Paraná 100% vence o Cruzeiro numa partida de sete gols

Foi daquelas partidas para ficarem gravadas na memória do torcedor. Seguindo o estilo característico de seu técnico na época de atleta, o Paraná Clube não mostrou técnica exuberante nem jogadas cinematográficas, mas esbanjou um misto de competência, raça e sorte na espetacular vitória por 4 x 3 diante do Cruzeiro, ontem, no Mineirão.

Lá e cá, o jogo teve três viradas, três bolas na trave (todas na meta paranista) e vários outros lances de perigo. O final foi feliz só para o Tricolor, que na base da garra superou a inferioridade numérica – teve o zagueiro Toninho expulso no começo do segundo tempo, quando o placar apontava 1 x 1 – e agora passa a semana como líder isolado do Brasileirão, com nove pontos em três rodadas.

Curiosamente, o jogo que ofereceria tantas emoções começou meio chocho, esfriado pela forte chuva que caía em Belo Horizonte.

O rejuvenescido e pressionado Cruzeiro tentava o ataque com mais freqüência, mas pouca inspiração. Já o Paraná só trocava passes, sem ser objetivo.

As jogadas de maior perigo, então, surgiram nas falhas das defesas. A do Paraná se superou: Toninho entregou uma bola e Araújo fez Flávio trabalhar.

No final da primeira etapa, foi a vez de Daniel Marques falhar e, após rebote de Flávio, Guilherme fez 1 x 0. Mas o Paraná ainda acharia o empate antes do intervalo, numa pancada do meio da rua de Joelson.

Mesmo depois de uma bronca do estreante técnico Pintado, a zaga tricolor seguiu bobeando no segundo tempo. Aos 11 minutos, Toninho deu outro passe errado, agarrou Guilherme e foi corretamente expulso.

Pintado começou, então, a exibir sorte: quando se preparava para sacar Vinícius Pacheco, o atacante fez bela jogada e cruzou para Josiel atirar-se contra a bola e virar o placar.

Vinícius sairia pouco depois, para entrada de Xaves. Como era esperado, o Cruzeiro partiu para cima, e o Tricolor segurou-se como pôde, mas não evitou duas bolas nas costas da zaga, aproveitadas por Rômulo e Guilherme: agora os mineiros comandavam o placar.

A 15 minutos do fim, Pintado trocou Beto por Everton. Foi uma cartada de mestre – pela esquerda, o garoto deu precisa assistência para Josiel disparar na artilharia do Brasileirão, com cinco gols. Não era o bastante: um minuto depois, em jogada que envolveu o bom estreante Vandinho e Parral, Everton rolou com precisão no canto de Lauro e fez o marcador trocar de dono mais uma vez.

A emoção não acabou: o Cruzeiro atacou desesperado e aproximou-se do empate, enquanto o fechadinho Tricolor por pouco não ampliou em contragolpes. Mas já estava perfeito: os 4 x 3 garantiam uma estréia memorável para o iniciante Pintado.

Estréia não poderia ser melhor

Nem em seus sonhos Pintado poderia desenhar uma estréia como a de ontem.

A dupla virada no placar diante do Cruzeiro, no Mineirão, conquistada com um jogador a menos nos momentos decisivos da partida, levou o técnico a exaltar com grande entusiasmo sua equipe de trabalho.

Para Pintado, o Paraná tem um dos elencos mais fortes do Brasileirão. ?Fiquei preocupado quando perdemos um jogador (Toninho), mas essa equipe merece credibilidade em todos os momentos. A seleção brasileira deve ser o objetivo de todo atleta, e muitos aqui têm condições de chegar a ela. Certamente o Dunga está olhando essa equipe, pois se somos líderes há qualidades?, comemorou, elogiando também a qualidade da comissão técnica e o apoio da diretoria.

Os elogios foram tantos que Pintado pouco falou das mexidas táticas feitas no Mineirão, como a decisão de não repor um zagueiro após a expulsão. ?Nunca poderíamos recuar, pois o Cruzeiro nos sufocaria ainda mais.

Mas o mérito foi todo dos jogadores?, continuou.

Confetes à parte, o técnico ponderou e lembrou da falhas durante a partida – já no intervalo, alertava sobre passes errados na defesa, que depois se repetiram no lance que culminou com a expulsão de Toninho. ?Não vamos nos sentar sobre a liderança. Cometemos muitos erros, que ficaram bem claros, e teremos trabalho para corrigi-los?, falou.

Josiel assume a artilharia

Josiel fez dois gols típicos de Josiel, e saiu do Mineirão como artilheiro isolado do Brasileirão.

O camisa 9 tricolor balançou as redes cinco vezes em três partidas, sempre fiel ao estilo brigador.

No primeiro lance, o atacante voou de encontro à bola para aparar um cruzamento de Vinícius Pacheco; no segundo, posicionou-se bem, atrás da zaga, e de carrinho aproveitou passe preciso de Everton.

Vontade

Os outros gols de Josiel também foram típicos de atacante oportunista: um meio sem querer e outro de pênalti contra o Grêmio, e com um toque sutil dentro da área, diante do Juventude. ?Se não dá na habilidade e no toque de bola, tem que usar a força de vontade?, disse o atacante, lembrando a eficiência das jogadas pelos lados, que resultaram nos dois gols de ontem. ?Provamos que essas jogadas dão resultado?, completou.

Somando à liderança na tabela e na artilharia, o Tricolor ainda ostenta o melhor ataque do Brasileirão, com nove gols. De quebra, manteve o Cruzeiro como freguês: são seis vitórias e um empate nos últimos sete jogos. A última vitória da Raposa aconteceu em 2003, no Pinheirão.

Campeonato Brasileiro
1º Turno – 3ª Rodada
Gols: Guilherme, aos 43 do 1º, Joelson, aos 46 do 1º, Josiel, aos 14 do 2º, Rômulo, aos 22 do 2º, Guilherme, aos 29 do 2º, Josiel, aos 36 do 2º, e Everton, aos 37 do 2º
Local: Mineirão (Belo Horizonte)
Árbitro: João Alberto Gomes Duarte (RN).
Assistentes: Milton Otaviano dos Santos (Fifa-RN) e Luís Carlos Câmara Bezerra (RN).
Cartão amarelo: Beto (P)
Cartão vermelho: Toninho, aos 12 do 2º

CRUZEIRO 3 x 4 PARANÁ

Cruzeiro
Lauro; Jonathan (Rômulo, aos 16 do 2º), Léo Fortunato, Gladstone e Anderson; Paulinho Dias (Maicosuel, aos 21 do 2º), Ricardinho (Renan, 39 do 1º), Charles e Leandro Domingues; Araújo e Guilherme. Técnico: Dorival Júnior.

Paraná
Flávio; Daniel Marques, Toninho e Luís Henrique; Parral, Adriano, Beto (Everton, aos 32 do 2º), Joelson (Vandinho, aos 23 do 2º) e Márcio Careca; Vinícius Pacheco (Xaves, aos 18 do 2º) e Josiel. Técnico: Pintado.

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