Pressionado, Coritiba enfrenta o Vasco

O Coritiba entra em campo hoje para a partida mais importante do campeonato brasileiro até agora. A partir das 20h30, em São Januário, pode-se saber como será o futuro alviverde: se mais tranqüilo, após uma vitória sobre o Vasco; ou tempestuoso, com pressões e ameaças ao trabalho do técnico Antônio Lopes. Por mais que a diretoria mantenha a palavra de apoio ao Delegado, o momento é de extrema dificuldade.

Tanto que Lopes, talvez para evitar maiores dissabores, preferiu não conversar com a imprensa nos dias que antecederam o jogo. Desde domingo as tentativas dos jornalistas curitibanos ficaram pelo caminho, apesar do auxílio da assessoria de imprensa. O treinador teve o cargo garantido pelo presidente Giovani Gionédis após a derrota para o Juventude. Mais: ainda em Caxias do Sul, Gionédis afirmou que o técnico tem contrato até o final do ano, e vai cumpri-lo.

Com o respaldo integral do comando, Lopes pôde trabalhar a formação alviverde para a partida de hoje. Mantendo sua filosofia de alterar o mínimo possível a equipe, ele só faz duas alterações. A primeira é de ordem natural: Ataliba, após cumprir suspensão automática, retorna ao time, saindo Juninho. O retorno do volante é um fator de ?alívio? do Delegado, que tem nele um dos jogadores mais importantes do time.

O outro é por necessidade. Sem Rafinha (“Paciência”, disse Lopes), volta Jucemar. O titular da lateral-direita ficou pouco mais de um mês afastado por causa de uma lesão no púbis, e retorna com as mesmas obrigações de antes: além de ser responsável pela marcação e apoio em seu setor, ele é opção de arremate. Apesar de longe dos campos por certo tempo, Jucemar ainda é um dos artilheiros do Coxa – com dois gols no Brasileiro, ele só perde para o centroavante Tuta, e está empatado com Aristizábal.

A preocupação maior de Antônio Lopes está no setor de marcação. Ele se irritou muito com as faltas cometidas próximas à área – e, contra o Vasco, este é um pecado quase mortal, porque Petkovic tem excelente aproveitamento. Por isso, no treino de ontem, realizado na Gávea, o treinador exigiu muito dos defensores nas bolas paradas, tentando evitar o pior.

Do meio para frente, a esperança é que Cléber e Luís Carlos Capixaba se entendam, o que não aconteceu contra Corinthians e Juventude -coincidência ou não, o Coxa perdeu ambos os jogos. “O Capixaba é um grande jogador, é fácil atuar ao lado dele. O que acontece é que nós não estamos conseguindo sair da marcação, e com isso ficamos muito longe do gol”, justificou Cléber. Nos pés dele, e dos outros jogadores, está o destino do Coxa em São Januário, no Brasileiro e, principalmente, de Antônio Lopes.

Segurança para não repetir 2003

É como se passasse um filme na cabeça de muita gente. Hoje, o Coritiba volta ao campo em que passou os piores momentos de sua história recente. Não foi por causa de uma derrota acachapante, ou de perda de título. Foi em São Januário que jogadores e dirigentes foram agredidos por torcedores do Vasco. E, por mais que quase todo o elenco e a comissão técnica tenham mudado, é inevitável a remissão do episódio.

Aconteceu o seguinte: no primeiro tempo, Jackson se atracou com um torcedor que o xingara. Este prometera “volta”, e ela aconteceu com muita violência. Depois do jogo (Vasco 2×1, em 25/09/03), os jogadores foram cercados por integrantes da facção Força Jovem e tiveram que se desvencilhar entrando na pancadaria. O armador, que negocia seu retorno ao Coxa, e o centroavante Gélson foram os mais atingidos.

Do time que entra em campo hoje, apenas três jogadores estiveram na confusão. O capitão Reginaldo Nascimento tem más lembranças do episódio. “Não dá para não lembrar. Uma coisa dessas, mesmo que você queira, vai ficar sempre viva na memória. Enquanto estivermos aqui, vamos continuar nos lembrando”, afirma o zagueiro, que entrou na briga para salvar Jackson e Gélson, que eram massacrados no ônibus da delegação coxa.

Para Fernando, o importante é a certeza que o fato não se repetirá. “Acho que os policiais compreenderam o que aconteceu aquela vez não pode se repetir”, afirma o goleiro coxa. Mas, por via das dúvidas, a diretoria alviverde se preveniu e reforçou a segurança particular. O outro jogador que estava em campo era Roberto Brum, que está mais tranqüilo. “Não vai acontecer nada”, finaliza.

Tabu

Mais um ponto desfavorável ao Coxa no jogo de hoje. Há oito anos o time não vence o Vasco jogando em São Januário. Outro fato relevante da noite é o reencontro de Antônio Lopes com o time que o revelou para o futebol – e que não esconde ser o seu clube de coração.

CAMPEONATO BRASILEIRO
15ª Rodada
Local: São Januário (Rio de Janeiro-RJ)
Horário: 20h30
Árbitro: Cléber Wellington Abade (SP)
Assistentes: Marinaldo Silvério (SP) e Nílson de Souza Monção (SP)

Vasco x Coritiba

Vasco
Márcio, Chiquinho, Wescley, Henrique e Diego; Ygor, Coutinho, Petkovic e Róbson Luís; Alex Alves e Valdir. Técnico: Geninho

Coritiba
Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Ricardo; Ataliba, Roberto Brum, Luís Carlos Capixaba e Cléber; Tuta e Alemão. Técnico: Antônio Lopes

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