Seleção brasileira desembarca na Suíça e evita torcedores

Weggis – A seleção desembarcou ontem na Suíça, mas quase ninguém viu. Cerca de 200 brasileiros da região foram até o aeroporto de Zurique para receber os craques do time pentacampeão mundial, mas perderam a viagem. Os jogadores, tratados como celebridades pela segurança local, não passaram nem perto do saguão e pularam do avião para o ônibus que os levou até Weggis. O mesmo ocorreu na chegada à pequena cidade na área de Lucerna. O veículo, escoltado por policiais, entrou no Park Weggis Hotel sem parar para os fãs.

Em Zurique, os torcedores, quase todos brasileiros, reclamaram da falta de atenção dos jogadores. Consideraram a atitude antipática. Em Weggis, apesar do clima de festa, pouca gente saiu de casa para esperar a equipe de Carlos Alberto Parreira. Apenas crianças e adolescentes da região foram ao hotel. E pouco puderam aproveitar. Para eles, pelo menos, valeu o fato de terem visto alguns jogadores de longe ou pela janelinha do ônibus. Ronaldinho Gaúcho parou por cerca de um minuto e acenou para o pequeno público, os fotógrafos e os cinegrafistas.

Um grupo com oito jogadores chegou separado. Entre os quais estavam Kaká, Dida e Cafu, todos do Milan. Eles vieram diretamente da Itália, onde moram.

Mas também não desceram do carro para falar com torcedores e jornalistas.

Celebridades

O Park Weggis Hotel está totalmente fechado. Imprensa e moradores da cidade não entram. Ninguém se hospeda no estabelecimento até a data da saída da seleção, em 3 de junho.

Os seguranças – cerca de 40 no hotel e 300 no total, incluindo os do estádio – não tiveram quase nenhum trabalho. Mas foram rigorosos ao não permitir a entrada de jornalistas nas regiões internas do hotel.

Simon Meier, do jornal Le Temps, da Suíça, lamentou a dificuldade para ter acesso aos brasileiros. ?É muito difícil fazer uma cobertura do Brasil?, admitiu.

Guilherme Ribeiro, administrador da CBF, explicou que as estratégias de deslocamento da seleção são montadas pela equipe de segurança e nada têm a ver com a CBF.

Alguns atletas da seleção se tornaram celebridades internacionais nos últimos anos e, por isso, recebem tratamento especial, como o de grandes estrelas de cinema. No elenco atual, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo têm esse status. Um segurança disse que é preciso cuidado com um time badalado como o do Brasil. ?Ainda mais numa época em que há tantos atos terroristas no mundo?, declarou ele, pedindo para não ser identificado.

Bagunça e gritaria devem dominar treinamentos

Weggis – A seleção brasileira escolheu a tranqüila Weggis, de apenas 4 mil habitantes, para fazer a preparação para a Copa do Mundo. Lugar perfeito para fugir de confusão e manter a concentração dos jogadores. Ninguém na CBF, porém, esperava que os brasileiros da região e os próprios suíços fossem fazer da presença do time sul-americano um grande evento, uma festa.

A expectativa é de muita bagunça durante os treinos do Brasil na cidade.

Já há dezenas de barracas prontas com lanches e souvenirs. É possível comprar salsichão, cachorro-quente e diversos tipos de bebida, desde sucos até caipirinha. Os brasileiros prometem invadir as arquibancadas do Estádio de Weggis, com capacidade para 5 mil pessoas, e fazer bastante barulho, com samba e pagode.

Foco na bola

A comunicação entre Carlos Alberto Parreira e os atletas deverá ficar comprometida durante os treinamentos. E os atletas precisarão pôr em prática o poder de concentração, pois não será fácil manter o foco na bola. Os assentos dos torcedores ficam bastante próximos do campo. Qualquer comentário da torcida chegará facilmente ao ouvido do jogador.

A movimentação na região da arena será grande. Crianças suíças também estão entusiasmadas com a presença da seleção e prometem prestigiar o time. A previsão é de 5 mil pessoas nas arquibancadas e muita gente do lado de fora.

As lanchonetes já têm atraído público nas cercanias do campo, que virou uma espécie de shopping center. Os preços são salgados: uma garrafa de plástico de refrigerante custa cerca de R$ 8 e um cachorro-quente R$ 11.

Só a Globo entra no hotel

Weggis – O Park Hotel Weggis, local de concentração da seleção brasileira, está fechado para todos: torcedores, jornalistas e habitantes da cidade.

A segurança é rigorosa e ninguém entra. Ou melhor, quase ninguém. A TV Globo é a única empresa de comunicação do mundo a ter acesso ao luxuoso estabelecimento.

Foi constrangedor, ontem, ver repórteres da emissora entrevistando jogadores, como ocorreu com o volante Gilberto Silva, enquanto todos os outros tinham de ficar do lado de fora, sem nenhum contato.

Um produtor da própria Globo ficou sem jeito com a situação e pediu a alguns repórteres que trabalhassem de forma discreta.

Um funcionário do hotel disse que a determinação de liberar a entrada da Globo foi dada pela CBF.

Voltar ao topo