Michael Schumacher vai dar as cartas na Ferrari

Madonna di Campiglio – Michael Schumacher foi um dos maiores responsáveis pela Ferrari tornar-se, como ele próprio, a maior vencedora de todos os tempos na Fórmula 1.

Em Interlagos, ano passado, disputou sua última corrida na competição. E ontem, em Madonna di Campiglio, na Itália, o novo diretor-técnico da Ferrari, Mario Almondo, deixou claro que o piloto alemão, sete vezes campeão do mundo, continua mandando muito na equipe italiana: ?Ele colaborou de forma decisiva na definição da nova organização da Ferrari?.

E sua nova função na escuderia já está acertada: ?Estamos trabalhando para Michael dispor de todos os recursos possíveis para ele acompanhar, em tempo real, tudo o que realizamos nos testes e nos GPs, caso não esteja presente fisicamente?. Nas provas em que for, Almondo explicou: ?Vai estar na mureta dos boxes, conectado com o rádio e participará das reuniões dos pilotos com os engenheiros?. Nos próximos dias, Almondo e o novo diretor-esportivo, Stefano Domenicali, irão se reunir com Schumacher para dar seqüência à definição de suas novas atividades.

Resumo da história: os pilotos titulares da Ferrari este ano são Felipe Massa e Kimi Raikkonen. Mas quem vai estar por trás das decisões técnicas e esportivas mais importantes será Michael Schumacher. ?Ele é um patrimônio do grupo, não pode ser desprezado. Ter à nossa disposição sua competência, conhecimento e experiência será fundamental?, explicou Domenicali. Nesse organograma, Jean Todt passa a ser o delegado administrativo, cargo abaixo apenas do presidente, Luca di Montezemolo.

É isso mesmo: a Ferrari irá instalar computadores e um sistema de captação de dados, via rádio na casa de Schumacher, na Suíça, para que ele receba os dados sobre o comportamento do carro nos testes e nos fins de semana de corrida. À distância, Schumacher irá sugerir o que fazer para tornar o modelo 2007 mais veloz. Tudo isso nos GPs em que ele próprio não estiver lá, ditando os rumos de sua ex-escuderia.

Até por uma questão de respeito à dupla de pilotos atual, Domenicali afirmou que não existem planos para Schumacher pilotar, ao menos agora, a nova Ferrari. Quarta-feira, Raikkonen defendeu a importância de Schumacher avaliá-lo: ?Ele conhece muito bem o carro do ano passado e poderá nos dar uma idéia do quanto o novo evoluiu?, explicou. Até o embarque da equipe para a abertura da temporada, dia 18 de março na Austrália, serão 19 dias de testes com o modelo a ser lançado, domingo, na sede da Ferrari, em Maranello.

Já não havia mais dúvidas sobre a ausência de hierarquia entre Massa e Raikkonen, mas ontem Domenicali expôs como a coisa vai funcionar na prática: ?Os dois irão largar do mesmo lugar. Ambos desejam nos mostrar do que são capazes. Então, o carro reserva será acertado alternadamente para cada um nos GPs?. Domenicali deu mais detalhes: ?Depois, em algum ponto do campeonato vamos ver quem tem mais chances de vencer e a estratégia o privilegiará, como parar depois no primeiro pit stop das corridas.? Conclui o tema de forma a não deixar nada no ar de uma vez por todas: ?O que fizerem na pista determinará essa relação?.

Novos tempos, mesmo para a Ferrari que desde a chegada de Schumacher, em 1996, concentrou no alemão a maior parte de suas atenções. O papel que era de Ross Brawn na definição das estratégias, fundamentais na Fórmula 1 moderna, estará a cargo do ex-chefe dos engenheiros de pista, Luca Baldisseri, que na prática já trabalhava com Brawn nessa função.

Como não poderia deixar de ser, a dupla de novos dirigentes da Ferrari comentou sobre o carro que será apresentado domingo: ?Inovador, representa uma evolução de cada área do modelo de 2006, mas concebido de acordo com a interpretação do regulamento nos seus limites, o que não fazíamos antes?, adiantou Almondo. A nova Ferrari ainda não tem nome, mas sabe-se que terá um novo câmbio, menor que o anterior, nova versão de motor, projetado para os próximos três anos sem desenvolvimento, como manda o atual regulamento, e uma nova aerodinâmica.

Nicolas Tombazis, engenheiro que regressou à equipe – estava na McLaren -, definiu com Aldo Costa, coordenador do projeto, uma frente um pouco mais elevada, posição distinta para o piloto, em que ficará mais deitado, e laterais mais baixas. A suspensão dianteira se assemelha à da Renault. É com esse monoposto que Massa e Raikkonen irão tentar manter a Ferrari no nível em que Schumacher colaborou decisivamente para atingir. Com uma mãozinha do alemão, que se diga.

Barrichello ainda fala em título

São Paulo – O contrato de Rubens Barrichello com a Honda vai até o fim do ano, quando a opção de renovar ou não é dos japoneses. Mas o piloto brasileiro garante que não está preocupado em ficar sem lugar no time e na Fórmula 1 em 2008, após uma temporada ruim em 2006. Diz que a aposentadoria é plano para o futuro e que ainda sonha, aos 35 anos, em ser campeão.

?Não acho que tenha de trabalhar a mais para mostrar alguma coisa. Será o meu 15.º ano na F1. Tenho uma opção de renovação no contrato, tem outras equipes nessa temporada?, disse Barrichello. ?Não que eu vise uma mudança, mas eu só não acho que vai ser o último ano. Em primeiro plano está o meu sonho de ser campeão?, completou.

Rubinho garante que quer começar o ano ?com os pés no chão?. ?No ano passado, comecei com um fervor muito grande e aquilo foi abalado desde o começo porque o carro nas corridas não confirmou o desempenho dos testes e ficou muito abaixo. Este ano estou tranqüilo, como franco-atirador, mas começo com uma boa expectativa do carro e querendo tirar tudo dele?, disse. ?Que vou ter um ano melhor, tenho ciência disso.? Em 2006, Rubinho terminou a temporada em sétimo lugar, com 30 pontos, contra 56 do companheiro Jenson Button.

Para esta temporada, além de um modelo competitivo, o brasileiro poderá ter um carro de cor nova, até agora um segredo da Honda. ?Eu mesmo não sei. Li nos sites que pode ser verde, disseram que continua sendo branco. Mas eles querem manter um certo segredo?, explicou.

Barrichello, que está em férias no Brasil, retorna à Europa no dia 19 para uma temporada de testes com o novo carro da Honda, que se inicia dia 24, primeiro em Barcelona, depois em Bahrein e Malásia.

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