Schumacher teve vitória memorável

Montreal – Ao conquistar ontem, a 77.ª vitória de sua carreira na Fórmula 1, Michael Schumacher reconheceu: já não consegue se lembrar de todas. Lapsos de memória mais do que justificáveis. Afinal, a primeira remonta há muito tempo, em 1992, por uma equipe que nem existe mais, a Benetton. De lá para cá, muita coisa aconteceu na vida do piloto alemão, que foi para a Ferrari, se casou, teve filhos e ganhou seis títulos mundiais, entre outros eventos menos relevantes.

O triunfo de ontem, em Montreal, no entanto, é daqueles que não serão esquecidos tão cedo por Schumacher, porque entrou para a história e alguém sempre haverá de lembrá-lo. Foi sua sétima vitória no GP do Canadá e nunca, antes, um piloto havia conseguido ganhar tantas vezes a mesma corrida.

E entra para a história também o GP canadense por motivos menos nobres. Quatro horas depois da corrida, três pilotos que haviam pontuado foram desclassificados: Ralf Schumacher (segundo) e Juan Pablo Montoya (quinto), da Williams, e Cristiano da Matta (oitavo), da Toyota. Olivier Panis, nono com a Toyota, foi igualmente excluído do resultado final. Motivo: todos usavam dutos de refrigeração dos freios irregulares.

A vitória de Schumacher começou a ser arquitetada na sexta-feira. “Desde o início percebemos que não daria para lutar pela pole, por isso nos concentramos na corrida”, explicou. O problema estava nos pneus Bridgestone, bons para longas distâncias, menos performáticos que os Michelin nas primeiras voltas.

O resultado foi uma discreta sexta posição no grid, que começou a se converter em vitória a partir das táticas de seus principais adversários, três paradas, contra duas da Ferrari. E, aos poucos, o alemão foi chegando à liderança, graças às visitas mais freqüentes aos boxes de Ralf, o pole, Jenson Button e Montoya. Para ajudar ainda mais, quem tinha uma estratégia igual, a Renault, enfrentou problemas e seus dois carros quebraram.

“Deu tudo certo”, resumiu Schumacher, que foi pressionado em dois momentos da corrida, por Montoya e Rubens Barrichello. “Com Juan não me preocupei muito, porque sabia que ele ia parar três vezes. Mas Rubens me apertou bastante.” Por dez voltas, da 34.ª à 44.ª, o brasileiro andou colado em seu companheiro de equipe. Ameaçou uma ultrapassagem, mas Schumacher resistiu. “Se tivesse me passado, ia ser mais crítico para mim. Foi divertido. Saímos com pneus diferentes, e acho que a escolha dele foi melhor”, falou o líder do campeonato, agora com 70 pontos e sete vitórias em oito corridas.

Rubens, no momento mais agudo da prova, tinha o carro um pouco mais leve que o alemão, que só fez sua segunda parada três voltas mais tarde. “Para quem acha que me conformo em andar atrás dele, provei hoje que não é o caso.”

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