Em lua-de-mel com a vitória. No dia do casamento de seu maior artilheiro, o Paraná Clube detonou o até então favorito ao título Fluminense com um humilhante 6×1, no ?alçapão? tricolor. Uma despedida de solteiro em alto estilo, com direito a dois gols de Borges e uma exibição de gala para os 23 mil paranistas que lotaram o Pinheirão. Um resultado que coloca o Tricolor no caminho da Libertadores, dando início à uma verdadeira ?caça aos líderes?.
A euforia tomou conta da galera e até mesmo os jogadores – muito contidos em suas declarações – afirmavam não restar ao Paraná outra alternativa senão partir em busca de uma vaga na principal competição do continente. Nas entrelinhas, ninguém descartava a possibilidade de título, mesmo reconhecendo a dificuldade matemática diante da ampla vantagem do Corinthians nessa briga. ?O importante é seguir com esta humildade. E, de preferência, que nos deixem de lado. É muito melhor comer pelas beiradas?, avisou o técnico Luiz Carlos Barbieri.
Os resultados da rodada deixaram o Paraná a apenas um ponto da zona de classificação à Libertadores. Com mais três confrontos diretos contra equipes que estão no pelotão de frente do Brasileiro – Corinthians (em São Paulo), Internacional (em Cascavel) e Santos (em Santos) – o Tricolor torce ainda por algumas combinações nos jogos anulados no escândalo da arbitragem.
?O mais importante é continuar fazendo a nossa parte. É seguir vencendo para no final ver até onde podemos chegar?, comentou o volante Rafael Muçamba. O resultado de sábado foi o maior da história do clube frente equipes ?de ponta?. Em 1993, o Tricolor havia vencido pelo mesmo placar (6×1) a Desportiva-ES, jogando no Durival Britto. A atuação firme e ambiciosa recebeu elogios até mesmo do técnico adversário. ?Não há o que contestar. O Paraná foi brilhante?, disse Abel Braga, ainda atordoado pela goleada.
Méritos para Barbieri e seus comandados, que conseguiram uma performance praticamente perfeita. ?Esse grupo é muito centrado. Eles sabem o que querem e ainda vamos dar o que falar nessa competição?, avisou Barbieri. Restando onze jogos a cumprir, o Paraná – pelas projeções – se garante na Libertadores caso obtenha oito (ou até mesmo sete) vitórias. Em perfeita sintonia com Barbieri, os atletas preferem não fazer projeções. ?Sabem que cada jogo é uma decisão. Então, a partir deste momento, o jogo da nossa vida é o Figueirense?, avisou o capitão Marcos.
O treinador pede ?pés no chão? e não acredita que seu grupo irá se deixar levar pelos elogios que virão a partir desta goleada. ?O importante é que temos opções. A chegada de reforços nos fortaleceu. Temos tudo para surpreender muita gente nesta reta final?, sentenciou Barbieri.
Mudança de meta no Tricolor
Além de se garantir matematicamente na Série A do ano que vem, o Paraná deixou encaminhada sua classificação à Sul-Americana. Por isso, todos já pensam em vôos mais altos. ?Como já superamos duas etapas, hoje, a meta é brigar pela ponta. Sempre com muita humildade?, disse o capitão Marcos. Para o zagueiro, é importante que o time se mantenha mobilizado, sem se deixar levar pela previsível badalação.
?Não tem como não ser visto, depois de um jogo como este?, reconheceu Marcos. ?Mas, é curtir essa grande atuação e, a partir de terça-feira, pensar no Figueirense?. O capitão destacou a aplicação tática e a determinação como fatores que desequilibraram a favor do Paraná. ?O time entrou ligado, fez um gol no início e quando ficamos com um jogador a mais nossa missão ficou facilitada?, afirmou.
O presidente José Carlos de Miranda disse ainda que – além da belíssima atuação do Paraná – a postura do adversário contribuiu para a goleada histórica. ?Eles não acreditaram na nossa força. Querer atacar, mesmo com um jogador a menos, e fora de casa, foi suicídio?, disse o dirigente. ?Eles nos subestimaram?, frisou. Miranda não economizou nos elogios ao técnico paranista. ?O Barbieri é um estrategista. Foi ousado e recebeu como prêmio a grande atuação do time?.
Foi a 14.ª vitória do Paraná neste Brasileirão. Com a goleada, o Tricolor voltou a ocupar posição de destaque também no critério saldo de gols (atrás apenas de Corinthians e Inter). Sob o comando de Barbieri, o time chega à terceira vitória consecutiva e está invicto há cinco rodadas. De quebra, o ?reserva de luxo? Sandro marcou o milésimo gol do Brasileirão-2005.
Contratado junto ao Ituano, ele vem entrando em todos os jogos e dificilmente passa em branco. Sandro já balançou as redes três vezes.
Invasor de campo é da Império
A dureza do Estatuto do Torcedor, mas que absolve o clube que consegue deter torcedor que invade campos, exige atos de bravura de dirigentes do futebol. Uma atitude como a de Edmilson Ribeiro Gouveia, sócio-contribuinte da Torcida Império Alviverde, que invadiu o gramado do Pinheirão no jogo Parana 6×1 Fluminense, custou três horas de tempo ao diretor social do Tricolor, Luiz Carlos Casagrande, o Casinha. Além da humilhação de ser detido e agredido pela Polícia Militar.
A aventura terminou tarde da noite de sábado, no 3.º Distrito Policial, onde foi feito o boletim de ocorrência.
Apesar de estar com a camisa da Fúria Independente, nos vestiários a polícia conseguiu uma carteirinha de sócio da Império Alviverde, sob o número 5.633, admitido em 24/7/2003. A diretoria do Paraná comunicou o fato ao árbitro Lourival Lima Filho, da Bahia, que relatou na súmula. Mas o clube foi ao distrito policial para obter o BO e, de lá ao IML para um exame de lesões, precavendo-se contra tentativas do torcedor de ação judicial.