Irresistível, o Tricolor avança sem escalas em direção ao topo. A dupla de ataque funcionou, a defesa não falhou e o Paraná Clube chegou à quarta vitória consecutiva: 2 x 0 sobre o Botafogo, ontem, no Pinheirão. O resultado leva a equipe de Lori Sandri ao terceiro lugar no Brasileirão, com 31 pontos – se o torneio terminasse hoje, o Paraná estaria na Copa Libertadores em 2006. E só uma vitória separa o time do novo líder, o Corinthians.
Assim como nas partidas contra Inter e Paysandu, cedo as coisas se encaminharam para o Tricolor. Logo aos seis minutos, Aderaldo deu uma de meio-campista criativo e serviu na medida para André Dias, que brigou com o goleiro e marcou 1 a 0. O Paraná mandava no jogo, marcando firme no campo de ataque e sob pressão e complicando a saída de bola dos cariocas
Aos poucos o Botafogo acertou o meio-de-campo e passou a equilibrar as ações.
O time de Péricles Chamusca usava bem os dois lados do campo – especialmente o esquerdo de seu ataque – criando problemas para a zaga tricolor. Os chutes de longa distância obrigaram Flávio a trabalhar.
Depois de suportar certa pressão, o Paraná reencontrou-se depois dos 25 minutos. Usando a velocidade, o Tricolor perdeu chances de ampliar em bolas cruzadas e tabelas pelo meio, mas ainda errava alguns passes – em parte por causa do gramado do Pinheirão, a cada dia mais castigado. ?Não sei se é culpa do piso, mas precisamos trabalhar melhor a bola do meio para frente?, pedia Lori Sandri, no intervalo.
A ordem do técnico surtiu efeito – foi numa jogada bem trabalhada pelo meio que o Tricolor chegou ao segundo gol. O Botafogo reclamou do pênalti marcado sobre André Dias, mas Borges não quis saber e converteu – foi o 11.º gol no atacante, principal artilheiro da competição ao lado de Robson, do Paysandu.
Com dois gols de vantagem, o Paraná tornou-se soberano na partida. Os erros do jogo contra o Paysandu desapareceram: o meio-de-campo marcou firme e a defesa, bem postada, segurou com eficiência o perigoso Alex Alves. Assim, Flávio teve pouco serviço para manter o resultado.
Os lances de maior perigo eram os ataques paranistas. Mesmo sem arriscar muito, o Tricolor subia com rapidez e incomodava a defesa botafoguense, fazendo o goleiro Max ser um dos melhores em campo. O terceiro não saiu, mas isso não foi problema para os 12 mil paranistas que comemoraram a quinta vitória seguida da equipe no Pinheirão.
No próximo domingo, o Tricolor enfrenta o Santos, em jogo incluído no ?pacote? que a diretoria vendeu para empresários de Maringá. O time paulista tem um ponto a menos que o Paraná e está na quarta colocação.
Agora é o Peixe em Maringá
Depois do reencontro com sua torcida, ontem, no Pinheirão, o Paraná Clube volta a atuar no interior do Estado. No domingo, o time de Lori Sandri encara o Santos, às 16h, no Estádio Willie Davids, em Maringá. Os ingressos já estão à venda tanto na Cidade Canção quanto em Curitiba há uma semana. ?A procura tem sido razoável pelas informações que recebemos de Maringá?, confirmou o assessor de imprensa do Tricolor, Ângelo Binder.
Por mais que a região Norte tenha um predomínio de simpatizantes do futebol paulista, o interesse em torno do jogo é inferior à partida contra o Corinthians, quando quase catorze mil pagaram ingressos.
O clube recebeu, livre de despesas, R$ 600 mil pela mudança de sede nestes jogos contra os grandes clubes paulistas.
O jogo de domingo abre ainda uma série de três jogos fora de Curitiba. Depois de enfrentar o Santos, o Tricolor vai ao Rio de Janeiro, onde encara o Flamengo, e a Belo Horizonte, para pegar o Cruzeiro. ?A maratona é desgastante. É mais um obstáculo a ser transposto?, não se cansa de dizer o técnico Lori Sandri. Como o Paraná foi derrotado pelo Corinthians (2×3), em Maringá, é importante somar pontos neste fim-de-semana. ?Não importa onde é o jogo. Somos os mandantes e por isso é preciso melhorar a média?, lembrou o zagueiro Daniel Marques, que volta ao time após cumprir suspensão.
Os ingressos para Paraná x Santos não são baratos. A exemplo do que ocorreu no primeiro jogo em Maringá, os preços foram majorados pelos promotores do evento, o Galo Maringá. Um ingresso de arquibancada descoberta custa R$ 25,00 (R$ 12,50, o meio-ingresso), sendo que no setor coberto do Willie Davids o preço é R$ 45,00 (R$ 22,50). Em Curitiba, os ingressos deste jogo estão à venda exclusivamente na sede social da Kennedy.
Um objetivo já ficou pra trás
Há várias rodadas Lori Sandri repetia que o objetivo do Paraná era completar 30 pontos no primeiro turno, para tomar boa distância da zona do rebaixamento. Pois ontem o Tricolor ultrapassou a meta (chegou a 31) quatro rodadas antes do previsto, o que levou o técnico a traçar novos planos. Mas ainda sem empolgação. ?Este campeonato é enganoso, de repente, um time perde quatro ou cinco jogos e despenca. Buscaremos mais 17 pontos para conseguir tranqüilidade. Depois veremos no que vai dar?, falou Lori.
De qualquer forma, o terceiro lugar é a melhor colocação já obtida pelo Paraná numa etapa tão avançada do Campeonato Brasileiro – em 1997 e 2003 o time chegou à liderança, mas somente nas rodadas iniciais da competição. ?Fico feliz por participar deste momento histórico?, disse o técnico.
Sobre a vitória de ontem, Lori elogiou o comportamento ?convincente? da equipe e criticou o esburacado gramado do Pinheirão. ?A bola quica demais e prejudica a qualidade da partida. Os times erraram passes laterais. Temos que melhorar esse campo?, pediu o técnico.
O ingresso na zona de Libertadores também não mudou o discurso ?pés-no-chão? dos jogadores. ?Tem que ganhar assim, batalhando. Aqui não tem nenhum fenômeno?, falou o zagueiro Aderaldo. ?Estamos felizes pelo momento. Mas não vamos perder a humildade?, emendou o capitão Beto.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Gols: André Dias (6-1º) e Borges (5-2º)
Cartões amarelos: Scheidt, Guilherme, Jonílson, Gláuber e Rafael Marques (B), Rafael Muçamba (P)
Local: Pinheirão
Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (FIFA-PE)
Assistentes: Erick Bartholomeu Antas e Silva Bandeira (FIFA-PE) e Elan Vieira de Souza (PE)
Público: 11.178 pagantes (Total: 12.225)
Renda: R$ 85.982,00
Paraná 2×0 Botafogo
Paraná
Flávio; João Paulo, Marcos e Aderaldo; Neto, Rafael Muçamba, Beto (Mário César), Thiago Neves (Chiquinho) e Vicente; Borges e André Dias (Flávio Alex). Técnico: Lori Sandri
Botafogo
Max; Scheidt, Rafael Marques e Juninho (Ramón); César Prates, Jonílson, Juca, Gláuber e Oziel; Alex Alves (Almir) e Guilherme (Reinaldo). Técnico: Péricles Chamusca.