Réveillon na concentração

Milhões de pessoas planejam, combinam e se preparam para as festas de virada de ano no litoral do Rio de Janeiro e no mundo inteiro. Porém, a seleção brasileira sub-20 está alheia a tudo isso: seu réveillon será na concentração da Granja Comary, em Teresópolis, sem champanha e shows de gente famosa.

Castigo? Nada disso.

A clausura acontecerá porque no momento em que muita gente estará tentando curar a ressaca causada pelos excessos da véspera, a delegação brasileira estará embarcando para Montevidéu disposta a provar no Sul-Americano que seus jogadores pertencem a uma excelente safra.

Com a palavra o zagueiro rubro-negro André Bahia, o mais cotado para ser o capitão da seleção brasileira. “Estamos na flor da idade. Mas tudo tem sua hora. Haverá outras viradas de ano pela frente”, conforma-se o zagueiro.

O silêncio da Granja Comary chega a incomodar durante a noite. Mas ninguém reclama. Todos só pensam na afirmação profissional. Os jogadores se apresentaram no dia 9 de dezembro em Teresópolis e só tiveram folga para o Natal.

Para piorar, choveu muito nos primeiros dias de concentração e a população de Teresópolis ainda chora a catástrofe causada pelo temporal que provocou deslizamento de barreiras, desabrigando dezenas de famílias e matando 14 pessoas.

“A governadora Benedita da Silva veio, mas seu helicóptero teve que pousar aqui na Granja”, disse o treinador de goleiros Acácio, que a levou em seu carro até a Prefeitura.

E completou: “Mas felizmente o sol voltou e o trabalho vem sendo muito bom. Treinamos em dois períodos e o aproveitamento tem sido excelente”, disse Acácio.

Diego e Robinho, que foram os destaques do Santos na conquista do Campeonato Brasileiro, não disputarão o Sul-Americano – o clube paulista comunicou que os dois estão contundidos.

O torcedor brasileiro fica frustrado e quem vai aos treinos na Granja Comary pergunta logo porque eles não foram convocados. Mas a Comissão Técnica sabe que não adianta lamentar.

“O grupo é experiente e tem maturidade para isso”, disse o técnico Valinhos.

Para o técnico da seleção brasileira, a safra atual é boa, mas neste grupo que disputará o Campeonato Sul-Americano não há um destaque.

“Mas estou certo que a competição servirá para que despontem algumas estrelas”.

O técnico se mostra otimista e acha que a própria competição revelará craques.

“Acho que as peças começam a se encaixar”.

No coletivo de sábado, em Teresópolis, isso ficou claro com a goleada de 5 a 0 sobre o time sub-20 do Botafogo. O apoiador Carlos Alberto, do Fluminense e um dos jogadores mais descontraídos do grupo, faz a alegria do pessoal. Tudo porque lançou o corte que foi batizado por todos como seringueira.

“É porque o desenho parece com o que o seringueiro faz na árvore para extrair a borracha”, explicou o supervisor Alexandre Gonzalez.

Carlos Alberto explicou: “O cabeleireiro fez o corte com gilete e ficou três horas trabalhando na minha cabeça. Doeu um bocado, quase desisti. Mas quem lançou esse corte foi o Vampeta. O Zé Roberto também tem um corte parecido, mas o dele é com trancinhas. O meu não”.

Mas os dias do corte “‘seringueira” estão contados. “Daqui a uma semana, as fileiras raspadas vão crescer e aí terei que passar a máquina zero em tudo”, explicou Carlos Alberto, que comemorou a passagem do 18.º aniversário na Granja Comary.

O Brasil está no grupo “‘A” com Peru, Bolívia, Equador e Uruguai. No “‘B” tem Paraguai, Venezuela, Chile, Colômbia e Argentina. Classificam-se os três primeiros de cada chave e todos se enfrentam na segunda fase. Quem somar mais pontos será o campeão.

A equipe base: Jefferson (América-SP), Daniel (Bahia), Alcides Eduardo (Vitória), André Bahia (Flamengo) e Jean (Atlético-PR); Élton (Grêmio), Dudu (Vitória), Carlos Alberto (Fluminense) e Felipe Melo (Flamengo); Dagoberto (Atlético-PR) e Daniel Carvalho (Internacional).

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