Mistério é a arma do técnico tricolor

São Paulo – Para Paulo Autuori, do São Paulo, todo cuidado é pouco. Por essa razão, o técnico proibiu a imprensa de fazer imagens da maior parte do treino de ontem à tarde, no CT do clube. A idéia é não dar armas ao treinador e aos jogadores do Palmeiras, que poderiam reconhecer uma jogada ensaiada pela tevê. Durante uma hora, as câmeras tiveram de ficar desligadas.

?Eu precisava de privacidade com meus jogadores?, justificou Autuori. No treino, o técnico deu ênfase às jogadas de bola parada – principalmente para o setor de defesa. ?Todos sabemos que o Palmeiras tem ótimas opções na bola parada?, comentou o volante Josué, lembrando que, do lado rival, há batedores como Corrêa e Juninho. ?Por isso, treinamos bastante para nos prevenir contra esse tipo de jogada.?

Jogadas de ataque também foram treinadas. Luizão, que teve a escalação colocada em dúvida por causa de um corte profundo no rosto, treinou bem. ?Não tem mistério algum. Se não houver problemas, joga o time que vinha jogando?, disse Autuori, que chama Luizão de guerreiro. ?Ele tem uma história de sempre ir para o pau, de ir para a luta quando é preciso.?

Pelo regulamento da Libertadores, gol na casa do adversário tem mais peso. Os jogadores do São Paulo sabem disso. E vão tentar surpreender o Palmeiras no Palestra Itália. ?Sabemos que um gol é importante, mas não vamos ser camicases, não vamos ter uma tática suicida. Vamos jogar de forma equilibrada?, disse Autuori.

O técnico vai manter a formação com três zagueiros, com Fabão, Edcarlos e Lugano.

Pelas laterais, alviverde tenta surpreender

São Paulo – O caminho que pode levar o Palmeiras a uma vitória no primeiro confronto passa pelas duas laterais do campo. O técnico Paulo Bonamigo acredita que para vencer o clássico, sua equipe terá de parar os alas são-paulinos Cicinho e principalmente Júnior.

Não por acaso o treinador do Palmeiras resolveu trocar o seu lateral-direito. Bonamigo escalou Bruno no lugar de André Cunha, porque entende que o novo titular é o mais indicado para conter os avanços de Júnior.

Além disso, Bonamigo escalou o time com três zagueiros – Daniel, Gabriel e Gláuber. Assim, Juninho Paulista será o responsável pela armação das jogadas no meio e Marcinho estará ao lado de Washington no ataque.

O próprio Bruno, após o treino coletivo de ontem, no Palestra Itália, entregou o chefe. ?Ele (Bonamigo) disse que nós poderemos ganhar o jogo naquele setor?, admitiu.

Na prática, Bonamigo quer surpeender o São Paulo. O técnico entende que a melhor alternativa para inibir os avanços de Júnior não é escalar alguém de boa qualidade na marcação em seu encalço. Fez justamente o contrário, usando um lateral com uma freqüência ofensiva tão boa quanto a do próprio ala do São Paulo.

Nas palavras do próprio Bruno está a certeza de que é por aí. ?Se o Júnior me fizer correr atrás dele, pode ter certeza que ele também terá de correr atrás de mim. Porque vou jogar com total liberdade para atacar?, avisou.

No treino coletivo de ontem já foi possível ter uma idéia de como Bruno vai atuar. Se ele teve de acompanhar os avanços de Fabiano (lateral-esquerdo dos reservas) até a linha de fundo, também fez Fabiano sofrer para acompanhá-lo.

?Até já estudei como o Júnior gosta de atuar. Ele é um jogador muito rápido, que dificilmente entra pelo meio. Ele gosta de ir à linha de fundo, para cruzar. De minha parte, vou estar atento?, contou Bruno.

Grafite diz que não quis provocar

São Paulo – Ao dizer que gostaria de se sentir ?em casa? no Parque Antártica – e poder ?abrir a geladeira e fazer xixi com a porta do banheiro aberta? -, Grafite se tornou o grande personagem do jogo de hoje. Estará na mira de todos os palmeirenses.

O atacante acha que não é para tanto. Disse ter sido mal interpretado pelos repórteres. Fez questão de deixar isso claro para os jornalistas que tentaram entrevistá-lo após o treino. ?De uma coisinha assim…?, disse ele, usando os dedos para mostrar que se tratava de algo pequeno, ?…fizeram um alarde desse tamanho?, completou, abrindo os braços.

Grafite não quis parar para dar mais depoimentos. Baixou a cabeça e foi para o vestiário.

Verdão é freguês

São Paulo – Palmeiras e São Paulo iniciam hoje a disputa por uma vaga nas quartas-de-final da Copa Libertadores da América com a necessidade de romper tabus. O alviverde nunca conseguiu derrotar o tricolor em jogos válidos pelo principal torneio interclubes do futebol sul-americano. Por sua vez, os são-paulinos sempre terminaram vice-campeões nas duas vezes em que eliminaram os palmeirenses da Libertadores, em 1974 e 1994.

Nos quatro jogos disputados entre os dois rivais pela competição foram três vitórias do São Paulo e um empate. O Palmeiras nunca conseguiu vencer seu adversário pela Libertadores. No quesito gols, o São Paulo lidera pelo placar de 6 a 2.

Curiosamente, ao contrário do que se espera para este ano, os jogos entre Palmeiras e São Paulo pela Libertadores não costumam atrair grandes legiões de torcedores. O público somado das quatro partidas disputadas até hoje é de pouco mais de 60 mil torcedores.

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