Paraná vence clássico contra Coritiba e espanta a crise

Não haveria melhor circunstância para o resgate do moral. Num clássico de um time só, o Paraná Clube, que vinha em má fase, fez sua melhor partida no Campeonato Paranaense e atropelou o Coritiba por 3 x 0, ontem, no Pinheirão. A vitória incontestável, além de reconduzir os mandantes à zona de classificação para a segunda fase, encerrou um tabu de cinco anos sem triunfos em clássicos pelo Estadual. Para o Coxa, apático e sem qualquer inspiração, o placar custou a perda de uma posição no grupo B e algumas incertezas quanto ao futuro na temporada.

Quem não viu o jogo poderia imaginar que a correta expulsão do zagueiro Marcelo Batatais, logo aos 25?, determinou o resultado. Mas antes disso o Paraná já era bem superior -como admitiram mais tarde os próprios atletas e o técnico alviverde. Bem postado, o Tricolor marcou as peças-chaves do adversário, tomou conta do meio-de-campo e usou bem as laterais – especialmente a direita, com Goiano.

Quando perdeu Batatais, o técnico Márcio Araújo tentou reforçar a marcação ao trocar o atacante Jefferson pelo meia Peruíbe. A tática não surtiu efeito: o domínio tricolor prosseguiu e pouco depois o meia Beto apareceu livre na área para fazer Paraná 1 x 0.

Um dos grandes méritos do Paraná foi não incorrer no mesmo erro de jogos anteriores, quando pisou no freio depois de abrir o placar. Comandado por Beto, em tarde inspirada, o time seguiu na mesma toada e encurralava o rival. O Coxa, que só tinha Eanes isolado à frente, era impotente para furar a defensiva adversária. Um chute cruzado de Jackson, defendido por Flávio aos 36?, foi o melhor momento alviverde na primeira etapa.

No intervalo, Márcio Araújo destrocou o que havia feito: sacou um meia (Renan) e introduziu um atacante (Ludemar). De nada adiantou. O Paraná, logo após desperdiçar ótima chance, fez 2 x 0 com um belo gol por cobertura de Marcelinho – o meia, criado no Atlético, aproveitou para provocar a torcida adversária.

O clássico poderia ficar equilibrado com a expulsão do zagueiro Gustavo, aos 17? do segundo tempo. Mas não demorou para o Tricolor ampliar – Leonardo, que havia criado bons lances mas arrematado mal, desta vez não desperdiçou o cruzamento de Vandinho e marcou o terceiro.

Agora sim, com vantagem folgada, o Paraná pôde administrar o placar com tranqüilidade. O Coxa parecia entregue: o meio-de-campo não aparecia e, quando o time conseguia chegar perto do gol de Flávio, Ludemar falhava nas finalizações.

Enquanto os coxas-brancas se perguntavam o que aconteceu com o time que vencera os quatro jogos anteriores, os paranistas gritavam olé e selavam a paz com o time e o técnico Barbieri.

Técnico agradece semana cheia para implantar seu estilo

O técnico Barbieri passou uma semana conturbada, após críticas da torcida e imprensa devido a resultados insatisfatórios. Como era de se esperar, aproveitou a vitória contundente no clássico para extravasar.

Em tom calmo, o treinador salientou que o resultado veio após a primeira semana completa de treinamento. ?É verdade que mantivemos uma base com qualidade, mas não é em um mês que se monta uma equipe. Agora, com uma semana de trabalho, implantamos o que queríamos e o time foi outro?, defendeu-se.

Sobre a partida, o técnico destacou algumas atuações individuais – como as do volante Beto, do agora ala Goiano e do trio de zagueiros -e o conjunto. ?Foi uma apresentação maravilhosa. A equipe entrou consciente, determinada, aplicada taticamente e buscando o resultado nos 90 minutos?, disse o treinador.

O presidente José Carlos de Miranda, principal defensor do técnico, reforçou seu apoio. ?Não havia pressão sobre Barbieri. Ele é inteligente, coerente e provou que o trabalho é bem realizado?, derramou-se.

Os jogadores também mostraram-se aliviados com o resultado. O zagueiro Neguete, por exemplo, cutucou o rival. ?Disseram que éramos fregueses. Agora pagaram o pato?, falou, logo após a partida. ?O resultado dá muita moral. Este ano começamos diferente, com um grupo mais forte e mais coeso. A torcida pode esperar muito mais?, prometeu o zagueiro Emerson, comparando o time atual com o do Estadual de 2005.

O volante Beto, melhor em campo no clássico, exerceu o papel de capitão e alertou contra a euforia. ?Estamos no caminho certo, mas a classificação ainda não veio. A cobrança segue para não relaxarmos?, disse.

Com o resultado, o Tricolor chegou a 17 pontos – um a menos do que o Coxa – e subiu da quinta para a quarta colocação no Grupo B. No domingo, a equipe faz a última apresentação fora de casa na primeira fase, diante do Paranavaí. Nas duas rodadas restantes, recebe Adap e Toledo no Pinheirão.

Coxas reconhecem a superioridade tricolor

Júlio Tarnowski Júnior

O gramado pesado, a expulsão de um jogador na metade do 1.º tempo, o gol tomado logo depois, e por fim o reconhecimento do bom futebol apresentado pelo adversário. Esses foram os ingredientes usados nas explicações dos jogadores do Coritiba após a derrota para o rival Paraná na tarde de ontem, no Pinheirão. Para Eanes o time não conseguiu se adaptar ao gramado do Pinheirão, que ?estava pesado?. Mas o atacante lembrou também que o Coritiba jogou a maior parte da partida com um atleta a menos. ?A saída do Batatais atrapalhou um pouco. Eles ficaram com um jogador a mais no começo e logo depois fizeram o gol?, justificou o atacnte.

Para Índio o resultado ruim ?não deverá fazer com que a equipe abaixe a cabeça?. O zagueiro foi mais contundente ao afirmar que ?todos sabem das limitações do Coritiba?. ?Não podemos ficar flutuando. Esse tipo de euforia deve ficar com o torcedor?, disse o jogador referindo-se a seqüência de vitórias (4) interrompidas ontem.

Ainda no gramado após o apito final da partida, o goleiro Arthur dividia-se em falar da equipe, e elogiar o adversário. ?Ficamos com um jogador a menos na metade do 1.º tempo, mas o Paraná já estava melhor em campo. Eles aproveitaram melhor as chances criadas, e ganharam?, disse o goleiro alviverde.

Sem culpados

Nos vestiários, o treinador Márcio Araújo ponderou: ?importante será pensar na frente. Disse para o meus jogadores que não devemos culpar ninguém, ou buscar outras justificativas. Claro que a expulsão nos atrapalhou. Mas o Paraná estava num tarde boa, e nós não conseguimos superá-los?, justificou o técnico.

Márcio tratou de levantar o astral do seu grupo. ?Temos uma outra competição para realizar na semana (estréia na Copa do Brasil, quarta, contra o Icasa, no Ceará), e depois a continuidade no Estadual. Claro que ninguém gosta de perder, principalmente num clássico. Mas agora precisamos absorver esse resultado, e nos ajustar?, afirmou o treinador.

Reforços e viagens

Após a partida de ontem, ainda no Pinheirão, a diretoria coxa se reuniu para avaliar a situação. A expectativa é de que sejam anunciados novos reforços tanto para a Copa do Brasil, como para o Brasileiro da Segunda Divisão. No Estadual o Coxa voltará a jogar no domingo de Carnaval contra o Londrina, no Couto Pereira.

Campeonato Paranaense
11ª rodada – 1ª fase
Local: Estádio Pinheirão, em Curitiba
Público: 4.796 pagantes (5.326 total)
Renda:R$ 47.244
Árbitro: Evandro Rogério Romann
Assistentes: Roberto Braatz e Cristiano Nunes Duarte
Gols: Beto, aos 33 minutos do 1º tempo; Marcelinho, 7? e Leonardo, 22? do 2º tempo.
Cartões amarelos: Índio (C); Gustavo, Leonardo (P)
Cartão vermelho: Marcelo Batatais, aos 25 minutos do 1º tempo e Gustavo, aos 17? do 2º tempo.

PARANÁ 3 x 0 CORITIBA

Paraná
Flávio; Neguette, Emerson e Gustavo; Goiano, Beto, Rafael Muçamba, Marcelinho (Serginho) e Rodrigo Alvim; Jéffe (Vandinho) e Leonardo. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.

Coritiba

Arthur; Marcelo Batatais, Índio e Henrique; Wilton Goiano, Jackson, Rodrigo Mancha (Guaru), Renan (Ludemar) e Julinho; Jefferson e Eanes. Técnico: Márcio Araujo 

Keirrison será operado após o Carnaval

Antes do início do clássico de ontem, no Pinheirão, o departamento médico do Coritiba reuniu a imprensa para informar os procedimentos que serão adotados para a cirurgia do joelho direito do atacante Keirrison, 17 anos. ?Estamos aguardando o joelho dele desinchar, para então realizarmos a cirurgia. Isso deverá acontecer depois do feriadão da próxima semana (período de Carnaval)?, disse o médico Lúcio Ernlund, coordenador do Departamento Médico do Coritiba, e que fará a cirurgia do atacante coxa.

Segundo o médico, neste período desde a data da contusão, 12 de fevereiro, foram feitas reuniões e conversas com o jogador, seus familiares, os procuradores do atleta da empresa Massa Sports e da diretoria do Coritiba. ?Antes de tudo temos que entender que existe o lado humano. A recuperação do Keirisson deverá levar cerca de oito meses?, completou Lúcio Ernlund.

A contusão do atacante alviverde aconteceu aos 45 minutos do 2.º tempo na partida contra o Paranavaí. A partida no Couto Pereira estava empatada em 1 a 1. Keirisson recebeu na área e, na disputa da bola, acabou sofrendo falta no lance que originou o pênalti que deu a vitória (2 a 1) para o Coxa. No dia seguinte ao jogo, Keirisson foi submetido a uma ressonância magnética. O resultado constatou o rompimento do ligamento cruzado anterior.

Voltar ao topo