Tristeza sem fim

O maior velório da história do futebol brasileiro

Foto: Petra Volski/Estadão Conteúdo

Quando você recebe a notícia da morte de algum parente, um ente querido, um amigo, já é um baque tremendo. Você já começa a relembrar as coisas boas que vivenciaram juntos, os momentos felizes, de alegria, de companheirismo. Logo em seguida, vem uma parte muito dolorosa, o velório. É nesta hora que a ficha realmente cai. A visão do caixão é o sinal de que chegou ao fim. Nunca mais você vai ver aquela pessoa, nunca mais vai dar um abraço, vai conversar com ela.

É realmente um cenário de muita tristeza e consternação. Agora multiplique isto por dezenas. Pois este é o número de caixões que estavam no gramado da Arena Condá, ontem, durante o velório dos jogadores, dirigentes, jornalistas que morreram na tragédia de Medellín. Como explicar um momento como este? Não é a tristeza de apenas uma família, que perdeu alguém muito querido. É a comoção de uma cidade, de um estado, de um país, do mundo inteiro.

A dor que as pessoas sentiram desde o momento em que ficaram sabendo da tragédia, da confirmação das mortes até os longos e dolorosos dias de espera pela chegada dos corpos ao Brasil, não dá para medir. É como se você fosse ao mesmo velório durante uma semana, só que sem o caixão.

Ontem, quando o cortejo saiu do aeroporto de Chapecó em direção à Arena Condá, a tristeza foi tomando proporções gigantescas. Uma chuva ainda insistia em deixar o clima mais triste. Que dor imensa! Familiares, amigos e torcedores se despedindo dos guerreiros sem nem sequer poder vê-los pela última vez, pois os caixões estavam lacrados.

É muito difícil encontrar palavras que possam confortar neste momento. Este episódio ficará marcado para sempre na história do nosso futebol. Espero que possamos aprender com esta tragédia. Futebol não é apenas um jogo, é algo muito maior, que mexe com emoções, que faz rir, faz chorar, traz à tona aquilo que há de melhor dentro de cada um.

Só não pode mais ser transformado em guerra, como é tão corriqueiro. Torcedores precisam entender que o cara do outro lado não é seu inimigo, ele apenas torce para o outro time. Esta tragédia da Chapecoense tem que servir para acabar com esta barbaridade que a gente vê com frequência nos estádios. Vamos celebrar a vida, enquanto ainda podemos, pois o “combustível” pode acabar a qualquer momento.