Parreira “reconvoca” o motivador Evandro Motta

Teresópolis  – A seleção brasileira ganhou um reforço psicológico para os próximos dois jogos das eliminatórias, que podem garantir a classificação da equipe para a Copa do Mundo de 2006.

O terapeuta motivacional Evandro Motta deu palestra para o grupo, na noite desta quinta-feira, a pedido do técnico Carlos Alberto Parreira. O tema: a importância de se saber separar as diferentes atividades.

Motta foi convidado justamente por sua experiência com o futebol. Já participou de trabalhos com a seleção nas Copas de 94 e 98, além de auxiliar treinadores badalados, como Luiz Felipe Scolari e Levir Culpi. Parreira chamou-o para ajudá-lo a conversar com os jogadores.

A dificuldade deles, quando estão na seleção, de deixar de lado as questões do clube, de transferências e de competições o preocupa. "O jogador não pode trabalhar em mono, tem de trabalhar em estéreo", brincou o técnico. "É importante mudar a chave e saber separar a Copa da Itália, o campeonato espanhol, o clube da seleção".

Convocação secreta

Grafite, do São Paulo, foi cortado ontem da seleção por causa de contusão. E para seu lugar a comissão técnica anunciou a convocação de Júlio Baptista, do Sevilla, numa operação nada convencional.

Embora a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tenha mantido o caso em sigilo, Júlio Baptista já havia sido avisado na terça-feira de que se apresentaria à seleção nesta semana.

De acordo com normas da Fifa, as confederações só podem convocar atletas que atuam fora de seu país com 15 dias de antecedência aos jogos. Como o prazo já havia expirado, Américo Faria, supervisor da CBF, entrou em contato com dirigentes do Sevilla e conseguiu a liberação de "La Bestia", apelido de Júlio Baptista na Espanha.

A atitude foi de prevenção por causa do problema físico de Grafite. Inicialmente, Júlio havia sido chamado apenas para a Copa das Confederações. Caso não obtivesse o aval do Sevilla, Parreira deveria chamar Fred, do Cruzeiro.

Júlio Baptista chegou entusiasmado com a novidade. E Parreira ficou extremamente irritado com um repórter que perguntou o por que de ter escolhido o jogador do Sevilla e não Fred. "Isso é problema nosso, da comissão técnica, eu não pergunto por que você usa barba branca. O Júlio já está há dois anos na Europa e, para as eliminatórias, é importante contar com jogadores experientes", disse o treinador.

Robinho não nega saída do Santos

Teresópolis – Os dois jogadores do Santos convocados para a seleção brasileira, Robinho e Ricardinho, chegaram à Granja Comary, em Teresópolis, por volta do meio-dia desta quinta-feira, com tratamento bem diferente por parte da imprensa.

Ricardinho conversou rapidamente com os jornalistas, recebeu poucas perguntas e logo seguiu para o almoço. Robinho, ao contrário, chamou mais atenção do que muita estrela internacional. Ouviu gritos dos torcedores que acompanharam sua chegada e precisou responder a inúmeras questões.

A maior parte das perguntas foi, como não poderia deixar de ser, sobre a possibilidade de trocar o Santos pelo Real Madrid. Com a habitual tranqüilidade, Robinho comentou tudo sem perder a paciência. E não garantiu a permanência na Vila Belmiro.

O jogo contra o Atlético-PR, na quarta-feira à noite, teria sido seu último com a camisa santista? "Pode ser que sim, pode ser que não", afirmou Robinho. E completou dizendo-se alegre com o carinho demonstrado por Roberto Carlos, que o convidou para morar em sua casa em Madri. "Mas sou atleta do Santos e agora meu pensamento está na seleção brasileira."

Robinho apresentou-se à seleção, em Teresópolis, com discurso ousado, nada tímido como ocorria até pouco tempo atrás. Afirmou respeitar concorrentes como Adriano, Ricardo Oliveira e "o próprio Ronaldo", mas que acredita em sua capacidade para ser titular da equipe brasileira.

"Espero passar boa imagem nesses dois jogos das eliminatórias", disse Robinho, em concorrida entrevista coletiva. "Estou cansado hoje, por causa do jogo contra o Atlético, da viagem, mas me sinto bem fisicamente".

Belletti festeja mais uma chance

Teresópolis – Belletti tem a missão de substituir Cafu, um símbolo da seleção brasileira, que se prepara para ir à quarta Copa do Mundo. O lateral de 28 anos, do Barcelona, jogará no lugar do capitão do time, suspenso da partida contra o Paraguai, domingo, em Porto Alegre, com a incumbência de ajudar bastante no ataque, mas também de cuidar da marcação.

Longe de ser craque, Belletti pode se achar um vencedor no futebol. Participou do time campeão do mundo na Coréia e no Japão em 2002 e, em seguida, transferiu-se para a Europa – o São Paulo lucrou cerca de US$ 3 milhões com o negócio. Fez sucesso no modesto Villarreal e chamou a atenção do Barcelona, que o contratou na temporada passada.

Em um ano de Barcelona, Belletti já comemora seu primeiro título, o de campeão espanhol. E festeja o feliz casamento com um dos maiores clubes do mundo.

Agência Estado – Você foi contestado algumas vezes quando jogava no São Paulo, mas atualmente defende o Barcelona e a seleção brasileira. E, mesmo assim, não é badalado. Isso não o incomoda? Belletti – No São Paulo, eu só fui contestado por parte da torcida. E não fico incomodado por não ser badalado. Jogador de defesa quase nunca tem repercussão na imprensa, na torcida. Mas o time depende muito da defesa para ganhar e a gente tem consciência disso.

AE – Como é substituir o Cafu, que quase nunca fica fora do time?
Belletti – Tenho a expectativa de ir a mais um mundial. Se o Parreira me convocou, é porque ele confia em mim. Já estou há cinco anos na seleção. O Cafu consegue manter um bom nível de futebol. Marca, ataca, não é fácil. Mas estou bem.

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