Melhor que a encomenda

Objetivo do Paraná Clube no início do ano não era o acesso. Mas planos mudaram

Leonardo Oliveira admitiu que permanecer na Série B seria um prêmio este ano, mas que os resultados foram aparecendo antes. Foto: Albari Rosa

O futebol é uma caixinha de surpresas. A pitoresca máxima do mundo da bola cabe à perfeição ao acesso do Paraná Clube à Serie A. Não pela qualidade que o time mostrou em campo, mas em função do planejamento inicial da diretoria, que pretendia apenas fazer uma boa disputa nacional.

Ao assumir o clube com uma proposta de austeridade, no final de 2015, o presidente Leonardo Oliveira reconheceu, em entrevista à Tribuna, que a expectativa era mais modesta do que a volta à Série A já em 2017.

“Nós imaginávamos um final de ano festivo não com o acesso, mas com a permanência. Era nosso objetivo, não tem como negar, pelas nossas condições”, afirmou. Não é segredo que o Tricolor vive momentos complexos nos bastidores, com dificuldades financeiras que se arrastam há alguns anos.

Talvez, o maior acerto para que o resultado fosse muito melhor do que o esperado tenha sido a aquisição do gerente de futebol Rodrigo Pastana, principal responsável pela montagem do elenco. Ele se valeu da experiência da disputa da Série C, à frente do Guarani, quando também conseguiu um acesso, para formar um elenco honesto, mas competitivo. Gastando apenas 30% da receita com a folha de pagamento mensal, de cerca de R$ 400 mil, o clube acabou surpreendendo.

Pastana confirmou que, no início, a projeção era modesta. “A gente começou um planejamento em janeiro pra ser 10º ou 8º colocado. A gente queria, na verdade, um calendário nacional pra base”, revelou.

Rodrigo Pastana, com olhar clínico, soube montar um elenco barato, mas que desse retorno. Foto: Albari Rosa
Rodrigo Pastana, com olhar clínico, soube montar um elenco barato, mas que desse retorno. Foto: Albari Rosa

Resultados aumentaram expectativa

No entanto, para a alegria da torcida paranista, os resultados em campo foram saindo melhor que a encomenda e o passaporte de volta à elite foi carimbado com uma semana de antecedência. “As coisas foram acontecendo, a expectativa aumentando e é claro que a gente quer sempre mais. Nós temos o direito de sonhar. E isto aconteceu”, acrescentou o dirigente.

Com o bom futebol apresentado no Campeonato Paranaense e na Copa do Brasil, que se estendeu à Série B, a expectativa acabou mudando e a pressão, consequentemente, aumentando.

“O momento mais complexo foi este final. A gente sabia que precisava deste acesso e as coisas não aconteciam. Precisando de uma vitória, empatava. Precisando de um empate, perdia. A etapa mais difícil foi agora porque antes a gente não tinha muita expectativa”, desabafou Pastana.

Para Leonardo Oliveira, com a volta à Série A sacramentada, vêm o alívio e a certeza do trabalho bem realizado pela cúpula e pelos jogadores paranistas.

“O acesso foi graças à química que este elenco teve, à entrega. Foi um ano mágico. Não aconteceria de novo. Aproveitamos a oportunidade que tivemos e agora é trabalhar para que isso tudo que conquistamos não fique pelo caminho”.