Paranavaí acordou em festa. E assim permaneceu durante todo o dia para celebrar o inédito título de campeão paranaense do ACP – merecida euforia para uma conquista na qual não respingou dúvida.
Os números podem medir a empolgação: segundo a Polícia Militar, 20 mil pessoas foram às ruas saudar o campeão – ou 25% da população da cidade, que teve ponto facultativo decretado pelo prefeito. ?Vivo aqui há 42 anos e garanto que nunca houve uma festa assim?, disse o diretor de futebol Lourival Furquim, repetindo o comentário de outros moradores antigos de Paranavaí.
A comemoração começou às 9h, com a chegada do ônibus com a delegação do Vermelhinho. No trevo de acesso a Paranavaí os campeões subiram no caminhão do Corpo de Bombeiros e seguiram por seis quilômetros até o centro da cidade, saudados por uma multidão em todo o percurso. Uma carreata também acompanhou a ?procissão? vermelha. Pouca gente trabalhou.
Depois os heróis foram ao Estádio Waldemiro Wagner, que também recebeu grande público. Com o troféu em mãos, jogadores, dirigentes e comissão técnica deram a volta olímpica, aplaudidos pelo público que praticamente lotou o estádio de 20 mil lugares. A pacata cidade do noroeste do Estado jamais será a mesma.
Desmonte a caminho
Os campeões paranaenses festejaram merecidamente o título estadual. Mas a maior parte do elenco logo deve se despedir de Paranavaí.
O ACP já se conforma com o desmanche, e deve perder praticamente toda a equipe titular no segundo semestre.
O primeiro a sair é um dos principais responsáveis pelo título – o goleiro Vanderlei, que já assinou com o Coritiba. Os demais campeões ainda não definiram seus destinos, mas a diretoria do ACP reconhece que dificilmente poderá segurá-los. ?Todos se valorizaram e não temos como cobrir as propostas que estão recebendo. Devo perder uns 15 jogadores?, lamenta o diretor de futebol Lourival Furquim, que não confirmou outras transferências para equipes de Curitiba.
Assim, o ACP volta à estaca zero para montar o time que disputa, a partir de julho, a Série C do Brasileiro. Mas com alguns benefícios trazidos pela conquista. ?O título abre as portas para novos patrocinadores e será uma atração a mais para os futuros contratados. Mas nem por isso pagaremos salários altos. O trabalho segue na linha pés-no-chão?, diz o dirigente, principal responsável pela montagem do elenco campeão.
A diretoria do ACP tem outros planos para aproveitar o bônus financeiro trazido pela conquista. O clube pretende incrementar a infra-estrutura, construindo um centro de treinamentos na cidade. ?Hoje os treinos exigem deslocamentos e a disponibilidade dos donos dos campos. Precisamos de um CT?, disse Furquim.
Na esteira do desmanche, o técnico Amauri Knevitz, que já recebeu propostas de outros clubes, é outro que deve seguir a vida longe do Vermelhinho.