Torcida do Coritiba perde a paciência

O fracasso do Coritiba na partida com o São Paulo se refletiu fora do campo. Pela primeira vez o torcedor alviverde, já desconfiado da equipe – por causa da inconstância -, abdicou de apoiar e passou a criticar com mais veemência. Os gritos de ?segunda divisão? e o copo atirado ao gramado, que pareceu ser endereçado ao banco de reservas, são sinais claros do descontentamento da torcida, que dá ao clube a quarta melhor média de público no Campeonato Brasileiro.

Os gritos e a atitude de um torcedor irritaram a diretoria, com o presidente Giovani Gionédis dizendo para quem berrou ?ficar em casa? e até falar em majoração dos preços dos ingressos. Foi o ápice de um pós-jogo nervoso, em que muitos falaram – e gritaram -ainda com o peso da goleada sob as costas. E o 4×1 imposto pelo Tricolor paulista doeu mais porque o Coxa perdeu um pênalti com Renaldo (ver matéria) logo nos início da partida e nos quinze minutos finais (quando o São Paulo marcou três vezes) o time teve um jogador a mais, pois Fábio Santos foi expulso.

O técnico Cuca também foi alvo dos apupos, como ainda não tinha sido no comando alviverde. A saída de Caio acabou sendo o principal motivo para as reclamações e questionamentos. ?Eu não estava nem cansado nem machucado. Foi uma opção do Cuca, que queria mais velocidade com o Alcimar?, diz o meia. ?Não mudo meu pensamento, se fosse necessário repetiria a mesma alteração. Contra o Fortaleza, o Alcimar entrou muito bem, e meu intuito era tentar repetir aquele rendimento. Mas não deu certo, nós tivemos dez minutos de desequilíbrio?, admite o treinador.

O copo plástico atirado no gramado não foi onde ?deveria? e acabou parando dentro de campo. Recolhido pelo auxiliar Marco Antônio Martins, chegou às mãos do árbitro Alício Pena Júnior, que repassou ao árbitro reserva. Enquanto isso, o torcedor que jogou o objeto foi agredido por quem estava à sua volta, e depois detido pelos policiais.

Na súmula de Pena Júnior, o fato está relatado da seguinte forma: ?Foram atirados no campo de jogo de locais onde se encontrava a torcida do Coritiba F.C. um copo e um pedaço de cabo de guarda-chuva. Segundo informação do chefe da segurança do Coritiba F.C., Cléverson Weber, foram identificados e encaminhados para o 3.º Distrito Policial os autores dos arremessos, Claudinei Pereira Mendes e João Cícero Muller?.

O que fica do jogo são as duas situações já conhecidas pelos que acompanham o Coritiba – primeiro, a instabilidade emocional da equipe, que varia da euforia ao desânimo rapidamente. ?Primeiro, nos abatemos com o pênalti desperdiçado. Depois, quando o rapaz do São Paulo foi expulso, ficamos achando que o jogo estava ganho?, exemplifica o presidente Giovani Gionédis. O segundo é a irregularidade técnica do time, que continua empacado na ?zona do agrião?, onde está desde a 11.ª rodada. ?Não passamos disso e se vocês analisarem, é assim desde o ano passado?, diz o dirigente. Se quiser ter qualquer plano neste Brasileiro e se quiser passar pelos dezessete adversários que ainda terá pela frente, o Coxa terá que vencer estes dois fantasmas.

2005 não é o ano de Renaldo

Para quem não tinha errado um pênalti na carreira, o ano de 2005 vem sendo dramático. Renaldo, até o ano passado infalível nas cobranças de penalidades, falhou duas vezes jogando pelo Paraná e uma – domingo – pelo Coritiba. Com três gols no Campeonato Brasileiro, o centroavante está errando exatamente na sua mais conhecida virtude, a frieza para concluir. E ele reconhece que isto o deixa nervoso.

O pênalti perdido contra o São Paulo tem características mais sofridas. Se na partida com o Figueirense, ainda pelo Tricolor, os erros ficaram em segundo plano com a vitória por 3×0, domingo o lance representaria o início bem-sucedido do Coxa na partida. ?Não dá para dizer que nós iríamos ganhar, mas é uma situação favorável?, diz o técnico Cuca. ?Claro que teríamos muito mais chances de vencer?, completa Renaldo.

A bola chutada para fora ganhou mais visibilidade porque, minutos depois, o goleiro são-paulino Rogério Ceni converteu outro pênalti, abrindo o placar para os visitantes. O centroavante coxa nitidamente ficou ?desnorteado? com a situação. ?Claro que eu fiquei abalado, mas isso não me afetou. E nem afetou o restante do time, que continuou lutando?, admite.

Para tentar se redimir, e ao mesmo tempo cumprir a promessa de marcar um gol, Renaldo se desdobrou. ?Eu saí das minhas características para tentar ajudar, fui lá no meio marcar. Isso eu fiz para correr atrás do resultado positivo?, comenta o atacante, que diz estar ?envergonhado? com a situação. ?Eu não perdia penalidades, mas isso acontece. Tive outros tipos de erros durante a carreira, tenho que estar preparado para isto?, completa o jogador, que garante que não fugirá da responsabilidade. ?Se tiver outro pênalti a favor do Coritiba, eu vou cobrar?, garante.

Além de ir a público admitir a falha, Renaldo foi ao ?paredão? para dar força aos companheiros. ?Nós temos um grupo de garotos, que às vezes sente quando existe pressão. Mas eu continuo acreditando no Coxa, nós temos um ótimo elenco e bom ambiente. Temos tudo para conseguir muita coisa neste Brasileiro?, finaliza.

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