A Federação Paranaense de Futebol (FPF) deve divulgar hoje a tabela da Série Ouro do campeonato estadual de 2006. Quem garante é o presidente da entidade, Onaireves Moura, em comunicado enviado à imprensa na tarde de ontem. A nota não esclarece, porém, como fica a situação dos clubes Engenheiro Beltrão e Império do Futebol, que conseguiram na Justiça o direito de disputar a primeira divisão do estadual.
Na verdade, a FPF
encontra-se num impasse. Caso não divulgue a tabela até hoje, descumpre o Estatuto do Torcedor, que exige a divulgação no prazo máximo de 60 dias antes do início da competição (11 de janeiro, de acordo com o calendário da CBF). Porém, caso não inclua na tabela Engenheiro e Império, a entidade estará ignorando uma decisão da Justiça.
Com base no próprio Estatuto do Torcedor, Francisco de Assis Alves, simpatizante do Engenheiro Beltrão, conseguiu na comarca de Campo Mourão uma sentença anulando o rebaixamento de seu clube e do Império, últimos colocados no estadual deste ano. O juiz entendeu que FPF não poderia alterar o regulamento de 2004, que previa um ?torneio da morte? para definir os rebaixados.
A Tribuna tentou o contato com Moura ao longo da tarde de ontem, mas ele não se encontrava na sede da FPF e nem atendeu a seu telefone celular. No comunicado elaborado pela assessoria de imprensa da federação, Moura diz que, ?apesar da indefinição do campeão e vice da Série Prata, há necessidade da divulgação da tabela 60 dias antes do início do campeonato, conforme exige o Estatuto do Torcedor?. O mesmo comunicado afirma que ?no grupo A da tabela sairá a indicação do campeão da Prata, e no grupo B, o vice-campeão, de acordo com o que foi definido pelos clubes presentes no arbitral da Série Ouro 2006, realizado em setembro?.
O texto indica que a FPF deve mesmo descumprir a decisão judicial e deixar Engenheiro e Império fora da tabela. Em reportagem publicada ontem pela Tribuna, o diretor técnico da FPF, Almir Zanchi, afirmou que se fosse mesmo obrigada a incluir Engenheiro e Império, a federação teria que deixar de fora os clubes que garantiram em campo o acesso à Série Ouro: Toledo Colônia e Galo Maringá, que disputam as finais da Série Prata. Além de o arbitral ter definido o campeonato com 16 clubes, não haveriam datas disponíveis para que mais dois participantes fossem incluídos na disputa.
Zanchi, que é o responsável pela elaboração da tabela, havia afirmado que não seria possível definir os jogos antes do dia 21. Além da ação judicial e da indefinição do campeão e vice da Série Prata, ele apontou outros problemas que impediam que a FPF cumprisse o prazo estabelecido na lei: ?O Atlético não quer jogar em casa nas duas primeiras rodadas, por causa de manutenção em seu estádio. O Malutrom mudou de nome e também não quer jogar em seu campo nas primeiras rodadas?. A reportagem tentou ouvir Zanchi novamente ontem, mas não conseguiu localizá-lo.
Novo comando do apito
Onaireves Moura nomeou ontem a nova Comissão de Arbitragem da entidade. O presidente será o ex-árbitro Afonso Victor de Oliveira, que durante 26 anos fez parte do quadro da FPF. De 1969 a 1995, Oliveira apitou 546 jogos de profissionais e por 16 anos participou do quadro de árbitros da CBF. A nova comissão, que toma posse na próxima quarta-feira (16), também é formada por José Carlos Meger (vice-presidente), Gerson Baluta, José Amaral e Waldemar Henrique dos Santos (membros efetivos). Todos são ex-árbitros, de acordo com o que exige o estatuto da Fifa.
Os novos comandantes têm um duríssimo desafio pela frente: recuperar a credibilidade da classe, abalada por inúmeras denúncias de corrupção e manipulação de resultados. Oliveira vai assumir o lugar de Valdir de Souza, que deixou a comissão em setembro, quando estourou o ?Caso Bruxo?, que levou ao banimento de oito árbitros, diretores de clubes e dirigentes da FPF. Souza e seu antecessor, Fernando Luiz Homann, estavam no centro das acusações, mas acabaram absolvidos pelo TJD.
Desde o afastamento de Souza, uma comissão provisória vem administrando a arbitragem. Ela é formada por Paulo César da Silva, Dilon Waldrigues e Henrique Mehl. Até o final da temporada 2005, é deles a responsabilidade de definir as escalas.
Os membros da nova comissão foram indicados pelos clubes profissionais e amadores e pela Associação Profissional de Árbitros de Futebol (Apaf). Além de elaborar as escalas a partir do ano que vem, a comissão terá a tarefa de organizar os testes para novos árbitros e indicar observadores de arbitragem e instrutores para a escola de árbitros, além de definir datas e locais dos cursos de formação de novos juízes de futebol.