Santos joga com a torcida e reverte a vantagem

As travessuras estão de volta. Depois de um fim de fase classificatória ruim, quando conseguiu a última vaga às quartas-de-final na “bacia das almas”, graças ao saldo de gols, a garotada do Santos reecontrou a alegria de jogar futebol. Azar do São Paulo. Ontem, na Vila Belmiro, o time da casa deu um importante passo em direção às semifinais do Brasileirão 2002 ao vencer por 3 a 1.

Para tentar reverter a situação, a equipe dirigida por Oswaldo de Oliveira tem de vencer pelo menos por uma diferença igual à derrota de ontem, ou seja, dois gols. A partida está marcada para quinta-feira, no Morumbi. Empate ou derrota por um gol dá a vaga aos santistas. “Já começamos o trabalho de recuperação do grupo aqui mesmo no vestiário”, afirmou o treinador são-paulino ao se referir aos procedimentos para reanimar os jogadores.

O jogo de ontem serviu para provar que em fase eliminatória, como o atual mata-mata, o aspecto emocional é tão importante quanto o técnico/tático. E o clube do Morumbi que o diga. A responsabilidade pesou e os atletas não conseguiram justificar a liderança da etapa classificatória. Justificaram, sim, a fama de se dar mal em partidas decisivas.

No campo esse detalhe ficou evidente no posicionamento das equipes. Enquanto Emerson Leão armou seu time para pressionar a saída de bola do adversário, claro, motivado também pelo fato de jogar em seu estádio, diante de torcedores exigentes (houve fortes pressões na véspera, sobretudo sobre o meia Diego, acusado de ser `pipoqueiro’), os são-paulinos restringiam-se aos contra-ataques.

O jogo

Esse desenho tático proporcionou uma partida bastante movimentada e agradável. Embora o Santos mantivesse a posse de bola por mais tempo, era o São Paulo, pelo menos na metade inicial do primeiro tempo, que criava as chances mais claras de gol, principalmente com o atacante Luís Fabiano.

Mas foi mesmo a equipe da Baixada que abriu o placar, quando Alberto concluiu após confusão dentro da área. A justiça foi feita no fim da etapa. Em jogada individual, Kaká – o melhor do São Paulo na partida, ao contrário do apagado Ricardinho – arrancou, deixou a marcação para trás e acertou forte chute. O goleiro Fábio Costa, sem ritmo por causa do longo período inativo, desviou a bola para dentro do gol.

No segundo tempo brilharam as estrelas das revelações Robinho e Diego. O atacante, aproveitando-se de sua juventude e do cansaço dos zagueiros adversários, encontrou mais espaços e, logo aos 6′, recebeu bom passe dentro da área e chutou no ângulo direito de Rogério Ceni. Quinze minutos depois, Alberto toca para Diego na entrada da área. Uma ginga de corpo afastou a marcação de Ameli e um chute rasteiro, no canto direito, sacramentou o placar.

Ficha Técnica

Local: Vila Belmiro (Santos). Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS). Gols: Alberto aos 31′ e Kaká aos 46′ do 1.º tempo; Robinho aos 6′ e Diego aos 21′ do 2.º. Cartão amarelo: Robert, Rafael e Preto. Santos: Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luís e Léo (Preto); Paulo Almeida, Renato, Diego (Robert) e Elano (Alexandre); Alberto e Robinho. Técnico: Emerson Leão. São Paulo: Rogério Ceni; Rafael, Jean, Ameli e Gustavo Nery (Jorginho, depois Wilson); Júlio Santos (Júlio Baptista), Fábio Simplício, Ricardinho e Kaká; Reinaldo e Luís Fabiano. Técnico Oswaldo de Oliveira.

Vitória não ilude os santistas

AE

A vitória foi comemorada pelos jogadores do Santos de maneira discreta. Festa mesmo os santistas fizeram pelo placar, 3 a 1, o que dá uma certa tranquilidade para a segunda e decisiva partida, marcada para quinta-feira, no Morumbi. A vantagem do empate mudou de mãos e agora é do Santos. Se não bastasse, o time de Emerson Leão ainda se classifica para as semifinais do Campeonato Brasileiro com uma derrota simples.

Leão reconheceu o privilégio que o destino lhe guardou, mas a vantagem não é definitiva. “Temos de manter o controle para não acreditar que já estamos classificados.” O treinador disse que o Santos evoluiu na partida e que teve como principal virtude a simplicidade. “Com a bola nos pés, fomos criativos.Sem a posse de bola, marcamos sob pressão.”

O atacante Robinho, o destaque do Santos no clássico, fez um gol e levou pânico à defesa são-paulina. “Foi uma bonita vitória, mas temos de manter a humildade.” O meia Diego deixou o gramado no final da partida com dores no pé direito, mas não deverá ser problema para quinta-feira. “Levei uma pancada e como a partida estava decidida, preferi sair e me poupar.”

Diego se mostrava extremamente satisfeito, pois foi bastante criticado por parte da torcida nas últimas partidas e ontem voltou a ser importante para a equipe. “Mostrei que continuo sendo o mesmo Diego.”

O atacante Alberto marcou um gol depois de um longo jejum. “Fiquei satisfeito com minha apresentação, não apenas pelo gol, mas por ter feito várias assistências.” Agora, para Alberto, o Santos deverá ser mais inteligente. “A vantagem é nossa e temos de jogar com o regulamento nas mãos.”

O meia Robert, o jogador mais experiente do elenco santista, reconheceu que o placar dá uma boa vantagem aos santistas, mas lembrou que o adversário é um time superior. “Não podemos esquecer que o São Paulo é o todo-poderoso, e que pode reverter o resultado.” Robert ainda lembrou que o Santos deve manter a humildade e não achar que já está na próxima fase. “Não ganhamos nada.”

Para quinta-feira, Leão não poderá contar com dois jogadores suspensos com o terceiro cartão amarelo. O meia Robert e o zagueiro Preto entraram no decorrer do segundo tempo e receberam a punição. Leão optou pelo isolamento. Haverá um período de treinamento em Jarinu, no Interior, a partir de hoje.

Voltar ao topo