São Paulo encara o maior desafio da Libertadores

Guayaquil – Dizer que as oito vitórias que o São Paulo conseguiu em 2004 não significaram quase nada talvez seja injusto. Mas é preciso lembrar, por outro lado, que a equipe ainda não teve um grande desafio na temporada. O são-paulino vai poder tirar, hoje, a partir das 21h15, uma conclusão mais precisa da real capacidade de seu time, pois o confronto com a Liga Deportiva Universitária (LDU), em Quito, trará, seguramente, mais dificuldade que as partidas anteriores.

Não só por sua importância – o vencedor estará praticamente classificado para as oitavas-de-final da Libertadores -, mas pelas adversidades que o São Paulo enfrentará. Não que a LDU, do modesto futebol equatoriano, tenha craques, dê espetáculo em suas apresentações, mas é, sem dúvida, o mais forte rival do grupo 4, tem entrosamento e um esquema tático bem definido.

Além do adversário e do fator campo, o São Paulo tem outra preocupação: a altitude, que vive incomodando em torneios na América do Sul. Quito está situada a 2.850 metros acima do nível do mar, o que torna o ar rarefeito e pode causar tontura, dor de cabeça e dificuldade na respiração de quem não está acostumado ao ambiente.

Justamente para minimizar o problema, a delegação do São Paulo passaria a noite de ontem em Guayaquil, ao nível do mar, e seguirá apenas na tarde de hoje para Quito, onde chegará cerca de duas horas antes do início do jogo. “Um empate já será bem-vindo”, admitiu Luís Fabiano.

São Paulo e LDU dividem a primeira posição do grupo 4, com 6 pontos em dois jogos, mas os equatorianos levam vantagem no saldo de gols.

LDU x São Paulo

Horário: 21h15. arbitro: Héctor Baldassi (Argentina).

LDU: Jacinto Espinoza; Carlos Espínola, Santiago Jácome, Giovanny Espinoza e Néicer Reasco; Alfonso Obregón, Patricio Urrutia, Paúl Ambrossi e Alex Aguinaga; Elkin Murillo e Franklin Salas. Técnico: Jorge Fossati.

São Paulo: Rogério Ceni; Cicinho, Fabão, Rodrigo e Gustavo Nery; Alexandre, Fábio Simplício, Marquinhos e Fábio Santos; Grafite e Luís Fabiano. Técnico: Cuca.

Lugano é pivô de confusão

São Paulo –

Muita agitação no embarque do São Paulo para o Equador ontem pela manhã no Aeroporto Internacional de Cumbica. Tudo por causa do zagueiro uruguaio Lugano. Ele desacatou um agente da Polícia Federal e foi retirado da delegação. Foi detido e teve de dar depoimentos por três horas. Só não foi preso porque tem residência fixa no Brasil. Viajou sozinho depois de o clube pagar R$ 1.500 pela sua passagem. O clube paulista enfrenta a Liga Deportiva Universitária (LDU) em partida válida pelo grupo 4 da Taça Libertadores.

“A Polícia Federal precisa ser respeitada. Ele desacatou um agente e foi punido como qualquer pessoa. Não interessa se é ele atleta do São Paulo. Nós embarcamos astros como Madonna e Michael Jackson e eles respeitaram as nossas leis. O Lugano seria preso se não provasse que mora no Brasil. O que fez não tem cabimento”, disse o delegado Vagner Castilho.

Segundo o termo de ocorrência, Lugano errou duas vezes o preenchimento do cartão de saída do País. Quando o agente federal Rafael Potsch Andreata pediu que corrigisse pela terceira vez, o zagueiro ficou irritado. Jogou o passaporte e o cartão em cima do agente e o xingou. “O agente fez o certo. Deu voz de prisão em flagrante e o deteve. Só não o algemou porque não quis”, diz Castilho.

Enquanto isso, toda a delegação do São Paulo esperava no avião fretado. Os dirigentes esperaram por uma hora e meia. Mas não adiantou. Lugano ficou depondo por três horas e só depois foi liberado. “Espero que vocês não façam história com o que aconteceu aqui”, dizia, Lugano, tenso, aos jornalistas.

“Houve um mal-entendido. O nosso jogador quis dizer “assim não pode ser”. Não quis ofender ninguém. E tem mais: as palavras do delegado Castilho têm o mesmo peso das minhas”, desafiava o advogado do São Paulo, José Carlos Ferreira Alves.

O delegado do aeroporto internacional ficou muito irritado quando soube das declarações de Ferreira Alves. “O que aconteceu é que pode ser Fernandinho Beira-Mar, machão, bandido, seja o que for. Quando chega a hora de dar o depoimento todos dão para trás. Não têm coragem de manter o que fizeram. Posam de santinho”, afirmou. “Essa história de ‘assim não pode ser’ é inacreditável. Ninguém é bobo na Polícia Federal. E o processo vai correr. Não temos medo de pressão de nenhum clube de futebol. O nosso País tem leis e ninguém vai passar por cima delas. Seja jogador ou quem for”, afirmou Castilho. A diretoria do São Paulo optou por não aplicar algum tipo de punição ao atleta justamente para tentar evitar a confirmação de que Lugano realmente cometeu um ato de indisciplina, no decorrer do processo.

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