Festa na Baixada

Torcida, em clima de Olimpíada, faz festa com os medalhas de ouro

Foto: Marcelo Andrade

Foi um dia especial, porque não era apenas o jogo de vôlei que movimentava a baixada. Ao mesmo tempo, havia uma feira gastronômica e um bazar. Nesse espaço, a “Quadra Gastrô”, vão acontecer diversos eventos como o deste sábado. Mas a chuva, que foi um diferencial na escolha da Baixada, acabou prejudicando muito o evento – ainda com estrutura improvisada, o temporal alagou o local, irritando os vendedores e complicando a vida de quem antecipou a ida ao estádio para almoçar e quem sabe fazer compras.

Ao entrar no estádio, uma estrutura completamente diferente. No centro do campo, um tablado branco totalmente livre, com a quadra no centro. Para não atrapalhar a visão de qualquer setor da Arena, foi decidido que quem tinha comprado ingressos de pista seria transferido para os camarotes – e ainda recebendo metade do valor utilizado, porque o preço da cadeira perto da quadra era o dobro do camarote, ainda com direito a comidas e bebidas.

Desde as 14h, mesmo ainda com pouquíssima gente no ginásio, já se iniciou a animação, com DJ e locutor oficial – tudo no mesmo estilo dos jogos da Superliga ou da Liga Mundial. Mais de 80% dos torcedores chegavam de amarelo, a maioria com os uniformes da seleção brasileira de futebol, alguns com o da seleção de vôlei. O perfil era bem diferente do que os jogos de futebol – mesmo os do Atlético, onde já há uma diferenciação. Era mais parecido com o público da Olimpíada – famílias inteiras (da avó ao jeitinho de colo), grupos de meninas, muitas crianças e total tranquilidade no acesso, apesar da chuva.

Festança

Trinta e cinco minutos antes do horário marcado para o primeiro saque, começou a cerimônia. Um por um, os medalhistas de ouro foram apresentados. Bruninho, o curitibano Lipe e Lucão foram os mais festejados. Mas a ovação foi para Serginho, chamado por último é aplaudido até pelos jornalistas. Quando o protocolo foi iniciado, o estádio tinha apenas 30% de sua capacidade ocupada. No espírito do futebol, muita gente deixou para chegar na Baixada em cima da hora.

Depois de uma série de homenagens de patrocinadores e do governo estadual (uma longa entrega de placas e fotos e cumprimentos), a seleção tentou fazer um aquecimento. Do outro lado, Portugal brincava de bobinho – com os pés mesmo. Enquanto isso, o locutor chegava a ensinar o que fazer em cada momento do jogo. “Quero ver todo mundo gritando ‘ace, ace'”, falava o cidadão, chegando a fazer uma coreografia ‘explicativa’.

O problema da chuva e do “jeitinho brasileiro” de acompanhar esportes ficou evidente a cinco minutos da partida. O público era superior a 20 mil pessoas, mas não chegava aos 30 mil ingressos vendidos e menos ainda à previsão de lotação completa da Arena. Percebendo que faltava ainda muita gente para entrar, o início foi adiado – em vez das 16h, o primeiro saque foi dado dez minutos depois.

A Arena não recebia casa cheia, mas o público era de longe maior do que os últimos jogos do Furacão – mas não superou o primeiro jogo do gramado sintético, entre Atlético e Criciúma. Desde o primeiro ser, Bruninho e Serginho foram os mais festejados pelos torcedores – o líbero, que está encerrando a carreira na seleção, aparecia mais por conta das defesas acrobáticas, enquanto o levantador fazia um jogo mais simples, sem os lances arriscados, de mais velocidade.

Como o jogo era de fácil resolução (Portugal está na segunda divisão da Liga Mundial), os próprios jogadores entraram no ritmo de festa. A cada ponto, eles faziam uma ‘ola’, logo seguida pela torcida. Quando Lipe arriscou uma espécie de Jornada nas Estrelas, a torcida foi ao delírio. Mais festa, só na hora da volta olímpica, quando eles pareciam não querer fechar o giro, andando devagar e curtindo cada instante. Era o que quem foi à Baixada queria, era certamente o que aqueles jogadores queriam – comemorar com a galera a terceira medalha de ouro do vôlei masculino do Brasil.