Pauê corre para servir de exemplo a deficientes

Há quatro anos e meio a sua vida teve uma virada radical. De um jovem surfista, ele teve de reaprender a andar, praticamente recomeçar tudo, lutar pela vida, depois de ser atropelado por um trem em São Vicente e ter as suas duas pernas dilaceradas abaixo dos joelhos. Hoje, o santista Paulo Eduardo Chiefi Aagaard, o Pauê (Unimonte/ Instituto Paradigma) serve de exemplo, de como o esporte pode ajudar na inclusão social para o deficiente físico. Hoje, o competidor de 23 anos é novamente um dos destaques no Sesc Triathlon de Caiobá.

Esta será a quarta vez que ele compete no Paraná, onde conquistou a sua vitória na nova fase da vida. ?Caiobá tem um gostinho diferente, pois foi lá que completei minha primeira prova de triatlo, em 2002?, recorda. ?A comissão do Sesc sempre apoiou a participação de atletas com algum tipo de deficiência. Sempre oferece estadia, transporte, alimentação e inscrição. É uma referência de apoio ao esporte adaptado?, elogia Pauê.

?O pessoal lá acredita na prosperidade da modalidade. Tanto é que a cada ano mais e mais atletas surgem?, acrescenta o único triatleta biamputado do Brasil. Na prova, ele compete com duas metas. A primeira, motivando o seu lado competidor, é baixar sua marca. Ele compete na categoria 20 a 24 anos e completou o short triathlon (750 metros de natação,20 km de ciclismo e 5 km de corrida) em 1h25min.

?Mas meu objetivo maior é o de continuar lutando para que a categoria mostre sua força e se desenvolva tornando-se fixa em todos os eventos e com mais adeptos?, frisa o competidor, que tem consciência de sua responsabilidade social na motivação a outros potenciais atletas. ?Sei que muita gente se inspira no que eu faço. Por isso tento, de alguma forma, inserir a categoria dentro das competições. Brigar pelos direitos e deveres da sociedade em receber o deficiente, tanto no segmento esporte quanto no fator inclusão social?, diz.

Apoio

?Fico feliz dessa minha vontade de difundir o esporte adaptado e ajudar outras pessoas e estar sendo apoiado por muitas pessoas do meio, como o Instituto Paradigma, a Ong da qual faço parte e que hoje é referência nacional quando o assunto é inclusão social. Outra pessoa que sempre me elogia é o Lars Grael. Ele consegue ver minha vontade como uma missão que tenho de levar em frente?, destaca Pauê, sempre com um sorriso estampado no rosto.

Depois de Caiobá, Pauê compete em casa, no Triatlon Internacional de Santos no dia 27, mas desta vez na distância olímpica (1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida). ?Será a minha terceira participação. Ano passado eu não competi, por causa de uma lesão no coto (parte amputada)?, explica.

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