Prudentópolis livre de punição

O Prudentópolis se livrou de perder o mando de campo no jogo decisivo contra o Operário, no próximo sábado, pela Série Prata do Campeonato Paranaense. O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), Bôrtolo Escorssin, decidiu, na tarde de ontem, revogar a liminar expedida na terça-feira, que punia o clube.

Os incidentes que levaram à punição aconteceram no jogo em que o Prude perdeu para o Toledo por 3 a 2, no dia 9 de outubro, em Toledo. Segundo a súmula do árbitro Nilo Neves Souza Júnior, o jogador Mequias dos Santos Martins, do Prudentópolis, agrediu o assistente Bruno Boschilia.

?Quando fui despachar, coloquei o nome do Prudentópolis indevidamente. Na verdade a denúncia era contra o Toledo, por falta de policiamento. Foi um erro pessoal meu. Já pedi desculpas ao pessoal do Prudentópolis?, disse Escorssin à Tribuna.

Bate-boca

A decisão de Bôrtolo, desagradou em cheio ao presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Moura, que desde as denúncias feitas pelo presidente do clube do interior, João Ituarte, no julgamento que culminou com a exclusão de oito dos 13 acusados de integrar a ?máfia do apito? no Paraná.

Informações dos corredores da FPF, dão conta inclusive que Moura e Escorsim teriam batido boca após o mandatário da entidade descobrir que o ?recém? desafeto ?Leão da Serra?, teria se livrado da punição.

Prudentópolis e Operário são adversários diretos por uma vaga no quadrangular final da Série Prata. O vencedor do jogo garante o segundo lugar do Grupo C, que tem o Toledo Colônia já classificado. O Operário joga pelo empate.

Revolta

Antes da decisão, a diretoria do Prudentópolis se mostrava indignada e se dizia perseguida com a decisão do TJD. Segundo Ituarte, a perda do mando de campo seria uma manipulação contra o clube, que teve em seus dirigentes (além de Ituarte, o diretor de futebol do Prude, Nélson Boreiko) os principais denunciantes contra árbitros e dirigentes da FPF, durante as investigações do ?Caso Bruxo?. ?Com certeza isso é coisa do Moura nos retaliando. Na verdade, é uma luta do Prudentópolis, que tomou a bandeira da moralidade no futebol, contra o Moura e tudo o que ele representa frente a FPF?, afirma.

Depois de revogada a liminar, Ituarte preferiu poupar o tribunal das críticas, elogiando o presidente do TJD. ?Eu não poderia esperar outra atitude do Bôrtolo, que é uma pessoa muito séria. Humildemente, ele assumiu que foi induzido ao erro.?

Equívoco

A Tribuna também ouviu o presidente da FPF, que negou qualquer tipo de perseguição ao Prudentópolis. ?É claro que não existe retaliação. Isso é um absurdo. Esse sujeito só fala besteira?, disse Moura. No entanto, ele diz discordar da decisão do TJD de rever a punição ao Prudentópolis. ?O regulamento diz que quem deu motivo à agressão deve ser punido. Quem agrediu foi o atleta do Prudentópolis. O tribunal está equivocado?. Neste ponto porém, Moura está equivocado, pois CBJD, em seu artigo 253, prevê pena ao atleta e não à agremiação.

Silvio Gubert (aquele!), tomou ?chá de sumiço?

O pivô do escândalo do caso dos bruxos na arbitragem paranaense, Silvio Gubert está isolado e em local incerto. Gubert teria resolvido também mudar a fisionomia, deixando a barba crescer para não ser reconhecido em público. O ex-presidente do Conselho Deliberativo do Operário, que, sem querer, denunciou o esquema de favorecimento e contaminação dos resultados em jogos da Série Prata do Estadual não circula mais em Ponta Grossa. O dirigente foi hostilizado na cidade, e segundo informações teria sido agredido recentemente por um grupo de torcedores.

?Não tenho mais visto o Silvio. Só sei que ele mudou de hábito, e estaria em outra cidade no interior, trabalhando numa chácara de um parente seu. Soube que ele teve alguns problemas com alguns torcedores?, disse ontem o presidente do Operário, Sílvio Cosmoski.

Sobre os desdobramento do caso de contaminação de resultados, e da revisão da sentença feita pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), que eliminou mais três árbitros e um dirigente da FPF, o presidente do Operário disse que preferia não fazer considerações. ?Quero evitar possíveis represálias?, sentenciou Cosmoski.

Clima de guerra na decisão da vaga na Prata

João Ituarte também partiu para o ataque contra o presidente do Operário, Silvio Cosmoski, que disse estar temeroso quanto à segurança de sua equipe em Prudentópolis. ?Foi uma declaração infeliz, mas vindo de quem veio não surpreende. Duvido que o Gubert (Silvio, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Fantasma, também eliminado do futebol pelo TJD) fosse o único envolvido com o esquema lá dentro.?

Ao contrário do que disse Cosmoski, Ituarte afirma que o Operário não enfrentou nenhum tipo de problema quando esteve em Prudentópolis, na primeira fase da Série Prata. ?Eles foram muito bem recebidos. O povo de Prudentópolis é pacífico e ordeiro. Agora vem um despreparado como esse e tenta colocar um clima de guerra na partida?, lamenta.

O Prude também diz estar preocupado com a arbitragem da partida. ?Estamos esperando a definição da data e do horário do sorteio do trio de arbitragem, queremos acompanhar. Estamos preocupados, pois o Moura pode manipular o sorteio, para beneficiar o Operário, como já aconteceu?, disse Ituarte.

?Caso Bruxo? vira CPI na Assembléia Legislativa

A ?CPI dos Bruxos? está oficialmente instaurada no Paraná. O presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Hermas Brandão (PSDB), assinou ontem o ato 06/05, que cria a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias de corrupção no futebol do Estado.

O pedido para criação da CPI foi protocolado na terça-feira pelo líder do PDT na Assembléia, Barbosa Neto, e teve adesão total de 18 parlamentares – número mínimo para permitir a investigação. Até a semana que vem, as bancadas vão indicar os 11 membros da comissão. O prazo para conclusão dos trabalhos é de 120 dias.

Barbosa Neto prometeu uma CPI atuante. ?Hoje há um descrédito em relação às CPIs. Esta será profunda, com objetivo de passar a limpo o futebol paranaense?, garantiu o deputado. Barbosa aponta a série de denúncias levantadas ao longo dos últimos anos e a ineficiência do Tribunal de Justiça Desportiva em punir os acusados como fatores que o levaram a fazer o pedido. ?Como as denúncias são graves, é preciso investigar até para dar atestado de credibilidade à Federação Paranaense de Futebol, se for o caso?, disse o deputado, que prevê ação sincronizada com a do Ministério Público. A maracutaia também será alvo de inquérito da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), vinculada ao MP.

A partir da definição dos componentes, a mesa elege a presidência e a relatoria -cargos que devem ser alvo de disputa entre os partidos, já que não há outra CPI em andamento na Assembléia e 2006 é um ano eleitoral.

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