Paraná tem poucos motivos para comemorar no seu aniversário

Em meio ao pior momento de sua história, o Paraná Clube completa 22 anos sem ter quase nada a comemorar. Na prática, o torcedor tenta se apegar ao passado para não sofrer ainda mais com o período crítico do seu time de coração. Relegado não só à Série B do Campeonato Brasileiro, o clube terá que disputar também a segundona estadual. Algo inimaginável para quem viu a força de um Tricolor que nasceu gigante e durante quase uma década dominou o futebol paranaense.

Em 19 de dezembro de 1989 o Paraná era fundado, fruto da fusão entre Pinheiros e Colorado. Com um quadro associativo numeroso, dinheiro em caixa e um patrimônio invejável, não foi difícil traduzir tudo isso em conquistas. Aproveitando a instabilidade dos principais concorrentes domésticos, o Tricolor reinou no Estado de 1991 a 1997. Nesse período, também conseguiu destaque nacional e era apontado como um dos clubes emergentes do País.

Precisou de apenas três temporadas para sair da Série C (em 1990) e atingir a primeira divisão, com uma campanha memorável, em 1992. Só que a conquista de títulos em profusão cobrou o seu preço. Sem planejamento, o Tricolor viu seus sonhos de grandeza ruírem. A estrutura, antes pujante, tornou-se defasada. Os sócios sumiram e sem eles os cofres foram ficando vazios. Nos anos seguintes, mesmo retornando à Série A após a queda em 1999, o Paraná teve que buscar novas alternativas para tentar se manter vivo diante de um mercado inflacionado.

Vieram as parcerias. O resultado prático era bons times nos Campeonatos Brasileiros, mas que não se sustentavam para os Estaduais. Uma rotina que viveu seu ápice em 2006. Num desempenho memorável, o Paraná chegou em 5.º lugar no Brasileirão e assegurou uma inédita vaga na Libertadores. Novamente, a falta de um planejamento sustentável teve reflexos contundentes. Mesmo com um desempenho razoável na competição continental (chegou às oitavas de final), o Tricolor iria do céu a inferno nesta temporada.

Em meio a uma crise institucional com o afastamento do presidente José Carlos de Miranda, o Paraná saiu da Libertadores para a Série B. Um desempenho pífio no returno da Série A culminou com o rebaixamento. E com ele, os empresários sumiram, o dinheiro minguou ainda mais e há quatro anos o Paraná vive o calvário da Segundona. Uma situação agora potencializada com a queda para a Divisão de Acesso do Paranaense. Sem calendário, sem mídia e sem time, o Tricolor terá que se reinventar a partir de 2012.

Uma missão para Rubens Bohlen e Cia. O décimo presidente da história do clube assume prometendo administrar o Paraná na base do parlamentarismo, colocando em prática um planejamento estratégico e profissionalizando tanto o futebol quanto o social. Aos paranistas de coração resta a torcida para que esses novos dirigentes, olhando para o passado de glórias, consigam fazer com que o Paraná cumpra, como diz o hino de João Arnaldo e Sebastião Lima, o seu destino de vitórias.