Oposição do Coritiba reforça coro anti-Gionédis

Depois que os movimentos organizados da torcida começaram a pressionar, a oposição do Coritiba saiu da letargia e resolveu agir também. Dos discursos de inconformismo, o bloco contrário à atual administração alviverde partiu para o ataque e passou a reforçar o coro do ?Fora Gionédis?. Encabeçados por Tico Fontoura, João Jacob Mehl, Francisco Araújo, Miguel Checchia e Ed- son Mauad, entre outros, foi dado prazo até amanhã para que o mandatário renuncie a seu cargo. Se isso não acontecer, será pedida uma assembléia-geral de sócios para apreciar o mandato do presidente coxa.

?Quero fazer um apelo ao presidente para que ele (Gionédis) renuncie ao mandato e deixe o Coritiba. Não há mais condições da sua permanência, até para que ele não sacrifique sua saúde e sua vida pessoal?, pediu Tico Fontoura, ontem, numa reunião de conselheiros de oposição num hotel do Centro de Curitiba. Para Fontoura, com Gionédis à frente da diretoria, a situação só tende a piorar. ?Com a autoridade de quem o ajudou, quero que ele faça uma análise sobre os resultados obtidos e uma reflexão sobre as dificuldades sobre o futuro se continuar dessa maneira?, destacou.

Caso Gionédis continue irredutível em sua postura de permanecer, o grupo contrário à atual administração já tem algumas estratégias para derrubar o dirigente. ?Resta o caminho de diligenciar o processo de impeachment e vamos dar entrada até sexta-feira (amanhã) de um pedido de instalação da assembléia-geral do Coritiba?, advertiu. O objetivo dos conselheiros oposicionistas é levar a discussão sobre tudo o que se passa no clube para os associados discutirem e decidirem o que é melhor.

Puxão de orelhas em Militão

Sobrou até um puxão de orelhas para a mesa diretora do Conselho Deliberativo, considerada um pouco lenta no processo de cassação de Gionédis. ?Chegamos à conclusão de que a mesa esteja com dificuldades para levar o processo adiante?, cutucou Fontoura.

Existe a promessa do presidente do Conselho, Júlio Militão da Silva, de apresentar ainda nesta semana o resultado dos exames grafotécnicos das supostas assinaturas de Evangelino da Costa Neves, que disse terem sido falsificadas. Depois, Evangelino voltou atrás e agora diz não saber mais se assinou ou não o documento.

De qualquer forma, Tico Fontoura, em nome da oposição, admitiu que demorou a agir. ?Silenciamos nos últimos meses porque o time ascendeu, tinha um treinador do nosso agrado e não havia o que falar?, apontou. Mas, o descontentamento com a permanência na Série B fez o bloco voltar ao ataque. ?Essa é uma oposição de afinidade entre seus membros, continuamos unidos e a maioria aqui sabe que não há mais condições de o presidente continuar?, finalizou.

Empresa virou caixa-preta dentro do Alto da Glória

Não é só a polêmica em torno das supostas assinaturas de Evangelino da Costa Neves ou a permanência na Série B que move a oposição. Um assunto explosivo e que envolve milhões de reais promete incendiar ainda mais a relação entre o bloco comandado por Tico Fontoura e a diretoria de Giovani Gionédis. Uma comissão do Conselho Deliberativo do Alviverde deve apresentar nos próximos dias um relatório sobre as contas do Coritiba S/A, empresa criada para administrar as verbas obtidas pelo clube e que virou uma espécie de caixa-preta dentro do Alto da Glória.

?Estamos prestes a assinar um relatório alinhavando uma série de questões?, atiçou Fontoura. No entanto, questionado sobre o teor desse relatório, ele saiu pela tangente. ?Não posso falar sobre isso porque a mesa do conselho sequer ainda recebeu o relatório. Não posso me reportar sobre isso?, disse. Mas, ele mesmo garante que esse relatório pode ser mais um documento a ser usado contra Gionédis no pedido de impeachment.

?É um dos assuntos que possa motivar o pedido de impeachment na medida que concluirmos que o relatório traga irregularidades que sejam passíveis de punição?, analisou.

O conselheiro deixou no ar que existem sim essas irregularidades. Principalmente quando revelou que a comissão formada por ele, Domingos Moro, Francisco Araújo, Eduardo Spinola e José Manuel Barradas não conseguiu ter acesso a documentos solicitados à diretoria do clube. O Coritiba S/A começou a gerar polêmica porque é ela que recebe todo o dinheiro levantado através dos contratos de televisão e de patrocínio, além do montante conseguido através da venda de jogadores.

As contas do Coritiba Foot Ball Club, segundo informações, estariam administrativamente em dia. Mas o quanto entra e sai da Coritiba S/A é a caixa-preta que os conselheiros querem abrir e colocar em pratos limpos. O presidente alviverde, Giovani Gionédis, como anunciou após o empate (1 a 1) com o Gama-DF, só irá se pronunciar oficialmente na próxima segunda-feira.

Oposição não aceita composição

Será que a briga entre oposição e situação no Coritiba vai acabar em pizza? Ou seja, numa composição? O lado contrário ao presidente Giovani Gionédis descarta qualquer possibilidade de assumir cargos na atual diretoria para salvar o pescoço do mandatário alviverde. No entanto, já houveram contatos anteriores e até o afastado Domingos Moro voltou a ter seu nome ventilado para voltar a trabalhar diretamente com o futebol. Setores da torcida, por sua vez, vão agir para que isso não ocorra e que os dirigentes atuais deixem o clube o mais rápido possível.

?Não é verdade que nós tenhamos nos proposto a assumir o futebol e o Giovani tenha aceito e, numa segunda oportunidade, nós tenhamos voltado atrás. O que houve foi conversas com conselheiros e isso chegou aos ouvidos do presidente como possibilidade, mas descartada por nós?, revelou Tico Fontoura. Segundo ele, seria irresponsabilidade pegar o futebol do clube a quatro dias da final da Série B. ?O que faríamos? Seria uma incoerência da nossa parte.

A questão foi discutida, mas nunca dessa forma proposta por ele?, analisou.

Para Tico, a volta de Domingos Moro ao Coritiba poderia ser em qualquer cargo, porque ele é um dos maiores coxas-brancas, mas agora não seria o momento adequado para essa volta. ?Não posso acreditar que ele, sendo um dos maiores críticos da atual administração, de um momento para outro, reveja sua posição?, destaca. Mesmo assim, diversos segmentos organizados da torcida estão mobilizados para evitar qualquer tipo de composição ou ?conchavo? que garanta a permanência da atual diretoria e que as mudanças pedidas não aconteçam.

Reunião

O presidente Giovani Gionédis só falará na segunda-feira num pronunciamento em local a ser definido. No entanto, a pessoas, próximas diz que não vai abandonar o barco, mas irá convocar a sua diretoria para saber se terá sustentação para permanecer na briga com a oposição.

Voltar ao topo