Maurício encerra história no vôlei

São Paulo – Maurício, ex-levantador da seleção brasileira, anunciou a aposentadoria ontem, aos 37 anos. Desde a medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, quando desligou-se da seleção, o jogador convencia-se de que a carreira nas quadras estava no fim. Foram 23 anos, 18 com o Brasil. Bicampeão olímpico, campeão mundial, tetracampeão da Liga Mundial, heptacampeão sul-americano, heptacampeão brasileiro e dono de outras dezenas de títulos, Maurício garante que está feliz. ?O que mais poderia querer??, pergunta a si mesmo, ao conversar com a reportagem da Agência Estado. ?Estou feliz.?

A decisão, segundo ele, foi amadurecida durante a última temporada de clubes, quando atuou no Macerata, na Itália. Explica que a carreira sempre esteve ligada à seleção e após deixar o grupo, ?já não tinha o mesmo tesão de antes?. Não agüentava mais as concentrações. Queria ficar com a mulher e os filhos.

Pudera: nenhum outro jogador brasileiro vestiu tanto a camisa do País. Foram 580 jogos. Quando atingiu a marca dos 500, durante a Liga Mundial de 2002, ganhou festinha da Confederação Brasileira de Vôlei, no Recife – Carlão chegou a 382, William, 358 e Bernard, 341. Em 1987, foi convocado para a seleção pela primeira vez. O técnico era o coreano Young Wan Sohn. A estréia no grupo adulto, no entanto, foi em 22 de abril de 1988, em Santiago de Cuba, na disputa da Copa Cuba. Cortado para o Sul-Americano, voltou ao grupo no ano seguinte com o técnico Bebeto de Freitas. ?Foi o meu mestre. Me ensinou muito. Sei que nasci com dom, mas foi ele que me ensinou a utilizá-lo.?

Ainda como reserva de William, da então ?geração de prata?, Maurício disputou seus primeiros Jogos Olímpicos, em Seul. ?O Sul-Americano de 89 foi a marca da geração de ouro, que chegou ao título em Barcelona. Deixou de completar o time, para manter o que a seleção conquistava.?

O levantador, sempre um maestro em quadra, começou a jogar aos 14 anos no Fonte São Paulo, em Campinas. Ficava o dia inteiro no clube. Jogava com o mirim, o infanto, o juvenil… Participava dos treinos como gandula. ?Lembro de tudo, com detalhes. Passa um filme na cabeça. Tenho uma bonita história?, comenta o levantador, que do vôlei ganhou mais do que títulos e dinheiro: conheceu a esposa Roberta nas arquibancadas. Era torcedora.

Segundo Maurício, ?chegou o momento de assumir que basta. Estou bem… Queria terminar de uma forma feliz. Mas confesso que é difícil falar sobre isso. Acho que depois das Olimpíadas de Atenas, quando deixei a seleção, já estava programando na minha cabeça o fim da carreira. Jogar vôlei para mim sempre esteve associado à seleção. Foram 18 anos de seleção. De vitórias e de derrotas. Graças a Deus, muito mais vitórias do que derrotas. Já fiz muito pelo vôlei e o vôlei já fez muito por mim?.

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