fúria Independente. Não houve agressões, mas os torcedores expuseram todo o seu descontentamento com jogadores como Cláudio e Galvão, já apupados durante a partida.

Após a derrota para o Criciúma, ao perceber que o ônibus da delegação estava deixando o Pinheirão, aproximadamente vinte torcedores cercaram o veículo e, aos pontapés e gritos, extravasaram sua frustração pela sofrível campanha do time. Não houve nenhum dano material. Quando o ônibus chegou à Vila Capanema, foi “recepcionado” por outros torcedores, que também xingaram alguns atletas e dirigentes – em especial o superintendente de futebol Ricardo Machado Lima. O goleiro Flávio, um dos poucos aplaudidos pela galera, disse que a reação é normal, ante o momento do clube na competição.

“Sabemos que a paciência do torcedor esgotou. Mas, cabe a nós mudarmos essa história”, disse o Pantera. O goleiro evitou críticas a qualquer setor do time. “Todos perderam. É assim que devemos agir se quisermos sair dessa situação ruim.” Quando indagado sobre o baixo astral, estampado no rosto de cada jogador, espontâneamente disparou: “É que tá todo mundo puto!”. Ao se dar conta do que falou aos microfones, tratou de pedir desculpas e seguiu adiante com a entrevista.

Paraná faz mea culpa, mas torcida picha muros

Mais do que um pacto por uma mudança de rumos, a diretoria do Paraná Clube assumiu total responsabilidade pela crise técnica que tomou conta do time. O Tricolor, após três derrotas consecutivas, caiu para a zona de rebaixamento e vê a cada rodada os clubes do bloco intermediário se distanciarem. Foi um dia de sucessivas reuniões, com o objetivo de colocar um fim nas visíveis divergências entre os integrantes do departamento de futebol. A falta de sintonia na cúpula do clube refletiu, na visão dos dirigentes, dentro de campo.

Desta vez sem troca de farpas, todos assumiram a culpa pela montagem de um elenco que até agora tem um pífio desempenho no brasileirão. Os erros não foram poucos. O clube contratou, desde o término do campeonato estadual, 27 jogadores. Destes, nove já foram dispensados. “Não há como nos eximirmos de culpa. Só que não era justo que tudo recaísse sobre um ou dois dirigentes, sendo que outras pessoas também tiveram participação nesse processo”, comentou o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro e alvo principal dos críticos. Ontem os muros da Vila Capanema amanheceram todos pichados.

“O que queremos é um trabalho mais ordenado”, disse o presidente José Carlos de Miranda. “Críticas existem e não deve haver melindres. Se erramos, temos que corrigir e seguir em frente, pois estamos no mesmo barco”. Para o presidente, diferenças de opiniões são comuns, mas o problema é que muitas dessas situações estavam extrapolando os limites do clube e, consequentemente, tornando o Paraná mais vulnerável. Miranda eximiu a parceria de culpa. “Não temos do que reclamar. Ninguém nos colocou uma arma na cabeça e exigiu que contratássemos esse ou aquele jogador. Se houve erro de avaliação, foi nosso”, afirmou Miranda.

Durval Ribeiro lembrou ainda que a mesma diretoria que montou o time deste ano, foi responsável pela formação do elenco que no ano passado chegou à décima colocação do brasileiro. “Acredito que com as arestas aparadas entre nós, os jogadores vão sentir mais segurança e os resultados serão melhores. Temos carências, mas não para estar entre os últimos colocados”, afirmou Vavá. Após as reuniões entre os “cartolas”, houve uma longa conversa com a comissão técnica e depois com os atletas. “Fomos dar confiança ao grupo. Neste momento, precisamos da união de todos para iniciar um processo de recuperação”, finalizou Miranda.

Alex Silva reintegrado

“A comissão técnica está mantida. Não teremos mais dispensas e eventuais contratações só serão feitas por indicação do treinador.” Desta forma o presidente José Carlos de Miranda resumiu o futuro do Paraná neste Brasileirão. O resultado imediato foi a reintegração do lateral-direito Alex Silva, há poucos dias afastado e colocado em disponibilidade.

“Seu empresário prometera levá-lo para outro clube, mas o abandonou. Ele estava na cidade, numa situação difícil. Vamos bancá-lo, pois fomos nós que o contratamos”, justificou o presidente. A partir de hoje, Alex volta a trabalhar com o grupo. Ele fez três jogos e não conseguiu boas atuações. Acabou ficando à margem do grupo, no processo de “enxugamento” do elenco, que estava muito inchado.

Como o pensamento agora é o Fluminense, a comissão técnica evitou falar de reforços. Sabe-se apenas que o clube busca atacantes de velocidade. Com a reintegração de Alex Silva, momentaneamente o Tricolor deve abandonar a idéia de contratar um lateral-direito, já que Luisinho Neto e Eto (que esteve no clube, mas pouco jogou devido a uma pubalgia) foram descartados.

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