?Miranda e um fanfarrão? diz Luiz Alberto

O presidente afastado do Paraná Clube, José Carlos de Miranda, só terá seu futuro no clube definido em fevereiro. Saiu da reunião do conselho deliberativo, na terça-feira, afirmando que após um mês de investigações, nenhuma prova foi apresentada. Também disparou contra o atual vice de futebol Durval Lara Ribeiro e o empresário Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho, que teriam ?tramado? a sua saída do comando do clube, no final de setembro.

Luiz Alberto, dessa vez, partiu para o contra-ataque. ?O Miranda é um fanfarrão?, afirmou o sócio-proprietário da L.A. Sports, que durante cinco anos investiu no Tricolor, das categorias de base ao time principal. O empresário admitiu ter feito as gravações que determinaram não só o afastamento, mas também as investigações que sucederam o episódio.

?Só que todos precisam saber que nunca houve pagamento de propina. O Miranda é quem cobrou comissão para que negócios fossem concluídos. Dei um cheque, perdi R$ 20 mil, apenas para desmascará-lo?, disse Luiz Alberto. O cheque em questão foi pago na transação do volante Xaves, que depois seria cedido ao Atlético Mineiro. ?Até essa história é complicada. O jogador me procurou, avisando que o Miranda estava negociando-o para o clube mineiro, sem que eu fosse sequer avisado?, lembrou Luiz Alberto.

Naquele momento, o Paraná detinha 70% dos direitos econômicos do jogador e a L.A. Sports os outros 30%. ?Quem intermediava a transação com o Galo era a advogada Adriana Penna. Ao saber disso, me propus a pagar o mesmo valor, R$ 400 mil. Assim, a L.A. passaria a ser a dona do atleta. Fui surpreendido com a extorsão?, denunciou Luiz Alberto. ?O Miranda disse que se não recebesse R$ 20 mil, não faria negócio. Aceitei pagar, para revelar quem ele era de verdade?. Segundo Luiz Alberto, a partir desse momento – e usou o caso de Eltinho como o exemplo – o ex-presidente passou a cobrar percentuais para cada transação efetuada.

O empresário disse ainda que há mais de um ano já havia alertado outros dirigentes sobre os desmandos do ex-presidente, mas poucos deram importância. No início do ano, decidiu sair do clube. ?Agora, eu pergunto: por que abandonaria o barco na hora do mignon, na hora em que conseguiríamos uma grande projeção na Libertadores??. O caso envolvendo Xaves foi só o estopim. Na visão do empresário, as questões envolvendo Thiago Neves e Eltinho são as mais graves.

?Vejo comentários sobre ausência de provas. Mas, os contratos desses jogadores são a maior prova. Não há um contrato de compra e venda. Eles foram emprestados ao Japão e, no processo, percentuais significativos foram transferidos para a empresa do Léo Rabello?, denunciou. ?Chegou um momento em que todas as transações do Paraná passaram a ser realizadas no escritório da Systema, no Rio de Janeiro. O Rabello era o representante legal do clube, para qualquer transação?, assegurou.

Luiz Alberto citou como exemplo o empréstimo de Leonardo ao Flamengo, onde R$ 50 mil foram destinados à Systema. ?Só que o curioso é que o Leonardo nunca foi jogador do Rabello?. O empresário, diante das insinuações de Miranda, desafiou o ex-dirigente a abrir seu sigilo bancário. ?Vou até o fim. O Miranda tem que pagar por tudo o que fez?, finalizou Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho.

Ex-presidente diz que só há denúncias vazias

O futuro de José Carlos de Miranda no Paraná Clube será definido na segunda quinzena de fevereiro. O presidente do conselho deliberativo, Luiz Carlos de Souza, divulgará a data nas próximas semanas. Na reunião da última terça-feira, quando definiu-se o ?conselhão? como o fórum para o julgamento, o ex-presidente mostrava-se tranqüilo. ?Não há provas, só denúncias vagas de empresários, que pretendiam usar o clube?, afirmou Miranda.

O dirigente, afastado do comando do clube desde o final de setembro – quando cedeu seu posto a Aurival Correia -criticou o empresário Luiz Alberto e chamou o atual vice de futebol, Durval Lara Ribeiro de ?mau-caráter?. ?Foram eles quem articularam tudo?, desabafou. Na visão de Miranda, ele foi pego num fogo cruzado entre empresários, que passaram a disputar os direitos econômicos de Thiago Neves. ?Tudo foi feito às claras. As transações têm a assinatura de todas as partes envolvidas. Só que depois, com a valorização do jogador, o olho cresceu?, disse.

Miranda acusou a L.A. Sports de negociar o que não era seu, numa referência ao contrato que Thiago Neves assinou com o Palmeiras, em agosto. ?Intermediei a transação, sim. Pois era um bom negócio para o jogador. Mas, não peguei nada nesse processo?, garantiu Luiz Alberto. Já Thiago Neves levou R$ 400 mil de luvas. Só que depois, sob pressão de Léo Rabello e do Fluminense, o meia decidiu continuar no clube carioca, aumentando ainda mais a tensão entre as partes.

?Estou seguro, pois tenho tudo documentado. Não haverá julgamento, mas uma sessão para se esclarecer fatos?, disse José Carlos de Miranda, otimista com o desenrolar dos fatos. Porém, muitos conselheiros não têm o mesmo pensamento. A começar por aqueles que participaram da comissão de investigação. Se não houve uma conclusão única – três vertentes surgiram -, dos nove componentes, apenas dois inocentaram Miranda das acusações. Os outros sete votos imputam ao ex-presidente envolvimento em transações irregulares.

Eltinho volta a ser do Paraná

O empresário Léo Rabello sofreu novo revés. Agora, no caso Eltinho. A Justiça do Trabalho deu liminar ao lateral-esquerdo, considerando nulo o contrato de cessão de parte dos direitos econômicos do atleta à Systema. No início da semana, Rabello já havia levado um golpe ao não conquistar a tutela antecipada de Thiago Neves, como pretendia. Os contratos, não por coincidência, são similares.

Em especial no que diz respeito às clausulas penais. Nos dois casos, a Systema teria plenos poderes para determinar por qual clube – do Brasil ou do exterior – os atletas deveriam atuar. Uma situação ?absurda? na visão dos dirigentes paranistas, em especial no contrato de Eltinho, já que a empresa de Rabello detinha tão-somente 30% dos direitos econômicos do jogador.

Pior do que isso, caso o Paraná se recusasse a liberar o atleta, ficaria sujeito a pagar uma multa de R$ 5 milhões (no caso de Thiago, a multa era de R$ 6 milhões). A juíza Rosângela Vidal revogou esse contrato, devolvendo ao Paraná Clube plenos poderes para definir o destino de Eltinho, que tem contrato com o clube até outubro de 2009. Foi marcada a primeira audiência desse caso para o dia 21 de janeiro próximo.

O Paraná Clube também já moveu ação, com o objetivo de recuperar os 30% dos direitos do atleta, que segundo investigações teriam sido cedidos irregularmente a Léo Rabello. Como no caso Thiago Neves, o caso deve tramitar para a Justiça Comum, por se tratar de documentos particulares, não reconhecidos pela Justiça do Trabalho, que só reconhece os acordos firmados entre clubes e atletas.

?Nossa preocupação é recuperar o patrimônio perdido?, disse o vice de futebol Durval Lara Ribeiro. A base da defesa do Paraná está no fato dos contratos firmados entre Miranda e Rabello não seguirem as regras estatutárias do clube, que exige em assinatura do diretor financeiro do clube e anuência do conselho normativo nas transações que superem os mil salários mínimos.

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