Pro Alto e pra Glória

O Campeonato Brasileiro começou em maio sem muitas alternativas para o Coritiba. Somente a volta à primeira divisão seria aceita pela torcida, de preferência com o título. Mas o começo da caminhada não foi nada fácil e o time continuava sendo visto com desconfiança.

Após as eliminações no Paranaense e na Copa do Brasil, era hora de novos reforços. O goleiro Edson Bastos, o atacante Gustavo e o zagueiro Jéci chegaram e se tornaram peças importantes na equipe. A estréia na Série B foi com vitória: 3 a 1 sobre o Paulista, no Couto.

Mas o Coxa não conseguiu manter o embalo. As derrotas para o Gama, em Brasília (0x1), e para o São Caetano, em casa (0x1), esgotaram a paciência da galera. Gritos de ?fora Macuglia? e ?fora Gionédis? voltaram a ecoar com força no Couto. E como o presidente não iria sair tão cedo, mais uma vez sobrou para o treinador.

Acertar no próximo treinador era tarefa vital para a diretoria alviverde. E desta vez, o tiro foi na mosca. No dia 6 de junho, o clube anunciou a contratação de René Simões. Era o começo da reviravolta.

Com René, o Coxa se tornou quase imbatível no Couto. Mas fora de casa o time continuava com muitas dificuldades. Mesmo assim, conseguiu consolidar sua posição entre os quatro primeiros. O primeiro turno terminou com vitória de 2 a 0 sobre o Santa Cruz e o Coxa na segunda posição, atrás do Criciúma.

O time estava no caminho certo, mas os cartolas quase afundaram o barco novamente. Após um empate em 1 a 1 com o Gama, no Couto, dirigentes foram até os vestiários para cobrar René Simões. Irritado, o técnico teria pedido demissão, mas foi convencido pelo elenco a continuar. O time seguia firme na segunda posição, tranqüilo entre os quatro primeiros.

Foi na reta final do campeonato que o Coxa ganhou seu mais importante reforço na temporada. Empolgada com o iminente retorno à Série A, a torcida passou a comparecer em grande número a todos os jogos no Couto, criando o clima ideal para que o time garantisse o retorno à elite.

Uma seqüência de sete jogos sem derrota finalmente colocou o Coritiba na liderança, onde permaneceria até o fim do campeonato. Mas intensas emoções ainda estavam reservadas para a galera coxa-branca.

Derrotas inesperadas para Fortaleza (1×4) e CRB (0x1) ameaçaram a dianteira alviverde. Mas vitórias dramáticas sobre Criciúma (1×0) e Santo André (2×1), no Couto, e Barueri (1×0), na casa do adversário, deixaram o Coxa muito perto da vaga na Série A.

O jogo contra o Vitória, no dia 3 de novembro, no Alto da Glória, foi o momento da desforra. Mais de 35 mil pessoas lotaram o estádio para comemorar a volta à elite. Mas além dos 90 minutos de jogo, tiveram que esperar mais uma hora para festejar. O Coritiba empatou com os baianos em 2 a 2 e teve que aguardar a derrota do Criciúma para o Santo André (0x2) para festejar.

Agora, a missão era buscar o título. Contra o Avaí, em Florianópolis, a massa alviverde invadiu a Ressacada, mas o time não correspondeu e perdeu por 1 a 0. A vitória contra a Portuguesa (2×0), no Couto, ainda não foi suficiente.

No dia 16 de novembro, de novo em casa, diante da galera, o Coxa certamente ergueria o troféu. Mais de 43 mil pessoas se espremeram nas arquibancadas, mas o time decepcionou outra vez. Derrota para o Marília por 3 a 2. Para piorar, muita confusão fora do estádio e a ameaça de perder mandos de campos por conta de uma suposta superlotação.

O jogo contra o Santa Cruz, no dia 24, em Recife, era a última chance. O gol de Henrique, aos 34? do primeiro tempo, parecia ser o começo da festa. Seria, porque a Cobra Coral resolveu dar o bote e virou para 2 a 1, já aos 36? da etapa final.

Faltando dez minutos para o fim do jogo e com um homem a menos, o Coritiba parecia derrotado. Mas daí foi a vez do imponderável, que só acompanha as grandes camisas, entrar em campo. Aos 43?, Keirrison empatou e, aos 48?, Henrique Dias fez o gol da histórica virada.

Uma vitória épica, para coroar uma campanha relativamente tranqüila para o acesso e dramática para o título. Show, só nas arquibancadas. E nas ruas de Curitiba, que foram inundadas por um mar em verde-e-branco.

Mas o ano não terminou aí. Outro pedido da galera, que ecoou por quase dois anos no Couto, ainda seria atendido. Nas eleições do dia 16 de dezembro, o grupo de oposição liderado por Jair Cirino dos Santos saiu vencedor por um voto, decretando o fim da ?Era Gionédis? e dando à torcida a esperança de novos tempos a partir de 2008.

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