Parreira tem mais uma seleção inteira fora do País

Rio de Janeiro (AE) – As convocações da seleção brasileira vêm sofrendo mudança gradativa, devido a evasão crescente dos principais atletas do país. Até há pouco tempo, o técnico Carlos Alberto Parreira costumava dividir a divulgação da lista em duas etapas: primeiro, com os jogadores do exterior; depois, com os que atuam no País. Agora, ele anuncia o grupo todo num único encontro com a imprensa.

Foi o próprio treinador quem explicou o motivo da alteração, depois de rejeitar a hipótese de montar um time formado apenas por atletas de clubes brasileiros. “Não adianta pensar nisso. Hoje, a gente convoca alguém daqui e, em seguida, ele é transferido para o exterior”. Os números confirmam a observação de Parreira. Desde o início de 2004, 36 atletas em atividade no País foram relacionados para as seleções principal e pré-olímpica. Do total, 20 já deixaram o Brasil. “Não estou reclamando. É só uma constatação”, disse.

Poderia se montar um bom time com os que se transferiram este ano para o estrangeiro. A começar pelo goleiro Gomes, que trocou o Cruzeiro pelo PSV. O lateral Maicon também deixou o clube mineiro e foi jogar no Monaco. Na zaga, Alex, ex-Santos, é mais um reforço do PSV, e Cris, outro ex-cruzeirense, acertou recentemente com o Lyon. Completariam a defesa Gustavo Nery ou Gilberto.

O primeiro fez sucesso no São Paulo e agora defende o Werder Bremen, da Alemanha. Gilberto foi para o Hertha Berlim. Se Parreira quisesse formar um meio-de-campo com atletas negociados em 2004 para a Europa teria boas opções. Como volantes, Dudu Cearense (saiu do Vitória para o Kashiwa Reysol, do Japão), Paulo Almeida (ex-santista que atua no Benfica) e Renato (deixou o Santos e vem-se destacando no Sevilla) estariam na lista.

Para o setor, Diego e Alex seriam nomes certos. Depois de uma temporada muito boa pelo Cruzeiro em 2003, Alex tem feito gols e agradado os torcedores do Fenerbahce, da Turquia. Já Diego tenta fazer da nova etapa em Portugal um aprendizado, a fim de minimizar a lembrança do fiasco do Brasil no pré-olímpico quando era talvez a maior referência do time sub-23.

Para o ataque, haveria um leque maior à disposição de Parreira. Desde Marcel (contratado ao Coritiba pelo Samsung, da Coréia do Sul) até Nilmar (ídolo recente do Internacional e hoje no Lyon). Mas certamente um jogador constaria dessa lista virtual do técnico da seleção: o de Luís Fabiano – a torcida do São Paulo já deve sentir saudades do craque, companheiro de Diego no Porto. Não se pode também esquecer de Vagner Love, conhecido pela irreverência e capacidade de fazer gols durante a permanência no Palmeiras, e atualmente no CSKA, da Rússia.

Completam a relação de 20 atletas os zagueiros Rodolfo (do Fluminense para o Dínamo) e Adriano (do Grêmio para o Palermo), os meias Paulinho (do Atlético-MG para o Dorados, do México) e Daniel Carvalho (do Inter-RS para o CSKA), e o atacante Adaílton (do Vitória para o Rennes, da França).

Por causa da onda de transferências, Parreira às vezes tem de recorrer a atletas com menos ou nenhuma bagagem de seleção para preencher espaços. Por conta disso, por exemplo, chamou seis então em atividade no Brasil para finalizar a lista do Jogo da Paz, contra o Haiti, em agosto – Adriano, do Coritiba, Magrão e Pedrinho, do Palmeiras, Roger e Fernando Henrique, do Fluminense, e Nilmar. Os quatro primeiros continuam em clubes brasileiros. Magrão, aliás, está na relação para os dois próximos compromissos da seleção, contra Venezuela e Colômbia.

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