Paraná volta para casa e quer engrenar outra vez no Brasileirão

Impulsionado pela energia positiva que cerca o clube nesta volta pra casa, o Paraná Clube corre atrás da reabilitação no Brasileiro. O jogo histórico desta noite – às 19h30 – frente ao Fortaleza é a chave para a volta à zona de classificação à Copa Libertadores da América. Na reabertura dos portões da Vila Capanema, ampliada e remodelada, o Tricolor promete muita garra e um estilo de jogo mais ofensivo.

O técnico Caio Júnior não mexeu na estrutura tática do time, mas trocou um volante por um meia de articulação.

A bola da vez é Gérson, que terá a missão de fazer a ligação rápida com o ataque, mais uma vez formado por Cristiano e Leonardo.

Uma mudança que visa tornar a equipe mais contundente, recuperando o volume de jogo que fez do Paraná o melhor ataque do Brasileirão.

Na última rodada do primeiro turno, o Tricolor havia balançado as redes 33 vezes, com média de 1,83 gol/jogo. No returno, após cinco rodadas, a média caiu para 0,4. Com a opção por Gérson, ?sobrou? para Pierre.

A dupla de volantes será formada por Beto e Batista.

?É uma mudança tática. Todos sabem que não tenho só onze titulares?, disse o treinador, que garante estar tranqüilo diante de uma eventual insatisfação de certos jogadores.

A visível frustração de Pierre contrastava com o sorriso estampado no rosto de Gérson. ?O duro é controlar a ansiedade. Não vejo a hora do juiz apitar e a bola rolar?, disse o meia. ?Até sonhei com isso. Tenho dito aos companheiros que vou fazer o primeiro gol da nova Vila e será ali?, disse Gérson, apontando para o gol da Engenheiros Rebouças. ?Quando o Júlio César (auxiliar-técnico) me deu o colete, senti que minha hora chegou. A torcida não vai se decepcionar?, avisou.

A decisão de Caio Júnior está diretamente ligada à característica de jogo de Gérson. Na visão do treinador, os demais jogadores da posição – Sandro e Maicosuel – são mais agudos, quase atacantes. Joelson seria opção, mas hoje ele cumpre suspensão pelo terceiro cartão amarelo. Já Sandro, que vive um momento ruim, sequer foi relacionado e Maicosuel vai ficar no banco de reservas.

?O retorno dele será gradativo. Estamos realizando um trabalho específico para que o jogador recupere a força física?, explicou Caio Júnior. Na etapa final do apronto, o treinador chegou a testar um time ainda mais ofensivo, com a entrada de Maicosuel na vaga do ala Edinho.

?É um jogo especial para a torcida, para o clube.

Para nós, é uma decisão.

Por isso, quero todos focados, dando o máximo em busca dessa vitória?, afirmou Caio. Para o treinador, a Vila Capanema será o grande diferencial do clube nesta reta final ‘Brasileiro.

Nova Vila oferece conforto e segurança ao torcedor

A espera finalmente chegou ao fim. O Paraná Clube reabre hoje o Estádio Durival Britto, recuperado e com capacidade ampliada para quase 17 mil torcedores. Com direito a camarotes, amplo estacionamento e outras benfeitorias, a estratégia do clube é fornecer conforto ao seu torcedor, devolvendo aos paranistas o hábito de acompanhar de perto o seu time de coração. A recuperação dessa identidade – e do orgulho de ver seu time brigando por títulos – faz a diretoria alimentar o sonho de dias melhores, sob o plano técnico e financeiro.

Chega ao fim, hoje, às 19h30, quando o árbitro apitar o início do jogo, a primeira etapa do projeto ?Vila, tá na hora!?.

A segunda compreende o fechamento da curva sul, a ampliação da cobertura e o encadeiramento das sociais. Uma idéia lançada pelo vice de marketing Waldomiro Gayer Neto e encampada pelo 2.º vice Márcio Villela. Onze meses após o lançamento da campanha, o Paraná volta ao lar. A obra, depois de muitos ajustes e avanços em relação à concepção inicial, teve um custo estimado de R$ 3 milhões. Quase o dobro da projeção inicial.

?Muitos aspectos tiveram que ser implementados já?, justifica Márcio Villela, que acredita

que, com a renda deste jogo e a venda de cadeiras numeradas ainda disponíveis, as questões financeiras serão equilibradas. ?Só conseguimos chegar a esse ponto pelo trabalho coordenado da equipe e da aceitação do nosso torcedor?, comentou o dirigente.

No projeto inicial, o clube pretendia lançar um pavimento de camarotes.

A procura intensa fez com que fossem construídas 56 unidades em dois pavimentos e, hoje, o estádio dispõe de 72 camarotes.

Além do ?setor nobre?, a ampliação da curva norte – o novo portão principal do estádio, pela Rua Dario Lopes dos Santos – estabeleceu um setor popular confortável e que abrigará as torcidas organizadas do clube. ?Vejo como um grande avanço essa setorização do estádio. Além de camarotes e curva norte, temos a reta do relógio e as sociais. Várias opções para o torcedor?, frisou Villela. Toda a parte operacional relativa ao jogo estará concluída até o início da tarde de hoje. Ainda ontem à noite, funcionários trabalhavam no acabamento de sanitários, sala de imprensa e outros setores da Vila.

Villela destaca ainda que toda a obra foi baseada em dois pontos fundamentais: conforto e segurança. Com uma extensa área externa, a Vila Capanema tem a seu favor a fácil circulação para os torcedores nos arredores do estádio, um estacionamento com capacidade para mais de 600 veículos e entradas independentes para as torcidas do Paraná e visitante. ?Agora, será uma questão do torcedor se adaptar às mudanças?, lembrou. ?O jogo de hoje será um divisor de águas na vida do clube. É o resgate do nosso patrimônio.?

CAMPEOANATO BRASILEIRO
25ª rodada
Local: Durival Brito (Curitiba).
Horário: 19h30.
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS).
Assistentes: Sérgio Buttes Cordeiro Filho (RS) e José Antônio Chaves Franco Filho (RS).

PARANÁ CLUBE x FORTALEZA

Paraná
Flávio; Gustavo, Émerson e Neguete; Peter, Beto, Batista, Gérson e Edinho; Cristiano e Leonardo. Técnico: Caio Júnior

Fortaleza
Albérico; Wendell, Dezinho e Emerson; André Cunha, Chicão, Ramalho, Jorge Mutt e Bruno Barros; Rinaldo e Finazzi. Técnico: Roberval Davino

A Tribuna traz mais quatro fatos que marcaram o Durival Britto e Silva

Início de tudo – 23 de janeiro de 1947

Moderno e imponente, o Durival Britto e Silva impressionou a pacata Curitiba do final da década de 40. Para inaugurar o 3.º estádio particular do Brasil da época, houve justificada pompa, com presença do governador do Paraná, Moisés Lupion, e do então poderoso Fluminense, campeão carioca de 1946. O Ferroviário, dono da festa, não resistiu:

5 a 1 para o Flu, que tinha craques como Ademir Menezes e Bigode, que integrariam a seleção da Copa de 50. O jogo foi numa 5.ª feira à noite e serviu para estrear o sistema de iluminação da Vila. Careca, atacante do time carioca, fez o 1.º gol da história do estádio – Janguinho fez pro Ferroviário quando o jogo já estava 5 a 0. O Ferroviário jogou com Pianowski; Fedato e Biguá; Nelsinho, Ferreira (Nelson) e Janguinho; Zequinha, Emédio (Cecílio), Isauldo (reprodução), Darci e Rosinha. Fedato, símbolo do Coritiba, foi emprestado especialmente para este jogo.

Maior momento da Vila – 25 de junho de 1950 – 29 de junho de 1950

Inaugurada três anos antes e considerada um dos estádios mais modernos do Brasil, a Vila Capanema foi decisiva para que Curitiba se tornasse uma das sedes da Copa do Mundo de 50. Com capacidade para 18 mil torcedores, o campo do Ferroviário foi aprovado por unanimidade pela CBD. No dia 25 de junho, um domingo cinzento, a famosa Fúria Espanhola, que tinha como destaque o atacante Telmo Zarra – até hoje o maior artilheiro da história do Campeonato Espanhol – desafiou a zebra Estados Unidos. Embora a imprensa da época tenha considerado a partida meio sem muito graça, a grandiosidade do evento empolgou quem acompanhou os jogos – cinco rádios transmitiram a partida, número então impressionante. Com casa cheia, a Espanha, que perdia por 1 a 0 até os 35 do 2.º tempo, virou no final para 3 a 1. Quatro dias depois, Suécia e Paraguai voltaram a trazer grande público ao estádio. Os suecos, campeões olímpicos dois anos antes, saíram na frente por 2 a 0, mas os paraguaios correram atrás e buscaram o empate no último minuto.

Saindo pelo ladrão – 8 de setembro de 1968

Curitiba se agitou para receber o maior craque de todos os tempos.

Aos 27 anos, Pelé estava no auge da carreira quando o Santos veio jogar na Vila Capanema contra o Atlético, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa – espécie de pai do Brasileirão. Mas, para decepção do público, de última hora a diretoria santista resolveu poupar o atleta do século. Ainda assim, a esquadra do Santos, bicampeão mundial cinco anos antes, era uma atração e tanto, com craques como Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Edu, Toninho e Pepe. Com o reforço de arquibancadas metálicas, no mesmo local ampliado, a Vila recebeu 23 mil torcedores – seu maior público até hoje. O Atlético, único representante paranaense e reforçado por ídolos emprestados pelos rivais como Madureira (Ferroviário) e Nilo (Coritiba), fez bonito: ganhou por 3 a 2, com gols de Gildo, Zé Roberto (no lance da foto) e Madureira. ?Maior do mundo caiu aos pés do Atlético?, estampava a Tribuna do dia seguinte.

Corpo estranho – 19 de setembro de 1981

Colorado e Toledo se enfrentavam pelo 2.º turno do Paranaense. Logo no começo, o zagueiro Caxias, hoje comentarista, abriu o placar para o Boca. O técnico tricolor Roberto Brida recuou o time no final e, em meio à pressão, o toledano Quaresma surgiu livre e encobriu o goleiro Joel Mendes, aos 43 minutos.

O atacante já saía para comemorar, mas eis que o preparador físico do Colorado, Luís Roberto Matter, que estava atrás do gol, invade o campo e enfia um bico de pé esquerdo, tirando a bola para longe. Matter partiu como um raio para os vestiários, enquanto os jogadores do Toledo cercavam o árbitro Célio da Silva, pleiteando a validação do gol. Corretamente, o juiz marcou apenas bola ao chão, e o Colorado ganhou por 1 a 0. Apesar das reclamações da diretoria e até do prefeito de Toledo, a FPF manteve o resultado e sequer puniu Matter (na foto à esquerda, conversando com o técnico Geraldo Damascino e o auxiliar Adalberto Medeiros).

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