Parreira libera Ronaldinho para repetir na seleção o que faz no Barça

Berlim – Ronaldinho Gaúcho ouviu entusiasmado a história do velocista negro norte-americano Jesse Owens. No mesmo Estádio Olímpico de Berlim – onde o Brasil estréia hoje na Copa -, na Olimpíada de 1936, ele reverteu as expectativas de que o povo ariano era superior aos demais. Ganhou quatro medalhas de ouro e envergonhou Adolf Hitler, que se recusou a entregá-las ao negro.

Ronaldinho tem a partir de hoje disputa sete partidas para fazer exatamente o contrário: confirmar não para alemães, mas para o mundo inteiro, que é mesmo o melhor do planeta. Sorrindo, ele disfarçou a tensão por muito tempo. Até que ontem, quando finalmente, em um ato falho, ou não, assumiu o que veio fazer na Alemanha. ?Eu vim ganhar a Copa. Posso dizer que estou muito mais experiente e confiante do que em 2002. Há quatro anos sei que a minha ajuda foi muito menor do que posso dar agora. Estou preparado para toda cobrança e pressão que vou enfrentar. Sinto que estou pronto para fazer uma grande Copa. Vou fazer história também, como esse americano.?

Finalmente, o homem que foi escolhido nos dois últimos anos como o melhor jogador do mundo se cansou de exagerar na humildade. Sabe o que todos esperam dele, o que tem para dar. Houve uma conversa importante entre Ronaldinho e Parreira ontem à noite. O técnico deu mais liberdade para o jogador se movimentar em campo. Quase como faz no Barcelona, nos seguidos shows que dá para os catalães. ?A conversa foi muito boa. Senti que posso jogar como eu gosto. Mais à frente, pela esquerda. Fantástico, melhor não poderia ser?, exagera.

Para desespero dos croatas, Ronaldinho foi aconselhado por seu irmão Assis a chutar mais ao gol. O irmão e empresário foi claro. Disse que os jogadores que se consagraram em Copas foram os artilheiros. Ele pretende ir muito além dos dribles.

E tem uma arma a mais. ?Fiquei preocupado, no início da preparação, com o seu desgaste?, diz o preparador físico Moracy Sant?anna. ?Mas o Ronaldinho foi melhorando rapidamente e está pronto para fazer um grande Mundial. Já tem força e arranque para mostrar o seu melhor futebol.?

O técnico Parreira aposta todas as suas fichas. ?O que me deixa mais tranqüilo é ver o quanto ele está sorrindo. Jogador tenso não sorri. O Ronaldinho se sente leve e pronto para mostrar o que o mundo espera dele?, diz.

Quase todas as vezes que Ronaldo encontra Ronaldinho na concentração, o cumprimento é o mesmo: uma simples piscada. Nela o Fenômeno passa a confiança ao seu sucessor como melhor do mundo. E ele jura retribuir essas apostas hoje no Estádio Olímpico de Berlim.

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