Para o técnico da Adap, decisão contra o Coxa será no Couto

A sensação do Campeonato Paranaense repete o cronograma da semana em que desclassificou o Atlético. Não se trata de superstição, mas sim da seriedade com que a Adap de Campo Mourão trata o Campeonato Paranaense. Chegar às semifinais é um feito inédito para a cidade de 82 mil habitantes, mas o técnico Gilberto Pereira, que já desperta a atenção dos grandes da Capital, começa a projetar vôos mais altos.

Gilberto, 42 anos, volante de Coritiba e Pinheiros no final dos anos 80, comandou na quinta-feira o primeiro treino da Adap na Capital.

Ou mais especificamente, em Quatro Barras, no campo da empresa Ethisports – mesmo local onde a equipe trabalhou nos dias que antecederam o jogo diante do Atlético, pelas quartas-de-final. O clube também repetiu o ponto de hospedagem – a Estância Betânia, em Colombo – na semana em que pega o Coxa, pelas semifinais do estadual.

?É que o jogo no Couto Pereira define tudo?, acredita o treinador, que dirige apenas o terceiro clube da carreira – passou pelo Ecus Suzano (SP) antes de ficar quatro anos no Iraty – e falou ao Paraná-Online

Paraná-Online: Por que viajar a Curitiba com tantos dias de antecedência?
Gilberto Pereira: É para sair da convivência com o torcedor. Há uma certa empolgação em Campo Mourão, o que normalmente é prejudicial. Nem sempre os atletas sabem lidar com isso. Aqui eles aproximam as cabeças, tornam-se mais amigos e não perdem o foco.

Paraná-Online: É possível dizer que Adap e Coritiba têm chances idênticas de classificação?
Gilberto: Tranqüilamente. O Coritiba leva vantagem na tradição e na camisa, mas time por time temos condições de igualar tudo. Não seremos omissos.

Paraná-Online: Disputar o segundo jogo em casa é uma vantagem considerável?
Gilberto: Não. A decisão para nós será em Curitiba. Aqui precisamos mostrar eqüilíbrio e controle emocional. O empate pode até ser valoroso, mas sempre buscando algo a mais, sem medo.

Paraná-Online: Qual o diferencial entre a Adap e os outros times do interior?
Gilberto: em geral o interior dá mais valor ao Estadual. Os da Capital planejam mal, sem perceber que o Paranaense tem grande peso na montagem do time para o Brasileiro. E a vantagem da Adap é contar com um grupo que se conhece há dois ou três anos.

Paraná-Online: Mesmo com alguns veteranos, a Adap mostrou uma equipe voluntariosa quando atuou na Capital. É praxe no time?
Gilberto: Os jogadores sabem que se não corrermos mais que os outros não chegaremos a lugar algum.

Paraná-Online: A Adap já está na Série C. Quais os planos para o restante da temporada?
Gilberto: Saí do Iraty para buscar novos horizontes. Assinei contrato de um ano para tocar um projeto a longo prazo, de melhorar as categorias de base e disputar títulos nas categorias menores. A empresa precisa ter subsídios para cobrir os gastos.

Paraná-Online: Quando Barbieri balançava no Paraná Clube e Márcio Araújo deixou o Coritiba, seu nome foi cogitado para os dois clubes. Houve algum contato?
Gilberto: Realmente, dirigentes do Paraná e do Coritiba me ligaram este ano, mais para sondar. O Coxa já havia me contactado no ano passado, quando o Cuca saiu. Ninguém chegou a fazer proposta oficial, mas só este interesse já me deixa bastante envaidecido.

Dormindo na ?concentração? do inimigo

Tão longe de casa, tão perto do rival. A Adap está treinando para a partida de amanhã contra o Coritiba, pela semifinal do Campeonato Paranense, em um centro de treinamentos distante pouco menos de dez quilômetros do CT da Graciosa – e o caminho para chegar aos dois locais é o mesmo. A concentração do time de Campo Mourão (Estância Betânia, em Colombo) é, por sinal, a que foi usada pelo Coxa anos a fio. Tudo para isolar o grupo e deixar todos ainda mais focados nas duas partidas mais importantes da história do clube.

A Adap é um dos times mais ?jovens? do Paraná. Começou a participar da primeira divisão em 2003, em uma parceria com o Ponta Grossa. No ano seguinte, Campo Mourão voltava a fazer parte da elite do futebol estadual, e com um dos clubes mais fortes do interior. Com uma filosofia empresarial, a Adap conseguiu montar elencos fortes – e, este ano, chega ao melhor momento da curta história, eliminando o Atlético e indo para a semifinal do Paranaense.

Naturalmente, a cidade está em polvorosa. O prefeito Nelson Tureck já decretou ponto facultativo para a próxima quarta-feira, quando a Adap recebe o Coxa no jogo de volta, às 15h40. Sabendo disso, o técnico Gilberto Pereira (ver entrevista) ?confinou? o grupo em Colombo. ?Preferimos este isolamento para não perder o foco?, explica.

Para ele, os jogos contra o Atlético passam a ser o exemplo a ser seguido. ?Precisamos manter a humildade sabendo, no entanto, que não existe mais estas história de camisa. Podemos superar as dificuldades?, comenta Pereira, que assim como os jogadores sabem o que virá no Alto da Glória. ?O Coritiba é um grande time, e temos que trabalhar muito para superá-lo?, avisa o atacante Ivan.

A princípio, o único desfalque da Adap para o jogo de amanhã com o Coxa é o meia (que também joga na ala) Batista, suspenso. Mas o treinador se preocupa com o desgaste do grupo. ?Nós temos alguns jogadores cansados, por isso trouxe 26 jogadores para Curitiba?, comenta. Ele também espera a melhora de Marcelo Peabiru (foto) e Barbieri, ambos distantes da forma física ideal. Caso queira manter a base do time que eliminou o Atlético, Gilberto Pereira colocaria a seguinte formação: Fábio; Ângelo, Alex Noronha, Dezinho e Mineiro; Felipe Alves, Leandro, Silas e Souza; Ivan e Gildázio.

Time de Campo Mourão só tem um desfalque

Único desfalque da Adap para enfrentar o Coritiba, o meia Batista também vive uma situação inusitada. Ele está jogando graças a um efeito suspensivo, pois foi punido com dois jogos de ?gancho? pelo Tribunal de Justiça Desportiva. Ele foi julgado pelo artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata das jogadas violentas, e no dia 9 de março foi considerado culpado por todos os auditores da Primeira Comissão Disciplinar.

Com o efeito suspensivo (que vale até o julgamento do mérito da questão pelo pleno do TJD), Batista teve condições de enfrentar o Atlético nas quartas-de-final. Semana passada, ele levou o terceiro cartão amarelo e por isso terá que cumprir suspensão automática contra o Coritiba. E seu caso só deverá ser julgado pelo pleno do tribunal em 6 de abril, data da próxima reunião.

Voltar ao topo