Técnico do Coritiba ainda pode ser contratado pelo Grêmio

A pressão é grande. Quanto mais o técnico Paulo Bonamigo diz que não vai para o Grêmio, mais se ouve notícias de que o time gaúcho chegará com uma proposta considerada irrecusável para o comandante coxa. Até mesmo os familiares do treinador já são procurados para falar (ou mesmo interferir) sobre a possível negociação, que começa a atingir níveis estratosféricos. E talvez irremediáveis.

A desistência de Renato Gaúcho em assumir o posto de Tite aumentou os rumores de uma contratação de Bonamigo. O treinador do Fluminense acertou as bases salariais com o Grêmio, mas ?refugou? após uma reunião com a diretoria do time carioca. Para aumentar, o diretor de futebol gaúcho Luís Onofre Meira elogiou publicamente o técnico coxa. “Ele é um ótimo profissional, e com uma experiência reconhecida”, disse o dirigente aos repórteres porto-alegrenses.

Na manhã de ontem, criou-se um forte boato, talvez o mais preocupante para a torcida alviverde. Comentava-se em Porto Alegre que Bonamigo estava “incomunicável” (alegava-se que o celular dele estava desligado) – e das duas, uma: ou o técnico alviverde estava negociando com o Grêmio, ou já tinha negociado e estava viajando para o Rio Grande do Sul. Com a desistência do time gaúcho em contratar Valdyr Espinosa, o nome favorito era o do treinador coxa.

Naquele momento, Bonamigo estava em sua casa almoçando, e pensando no treino que iria comandar à tarde – o primeiro da montagem da equipe que enfrentará o Goiás no domingo. “Realmente a pressão é muito forte. Ontem (terça) eu estava no churrasco com os jogadores e a comissão técnica, e lá mesmo o telefone não parava de tocar”, contou o treinador coxa. Segundo ele, jornalistas gaúchos ainda tentavam arrancar dele declarações sobre uma possível ida ao Olímpico.

Não só estes o procuram ou o incensam. Depois de se reunir com o presidente do Grêmio Flávio Obino, o manda-chuva do Clube dos 13, Fábio Koff (que foi o presidente no título da Libertadores em 83) disse que, dos nomes citados para ocupar o lugar de Tite, Bonamigo seria o melhor. Até mesmo o irmão do técnico, que é dono de rádio em Ijuí, foi procurado. “Disseram para ele que eu já tinha sido contratado, e ele ficou assustado”, confessou Bonamigo.

Até para o irmão, portanto, o técnico repetiu que, no momento, não deixa o Coritiba. “Eu tenho um compromisso com o presidente (Giovani Gionédis), que conhece a minha conduta. Em respeito a ele e a diretoria do Coritiba, eu pretendo ficar aqui”, garantiu. Ao mesmo tempo, Bonamigo assegurou que não foi procurado pelo Grêmio – mas deixou, pela primeira vez, a porta aberta para uma possível saída. “Nenhum dirigente de lá falou comigo. Não recebi nenhuma proposta. E se ela vier, vou passá-la para o presidente. Se ele me liberar, é uma outra história”.

Edu Sales, ídolo mesmo no banco de reservas

Quando se fala em mudanças no Coritiba, o primeiro nome a se lembrar é o de Edu Sales. O atacante se tornou a arma alviverde para o segundo tempo, geralmente para agitar o ataque e fazer a equipe recuperar um placar adverso. Tal condição faz dele hoje um dos ídolos da torcida, que o considera um dos ?salvadores da pátria? coxa. Não se sabe se por sorte ou não, o técnico Paulo Bonamigo deve mantê-lo como reserva – uma situação que não agrada o jogador, mas que ele encara até com naturalidade.

Esse tipo de situação não é novidade no futebol brasileiro. Quase todo clube tem, na história, um jogador considerado como “amuleto”. Os mais famosos foram Fedato, no Palmeiras, Tupãzinho, no Corinthians, e Escurinho (que chegou a jogar no Cori), no Internacional. Nesta entrevista, Edu Sales fala sobre a reserva e o fato de virar o talismã coxa.

Paraná-Online 

– Você fica chateado com a reserva?

Edu Sales – Logicamente que nenhum jogador quer ficar no banco de reservas, mas chateado de jeito nenhum. O grupo do Coritiba tem bastante qualidade, e o professor Bonamigo optou neste jogo contra o Guarani que eu ficasse no banco. Acatei da melhor forma possível, e quando entrei no jogo ajudei meus companheiros a vencer a partida.

Paraná-Online

– Ao mesmo tempo, você é o jogador mais querido pela torcida do Coritiba neste momento. Como é a sua relação com os torcedores?

Edu Sales

– É uma relação boa. Fico muito feliz por isso, porque qualquer jogador que esteja em uma equipe de grande torcida quer ser bem tratado. E comigo não é diferente. Do jeito que eu sou, vou tratar a torcida sempre bem.

Paraná-Online

– Como o jogador reage quando ouve que o time tem mais do que onze titulares?

Edu Sales

– Aqui no Coritiba é assim. Não existem apenas onze jogadores de qualidade, mas um elenco muito bom. E todos querem jogar, e infelizmente só podem entrar onze. Mas quando o treinador faz as mudanças, os jogadores que estão entrando também estão resolvendo.

Paraná-Online

– Você não teme ficar estigmatizado como jogador de segundo tempo?

Edu Sales – De maneira nenhuma.

Time só depende de Reginaldo Nascimento

Quando chegou ao CT da Graciosa, Paulo Bonamigo não queria saber de Grêmio. O treinador pediu para falar da equipe do Coritiba – e, até forçado pelo próprio pedido, confirmou a formação alviverde para o jogo de domingo, contra o Goiás, em Goiás. O time será o mesmo que começou a partida contra o Guarani, mantendo Edu Sales no banco de reservas. Só que um problema pode fazer o Cori ter uma novidade em Goiânia.

A escalação de Reginaldo Nascimento ficou dificultada por causa de uma lesão na coxa esquerda, proveniente do cansaço muscular do volante. “Ele já tinha reclamado de dores, mas se recuperou para participar do coletivo. Mas ele voltou a sentir, e precisamos avaliar a situação dele com mais calma”, explica o médico Walmir Sampaio, que determinou a realização de um exame de ressonância magnética, que acontece nesta manhã.

Mas um indicador da preocupação de Bonamigo é o próprio Nascimento, que demonstrou desânimo após a contusão. “Ainda tem tempo para o jogo, e vamos ver se dá para recuperar”, afirma o jogador. No lugar dele, o técnico coxa escalou Pepo, que se confirma como grande ?coringa? do elenco, jogando como terceiro zagueiro. A formação da equipe teve Douglas; Maurinho, Danilo, Edinho Baiano e Adriano; Pepo, Roberto Brum, Tcheco e Jackson; Marcel e Lima.

Para o treinador, a manutenção do time foi decidida depois de serem pesados alguns fatores. “A situação do jogo, o adversário, e o estilo da partida que nós vamos enfrentar. Ainda quero testar a equipe com o Edu Sales, mas o pensamento de formação é aquele que começou contra o Guarani”, confirma Bonamigo.

Voltar ao topo