Moura saiu da cadeia ontem à tarde prometendo novidades na FPF

Magro e abatido, Onaireves Moura deixou às 16h20 de ontem a carceragem do Centro de Observação e Triagem do presídio do Ahu, 59 dias depois de ser preso. Apesar da segunda temporada na cadeira – a primeira foi em 2000 -, o dirigente não se fez de rogado e já anunciou planos para a seqüência de seu mandato na Federação Paranaense de Futebol.

Cerca de 15 pessoas, entre companheiros de federação, advogado e alguns poucos familiares recepcionaram a saída de Moura. Em seu primeiro depoimento para a imprensa, o presidente da FPF contou que emagreceu cerca de 15 quilos e para comprovar levantou a camisa, mostrando a barriga para câmeras fotográficas e de televisão. ?Foi muito difícil (ficar 59 dias na cadeia).

Até hoje não sei por que fui preso?, disse, com voz embargada de choro.

Depois, Moura anunciou com ênfase que irá sortear para dois torcedores paranaenses os ingressos com despesas pagas que a FPF ganhou da CBF para a Copa do Mundo. ?Eu ficarei aqui para provar minha inocência?, falou. Na verdade, Moura está impedido de sair do Brasil enquanto estiver respondendo ao processo na Justiça Federal em que foi denunciado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e formação de quadrilha quando era proprietário de bingos em Ponta Grossa.

Moura falou ainda que reassume a federação hoje à tarde, mas que pedirá licença, alegando problemas de saúde.

O cartola antecipou também que irá propor mudanças da FPF, especialmente sobre o calendário. Apressado, encerrou a entrevista antes de explicar as alterações e caminhou para o carro dirigido pela filha. Mais tarde, a assessoria da FPF anunciou entrevista coletiva com o cartola para a tarde de hoje.

Além da proibição de se ausentar do Brasil, Moura não poderá deixar Curitiba por mais de oito dias e deve comparecer a todas as audiências da Justiça Federal, sob pena de perder o benefício da liberdade provisória concedido quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Segundo o advogado do dirigente, Vinícius Gasparini, a defesa será baseada na negativa de autoria (inocência), alegando que não houve sonegação de impostos enquanto Moura foi sócio dos bingos.

Vices da federação deram conta do recado

Nos quase dois meses de ausência de Moura, a presidência da FPF foi ocupada num rodízio entre os vices Jorge Dib Sobrinho, Aluizio Ferreira e Adroaldo Mário de Araújo. Dib, espécie de líder entre os vices, diz que voltará como se nada houvesse ocorrido. ?O cargo é dele. Poderá voltar quando se sentir à vontade?, falou. Para Dib, Moura não seria destituído do cargo mesmo que permanecesse na cadeia até hoje, quando completaria 60 dias fora da FPF. Ele nega que o estatuto da entidade preveja a saída do comandante após este prazo. ?Ele pode voltar agora e pedir licença de alguns dias. Isso não vai tirá-lo do cargo. O mesmo aconteceria se estivesse preso até hoje?, falou.

Dib considerou a gestão interina bem-sucedida. ?O Campeonato Paranaense terminou bem, com 25 mil pessoas no Pinheirão e uma festa bonita. Não houve nenhum problema ou polêmica neste período?, disse.

Enquanto Moura esteve na cadeia, houve alguns tímidos movimentos para que a FPF fosse renovada. Os maiores clubes, porém, se omitiram e não houve avanços. Em âmbito judicial, há ações que ainda podem, ao menos em teoria, afastar o dirigente: o inquérito do caso Bruxo 2, parado no Tribunal de Justiça Desportiva e sem novidades na Promotoria de Investigação Criminal, e outra movida pela Associação Auxílio, pedindo a saída do dirigente com base no Estatuto do Torcedor, Lei Pelé e Código de Processo Civil.

Voltar ao topo