Paraná Clube volta pra casa

Foi um ano de reafirmação dentro e fora dos gramados. O Paraná Clube tem como grande meta para 2006 a ?volta? à Vila Capanema.

O projeto – ousado diante da realidade financeira do clube – teve início como um movimento de conselheiros e visto com relativa desconfiança pelos dirigentes. Só que a ação começou a ganhar corpo, até chegar ao Conselho Deliberativo do clube, com a obra sendo aprovada no início de setembro.

Tendo a simplicidade como base para o novo estádio, o Tricolor projeta dias melhores a partir do ano que vem, quando passará a jogar novamente em sua casa, onde a interação time-torcida faz a diferença. O Paraná não joga no Durival Britto desde a final do supercampeonato paranaense de 2002 – vitória por 4 a 1 sobre o Atlético, mas que deu o título ao Rubro-Negro -, em junho daquele ano. Desde então, o clube ?adotou? o Pinheirão, onde obteve bom aproveitamento médio, mas não títulos.

Apostando na realização de um sonho, foi lançada em 25 de outubro a campanha ?Vila, tá na hora!?, com a venda de camarotes e produtos (canecos, pulseiras, chaveiros) temáticos.

A obra, estimada em R$ 1,5 milhão, está sendo custeada com o dinheiro arrecadado através desta campanha. Até a última semana do ano, 34 camarotes – com preços variando entre R$ 26 mil e R$ 39 mil – haviam sido vendidos. ?Um sucesso?, na avaliação dos coordenadores do projeto, Márcio Villela e Waldomiro Gayer Neto.

Com a decisão de revitalizar a Vila Capanema – que passa a ter capacidade para 16.700 torcedores – o Tricolor ?desceu do muro?. Até então, escondia-se no eterno imbróglio judicial com a Rede Ferroviária Federal (pela posse do terreno) para não investir no estádio. Para o presidente José Carlos de Miranda, a disputa que se estende por três décadas está próxima do fim – por sentença ou acordo – o que motivou ainda mais a realização imediata das obras.

Comemoração em cada passo dado

Cada passo é comemorado pelos dirigentes como se fosse um título. ?Esta volta à Vila é uma conquista de todos os paranistas. Tudo está sendo feito com os pés no chão, dentro da realidade do clube?, frisa constantemente o vice Márcio Villela. Nesse ritmo, a primeira etapa (com a colocação dos pré-moldados) do setor de camarotes foi concluída antes mesmo do Natal. A nova fase, com o acabamento dos 56 camarotes e a ampliação da arquibancada na antiga curva de fundos do estádio, tem início nesta segunda-feira.

Além da construção dos camarotes e da ampliação da capacidade, a Vila Capanema receberá novos bares e banheiros, além da recuperação dos setores já existentes. O novo portão de entrada será pela Av. Dr. Dario Lopes Santos, o que tornará o acesso mais seguro e rápido para torcedores do Paraná e de times visitantes (que utilizarão o portão da Engenheiros Rebouças), além da pavimentação da área que circunda o estádio, onde será construído um estacionamento com capacidade para 450 veículos.

O gramado também está sendo recuperado, sendo que a partir de janeiro os treinamentos passam a ser realizados no Boqueirão e no Pinheirão. Pelas previsões dos responsáveis pelas obras, a partir de março o ?novo? Durival Britto estará apto a sediar jogos do Estadual. O clube disputará todos os jogos do Brasileirão-2006 em sua casa, o que deve aumentar a receita.

Acertando a mão nas parcerias

O Paraná Clube foi um dos primeiros clubes do País a admitir parcerias para as contratações de reforços. Uma saída diante das novas regras de mercado – com a maioria dos jogadores tendo vínculo com empresários – e da falta de recursos para grandes investimentos. Em 2004, a parceria foi com a S.M. Sports, empresa de Sérgio Malucelli (?dono? do Iraty). Entre acertos e erros, o clube aprendeu lições e evoluiu na temporada que se encerra hoje.

Ao substituir a S.M. pela L.A. Sports, que já investia nas categorias de base do clube, o Paraná conseguiu um avanço significativo: passou a indicar apenas os jogadores que lhe interessavam. Na parceria anterior, teve que ?engolir? vários atletas que nada acrescentaram à equipe. Nesse novo processo, a L.A. bancou as contratações de Parral, Aderaldo, Borges e Maicosuel, todos jogadores avalizados pela diretoria paranista – através do observador técnico Wil Rodrigues -, que os acompanhara ao longo do campeonato paulista.

A empresa, que obteve um lucro significativo com a venda de Borges para o Vegalta Sendai, do Japão, promete novos investimentos no clube. ?Acho que a parceria é vitoriosa. Principalmente pelo respeito entre as partes?, diz o empresário Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho, sócio-proprietário da L.A. Sports. Além deste parceiro, o Tricolor já adota uma nova fonte de recursos. Foi criado um fundo de investimentos formado por conselheiros do clube.

Se nas transações com as parcerias a fatia que cabe ao Paraná gira em torno de 20% de futuras transferências, a cada jogador contratado pelo ?Fundão? o clube ficará com 50% do lucro. Para o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro, um dos idealizadores do novo modelo – com o referendo do Conselho Deliberativo -, é uma evolução na vida do clube, que assim vai recuperando o seu poder de compra. ?É uma forma de equilibrar a balança, pois temos um orçamento muito inferior aos demais integrantes da Série A. É preciso criatividade para se manter na elite?, frisa Vavá.

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