Sacerdote oferece denúncia contra os envolvidos

O relatório do inquérito do ?caso Bruxo? chegou ao fim. Depois de mais de três semanas de investigações, depoimentos e coleta de documentos, o auditor Octacilio Sacerdote Filho entregou ontem a papelada à procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol (TJD-PR). Cabe aos procuradores oferecer denúncias dos 11 indiciados e apresentá-las ao presidente do tribunal, Bôrtolo Escorsim, responsável por definir as datas dos julgamentos. Árbitros e dirigentes citados devem sentar no banco dos réus a partir da primeira semana de outubro.

Sacerdote, nomeado presidente do inquérito em 31 de agosto, disse ter juntado material ?mais do que suficiente? para embasar a condenação dos acusados. ?Há provas documentais e testemunhais afirmando envolvimento de todos. Espero que os culpados sejam punidos com eliminação do futebol?, falou o auditor, convencido de que existe uma ?máfia do apito? no futebol paranaense.

Sacerdote repetiu que pedirá para Escorsim enviar uma cópia do inquérito à Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Como órgão do Ministério Público, a PIC tem poderes para aprofundar as investigações (através, por exemplo, da quebra dos sigilos bancário, fiscal ou telefônico) e iniciar procedimento criminal contra os suspeitos. O auditor percebeu na investigação indícios de extorsão, estelionato, apropriação indébita, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

Ontem de manhã, o auditor finalmente falou por telefone com José Francisco de Oliveira, o ?Cidão?, que da Inglaterra fez várias acusações através da imprensa. O árbitro, porém, se mostrou pouco disposto em entregar mais nomes além do diretor-administrativo da FPF Johelson Pissaia, que segundo ele era o chefe do esquema de venda de resultados. ?Cidão alegou que não quer envolver outras pessoas?, falou o auditor.

Os indiciados são o próprio Cidão, e os árbitros Carlos Jack Rodrigues Magno, Amoreti Carlos da Cruz, Antônio de Oliveira Salazar Moreno, Marcos Tadeu Silva Mafra e Sandro César da Rocha, denunciados na terça-feira por Evandro Rogério Roman; Valdir de Souza e Antônio Carvalho, que eram presidente e vice da Comissão de Arbitragem da FPF; os dirigentes Silvio Gubert, do Operário, e Genezio Camargo, do Foz do Iguaçu; e Pissaia, que desde ontem não comparece à sede da Federação por ter pedido afastamento temporário.

Mais maracutaia

Ontem à tarde, Sacerdote recebeu um documento que deve gerar mais uma denúncia. Gílson Pacheco, ex-diretor do Marechal Cândido Rondon, confirmou ao TJD que entregou R$ 1.750,00 ao árbitro Sandro César da Rocha para favorecer sua equipe no jogo contra o Cianorte, pela Série Prata de 2003. O suborno havia sido denunciado na última terça-feira pelo árbitro Ito Dari Rannov, que é policial militar em Marechal Cândido Rondon.

Anderson Picolo, então supervisor do Marechal, confirmou a história à Tribuna. ?O time ia ser eliminado e estava sem dinheiro, mas conseguimos arrecadar recursos. O pagamento foi feito pelo Pacheco, num hotel da cidade. Pelo que sei, em dinheiro vivo?, contou Picolo.

Pacheco só não foi indiciado porque o relatório de Sacerdote já estava concluído, mas o documento foi anexado e será avaliado pela Procuradoria do TJD.

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