Paraná fecha ano tentando juntar os cacos

O Paraná Clube fecha mais uma temporada de forma melancólica. Desta vez, o torcedor ao menos não conviveu com o risco iminente de degola. Mas, no final, os números das duas últimas campanhas na Segundona do Brasileiro são muito parecidos. A torcida dos paranistas fica para que os dirigentes tenham aprendido com os erros cometidos – alguns por conta de absoluta falta de recursos financeiros, é verdade – para que em 2010 ao menos possa se permitir sonhar.

No ano passado, o Tricolor esteve a maior parte da competição na zona do rebaixamento. Somente no final, depois de um 2.º turno praticamente irrepreensível, é que o time conseguiu respirar. Afastou o risco de queda para a Terceirona somente na penúltima rodada (na goleada por 4 a 0 sobre o CRB-AL). Fechou, assim, em 11.º lugar, com aproveitamento de 42,98%.

Desta vez, o Paraná se garantiu na Série B com maior folga. Mas, novamente sem aspirar o acesso, viu o rendimento cair nas últimas rodadas e terminou o ano apenas uma posição acima. Um modesto 10.º lugar, conquistando 46,49% dos pontos disputados. Nas duas campanhas, somente 14 vitórias. Muito pouco para emplacar uma briga direta pelo G4. Historicamente, é preciso vencer um turno inteiro para subir. Há exceções, mas a média indica a obrigatoriedade de se vencer pelo menos 19 jogos para subir.

A busca por esses números passa, necessariamente, por um planejamento preciso. Desde a adoção do sistema por pontos corridos, os clubes que mais investiram em continuidade obtiveram êxito. Na contra-mão desse processo, o Paraná manteve uma constante “dança da cadeira” quando o assunto é comando técnico. Em 2008, quatro treinadores comandaram o time, de nomes expressivos como o de Paulo Bonamigo ao coanjuvante Rogério Perrô.

Filme antigo

Fórmula repetida e, por que não dizer, ampliada na atual temporada. O Tricolor teve cinco treinadores distintos. A continuidade de Comelli não surtiu o efeito desejado e aí o clube mais uma vez arriscou a sorte com o novato Wagner Velloso. Depois, vieram Zetti, Sérgio Soares e, por último, Roberto Cavalo. A intenção da nova diretoria – ao menos é o que se apregoa – é pôr um fim à essa alta rotatividade. Mas, até o momento a cartolagem não obteve êxito nas tratativas com Cavalo.

Mais do que isso, o clube se apresenta em xeque quando o assunto é montagem de elenco. A base que fechou a Segundona com uma invencibilidade de dez jogos dificilmente será mantida. Um quadro que pode jogar mais uma vez o Tricolor -sabidamente sem dinheiro -na roda viva das contratações por atacado. É esperar para ver. E enquanto isso, o sofrido torcedor do azul, vermelho e branco faz seus pedidos de fim de ano, esperando ver em 2010 o resgate de um clube vencedor, que marcou época na década de 90, mas que hoje virou a imagem da incerteza.