Petkovic e Bebeto, o Vasco de rubro-negro

RIO – As cores das paredes já não são as mesmas, os companheiros e funcionários tampouco. Onde há dois anos imperavam o vermelho e o preto, hoje predominam a cruz de malta e cartazes com propaganda política do presidente do clube.

O antigo Fla-Barra virou Vasco-Barra, mas não deixou de ser território familiar para Petkovic. O apoiador fez seu primeiro coletivo no novo clube e conseguiu suportar os 90 minutos de atividade. Apesar de deixado o CT mancando por causa de uma entrada violenta, Petkovic disse que espera fazer sua estréia domingo, contra o Juventude, em Caxias do Sul.

– Se tudo correr bem até a hora do jogo, não vejo problema de fazer minha estréia domingo – afirmou.

Desta vez Petkovic não chegou ao centro de treinamento de bicicleta, como fizera num de seus primeiros treinos pelo Flamengo, em 1999. Para não chegar atrasado, o jogador pedalou apressadamente pelo acostamento da Avenida das Américas e quase matou de susto a comissão técnica. Dias depois, ele ganhou do clube uma Mercedes E 320 0km, que incluiu como exigência em seu contrato milionário.

Para acertar com o Vasco, Petkovic abriu mão das regalias. Só exigiu não dar entrevistas todos os dias, algo que no atual regime vascaíno é visto com bons olhos. No treino de ontem, Petkovic teve de estacionar sua caminhonete no espaço reservado aos outros jogadores. A vaga que nos tempos áureos do Fla-Barra pertenceu a Romário e de que ele desfrutou em sua passagem pelo rubro-negro, hoje é de uso exclusivo do presidente Eurico Miranda. Nada que tirasse o otimismo do sérvio, que ficou alguns meses sem clube após deixar a Gávea.

? Me sinto bem no Vasco, só estou um pouco cansado -garantiu o craque.

Petkovic não é o primeiro ex-ídolo do Flamengo a buscar um lugar no coração dos vascaínos. Curiosamente, ontem a diretoria apresentou um reforço que conhece como ninguém essa experiência. Aos 38 anos, o tetracampeão Bebeto acertou um contrato até o fim do ano com o Vasco e já começou os treinos físicos. Ele estava sem clube desde que deixou São Januário, há oito meses. Bebeto chegou a jogar uma partida ao lado de Petkovic no Vitória-BA, em 97.

– Fizemos um jogo juntos, contra o Atlético-MG. As tabelinhas saíram facilmente. Quem sabe elas não se repetem pelo Vasco? – sonhou.

Bebeto chegou otimista, mas sem planos ambiciosos. Afinal, ele sabe que, no que depender de Lopes, terá de mostrar serviço:

? O Bebeto terá tratamento igual ao dos outros jogadores. Se estiver bem, vai ter chance. Do contrário, não jogará – afirmou o técnico vascaíno.

Embora ainda fora de ritmo, Petkovic deu mostras de estar bem à vontade no coletivo contra o modesto Rodoviário, de Barra do Piraí. Deu bons passes e chutes a gol, gritou com os companheiros e gesticulou o tempo todo. Por pouco não fez um golaço, driblando dois zagueiros e o goleiro. No fim, exausto e com dores por causa de uma entrada que levou, Petkovic conversou alguns minutos com Antônio Lopes, que ainda busca o melhor posicionamento para a equipe.

– Teremos quatro homens atacando: Ramon, Petkovic, Léo Lima e Souza. Quero que todos se movimentem e cheguem à área rival – afirmou o técnico vascaíno.

Ramon, que se recupera de uma fisgada na coxa direita, garantiu que não haverá problema em dividir a liderança que exerce e as cobranças de falta com o novo contratado.

Quem vai ter de se preocupar são os adversários.

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