Paraná Clube perde o jogo e a liderança

Uma noite para esquecer. Sem seu melhor jogador, Dinelson, o Paraná atuou mal e não conseguiu superar o Flamengo,  perdeu em plena Vila Capanema por 1 a 0, ontem, com casa cheia. O resultado levou o Mengão à liderança do Grupo 5 da Libertadores, com 7 pontos, um a mais que o Tricolor.

A ausência sentida foi de Dinelson. Com lesões nos tornozelos, o camisa 10 tricolor ficou de fora do jogo – e Zetti decidiu por João Vítor, armando o time em um 3-5-2 e tentando evitar uma arrancada inicial do Flamengo, que entrava em campo com apenas um volante fixo – Paulinho – e três armadores. Cautela era a tônica do Paraná, mesmo em casa.

No 1.º tempo, a tática de Zetti não ?pegou? no sistema defensivo. O Mengo avançava um meia – quase sempre Juninho – e complicava a marcação dos três zagueiros.

O primeiro lance polêmico foi no ataque carioca, quando Roni reclamou de pênalti de Neguete, que falhara grosseiramente. de João Vítor, que teve fratura no local. No sacrifício, o zagueiro salvou o Paraná, pois a bola bateu na trave. Zetti desmontou o sistema tático e colocou Joelson no jogo.

Nem houve tempo de saber se o time renderia. Aos 24?, Leonardo Moura cruzou na segunda trave, por trás da zaga, e Renato cabeceou. Flávio não pulou e a bola o encobriu. Gol do Mengo, que se retraiu e deu terreno ao Paraná, que dominou a partida, mas falhava nos passes e nas conclusões. Quando chegava, Bruno aparecia bem, como no chute de Henrique e na cabeçada de Beto. Mas sofria também, com Flávio se redimindo em lances de Souza e Juninho – que, surpreendentemente, jogou solto toda a 1.ª etapa.

A agonia paranista continuou no 2.º tempo. Henrique recuava e Josiel ficava como um centroavante à antiga, jogando como pivô. A tática isolava o atacante, que não aparecia como de costume. André Luiz e Egídio tinham o acompanhamento de Juan e Leonardo Moura, e o Paraná ficava sem ação.

Nos bancos, um jogo de xadrez. Ney Franco tirou Juninho, cansado, e colocou Leandro Salino. A resposta de Zetti foi sacar Xaves e mandar a campo Vinícius Pacheco – era a cartada decisiva.

Logo depois, Henrique saiu para a entrada de Lima. O Tricolor passou a criar mais, e perdeu lances incríveis com Joelson e Josiel. E tinha imensas dificuldades para vencer o cinturão carioca – com atuações impecáveis de Paulinho, Renato e Renato Augusto. Três heróis, que levaram o Mengo a uma importantíssima vitória na Libertadores. Ao Paraná, ficou o aumento da responsabilidade, e a necessidade de trazer do Rio de Janeiro, na próxima quarta, um bom resultado.

Ânimos acirrados na Vila

Os nervos estavam à flor da pele. Ao contrário do que se imagina em um jogo desses, os torcedores silenciaram, esperando para saber o que ia acontecer. Gritos de ?timinho? quando Souza e Roni davam carrinhos não ecoavam. O susto da lesão de João Vítor só foi pior quando Renato fez 1 a 0. Integrantes da delegação do Flamengo estavam na tribuna de honra, comemoraram e instalou-se um quiproquó no espaço mais nobre da Vila.

Aos poucos, a torcida do Paraná retomou a animação e começou a empurrar o time. Só que, vez por outra, o grito dava lugar ao suspiro de alívio, quando o Mengo tinha as chances de ampliar a vantagem – em contra-ataques velozes, que levavam pânico aos tricolores.

A preocupação dos torcedores que lotavam a Vila não passou no intervalo. Os cantos de motivação não empolgavam o estádio, e a força não vinha das arquibancadas da forma que se vira contra Cobreloa/CHI e Real Potosí/BOL.

Vinícius Pacheco entrou e a torcida se reacendeu. Da curva norte, vinha a força da Fúria Independente, que contagiava os que estavam nos outros setores. Mas o lance perdido por Joelson, que já não tem muita simpatia da galera, derrubou o ânimo de novo. Estava difícil.

Sentindo o abatimento dos donos da casa, a torcida do Fla passou a pedir Leonardo – o ex-tricolor, que provocou a grande polêmica antes do jogo. E ele entrou, muito vaiado pelos paranistas. Estes sofriam, pareciam não acreditar no que estava acontecendo. O problema era que uma simples olhada no placar do relógio confirmava o que ninguém queria -Paraná 0 x 1 Flamengo.

Copa Libertadores
Local: Durival Britto e Silva
Horário: 21h45
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva
Assistentes: Altemir Hausmann (FIFA-RS) e Roberto Braatz (FIFA-PR)
Gol: Renato aos 24′ do 1.º tempo.
Cartões Amarelos: Beto (PR); Souza e Juninho (FLA).
Cartão vermelho: Neguete.
Renda: R$ 344.000,00
Público: 15.614 pagantes.

Paraná 0x1 Flamengo

Paraná
Flávio, André Luiz, Daniel Marques, Neguete, Egídio, Beto, Xaves (Vinícius Pacheco),  Gérson, João Vítor (Joélson), Henrique (Lima), Josiel Técnico: Zetti

Flamengo
Bruno, Leonardo Moura, Irineu, Ronaldo Angelim, Juan, Paulinho, Renato, Renato Augusto, Juninho Paulista (Leandro Salino),  Roni (Léo Medeiros), Souza (leonardo). Técnico: Ney Franco

Paraná tenta sacudir a poeira

O clima era de tristeza, mas os jogadores do Paraná tentavam demonstrar motivação após a derrota de ontem para o Flamengo. Alguns, como o zagueiro Daniel Marques, garantiam que o Tricolor poderia ter mesmo vencido. ?Não acho que o time jogou mal, ficou desencontrado. Nós tivemos oportunidades, nosso 2.º tempo foi muito melhor que o deles. Acho que nós atuamos bem?, afirmou Daniel. O atacante Josiel, mais realista, tentava manter a calma. ?Acho que nós não merecíamos perder, fizemos um bom jogo. Mas precisamos ver o que está acontecendo, temos que ter tranqüilidade?, disse Josiel.

Do lado flamenguista, alegria por um resultado importantíssimo. ?Nós tivemos disciplina tática e entrega em campo. Ninguém foi mal, e isso fez a equipe atuar tão bem?, comentou o técnico rubro-negro Ney Franco. ?Não estou surpreso, nosso time é qualificado e merece liderar o grupo?, completou o técnico do Mengão.

Lesão

O chute – involuntário, é verdade – do atacante carioca Souza acabou quebrando o braço esquerdo de João Vítor. O lance foi forte, assustando os que estavam no campo. O zagueiro tricolor logo foi levado para o Hospital Cajuru, onde foi confirmada a fratura. João Vítor passaria na madrugada por uma intervenção cirúrgica. Não se sabe quanto tempo ele ficará fora dos gramados.

Torcida fez a sua parte

Eles chegavam por todos os cantos da cidade. A Vila Capanema era o ponto de confluência dos torcedores que queriam acompanhar um dos jogos mais importantes da temporada. Os paranistas chegavam empolgados, esperando muito por um bom resultado, que praticamente encaminharia a classificação para as oitavas-de-final da Libertadores. E chegaram cedo, para não correr qualquer risco de encarar filas.

Isso fez com que as proximidades do Durival Britto, apesar de movimentadas, não ficassem cheias, intransitáveis. Duas horas antes do jogo, metade da capacidade da Vila já era ocupada por uma torcida que sonhava com uma vitória em cima de um dos grandes ?fregueses? da história do Paraná.

Mas do outro lado também havia muita gente. Os torcedores do Flamengo chegavam tão empolgados quanto os tricolores, cantando ainda nos carros que os traziam para o campo. Quando eles gritavam, o sistema de som da Vila atacava de samba no último volume, abafando os rubro-negros.

Quando faltava meia hora para começar a partida, os torcedores ocupavam todos os lugares do Durival Britto. E aí a torcida paranista começou a cantar para valer. ?Ô, o Tricolor é meu amor / o Tricolor é meu amor…?, entoavam os tricolores de todos os cantos do estádio. Em minoria, os visitantes ficaram quietos, esperando a bola rolar.

A cada instante, a tensão aumentava. A expectativa da participação – ou não – de Dinelson na partida fazia a galera tricolor ficar apreensiva, esperando a definição do time. Quando veio a confirmação da ausência do camisa 10 do Paraná, sentiu-se uma onda de preocupação. Mas era muito tarde para se pensar nisso, os times já estavam em campo.

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