Marinho no Corinthians

São Paulo – O Corinthians contratou mais um reforço para a temporada 2005. É o zagueiro Marinho, que conquistou o vice-campeonato brasileiro pelo Atlético-PR no ano passado.

O técnico Tite soube que o contrato de Marinho havia acabado com o Atlético e não perdeu tempo: pediu o zagueiro para a MSI.

Kia Joorabchian resolveu investir R$ 60 mil mensais em dois anos de contrato do jogador de 28 anos.

Tite confia muito em Marinho. Ele foi seu zagueiro titular quando o Grêmio conseguiu o título da Copa do Brasil em 2000, diante do próprio Corinthians, no Morumbi.

Marinho deverá ser integrado ao grupo do Corinthians na próxima segunda-feira, em Porto Feliz. Antes dele, já tinham sido contratados o zagueiro Sebastián Domínguez, o volante Marcelo Mattos, o meia Carlos Alberto e o atacante Carlos Tevez.

O ídolo do time é… Kia!

São Paulo – Cerca de cinqüenta corintianos se espremiam no alambrado do Parque São Jorge. Na escaldante manhã de ontem eles brigavam por um autógrafo. Não dos jogadores. Mas do iraniano Kia Joorabchian que, com seus milhões, caça estrelas pelo mundo para atuar pelo Corinthians. Sorrindo, Joorabchian dava os seu, autógrafos. "Ele é uma gracinha. Parece mesmo o João Kléber (apresentador da Rede TV!). Mas um João Kléber rico", elogiava Heloísa Castro, torcedora que de tão feliz beijava o autógrafo onde estava escrito "All best, Kia" (Tudo do melhor, Kia).

Kia sorria satisfeito. Sabia que havia dado volta a volta por cima. As contratações de Tevez, Carlos Alberto, Sebastián Domíngues e a perspectiva da chegada de Vágner Love calaram as acusações de aventureiro, testa-de-ferro da máfia chechena, mentiroso… Provando que as pessoas se acostumam rápido às coisas boas, os torcedores apelavam para o inglês para pedir o velho sonho: "Stadium, stadium, stadium, stadium", pediam em coro os torcedores.

Ele só sorria e encarava os torcedores, posando como quem pudesse realizar mesmo o último sonho. Incentivado pelo apoio, Kia deu uma entrevista imprevista, desabafou e provocou os inimigos. "Não riram quando eu disse que contrataria o Tevez? Ninguém no mundo era capaz de acreditar. Depois não falaram que eu não pagaria ao Boca Juniors? Paguei. Quem seria capaz de imaginar um time do Brasil repatriando um jogador com potencial para atuar na seleção de 20 anos? Esta aí o Carlos Alberto. Estou montando um time para ganhar tudo o que disputar. Tudo e por muitos anos. Porque manterei uma equipe corintiana forte por vários anos", promete. "Quero ganhar tudo, tudo, tudo", repetiu em tom provocador.

Mas havia espaço para rancor. "Eu fiquei decepcionado com a minha chegada no Brasil porque cheguei com o intuito de trabalhar. Fui acusado de várias coisas sem prova. E agora? As acusações não deram em nada. Existem pessoas que ainda tentam aparecer na televisão falando de mim, só que não merecem nem a minha resposta. Não estou para falar. Estou no Brasil para fazer e estou fazendo."

Quando o assunto era dinheiro, ele esnobava. "Eu estourei o meu orçamento há muito tempo. Para montar o time que desejo para o Corinthians tive de gastar bem mais do que eu mesmo havia planejado."

Orgulhoso

O presidente Alberto Dualib, que acompanhava a entrevista orgulhoso do iraniano, resolveu interrompê-lo. "O que o Kia está fazendo é um ato de heroísmo. Montar uma equipe espetacular como a que o Corinthians nunca teve neste inflacionado mundo do futebol é um ato de heroísmo e precisa ser reverenciado."

O iraniano ia começar a explicar o porquê de não ter sanado as dívidas do departamento social do Corinthians, quando Dualib de novo interrompeu. "Ele só pagou US$ 2 milhões porque quisemos. Não quisemos receber já os US$ 20 milhões porque o dólar está em baixa. Perderíamos cerca de R$ 8 milhões no câmbio. Vamos esperar subir para depois receber o que ainda falta. Não vamos jogar fora tanto dinheiro."

O presidente corintiano, que não queria responder perguntas, voltou a falar espontaneamente e tentou dizer que não merecia o apelido que conselheiros da oposição lhe deram. "Ele é a rainha da Inglaterra do Parque São Jorge. Tem pose, mas não manda nada. Quem manda é o Kia que comprou o futebol do clube", repete o conselheiro Romeu Tuma Júnior. "Quero deixar claro que todas as decisões no futebol têm a participação do presidente. Nenhuma contratação é acertada sem o aval da presidência."

Kia ficou envergonhado apenas quando teve de comentar os autógrafos. "Eu não sou ídolo. Sou alguém trabalhando com o Corinthians." A estréia dos novos reforços deve ser somente no dia 29 de janeiro, contra o América-SP, pela quarta rodada do Campeonato Paulista, no Estádio do Morumbi.

Love custará R$ 50 milhões

São Paulo – Empolgado com os gastos da MSI na montagem do time, Alberto Dualib, entre as inúmeras interrupções que fez na entrevista coletiva de Kia Joorachian, deixou a empolgação dominá-lo e entregou que já está certo até o valor que a MSI pretende pagar por Vágner Love. "Nós já gastamos R$ 150 milhões com os primeiros reforços. Fechando com o Vágner Love vamos chegar a R$ 200 milhões", disse Dualib, para desgosto de Kia, que fingiu não entender a declaração – o iraniano entende perfeitamente o português.

50 milhões de reais não foi um valor aleatório. A quantia de US$ 18 milhões é quanto o representante da MSI na Rússia está autorizado a oferecer à diretoria do CSKA. Circula a informação no Parque São Jorge que Kia soube que os dirigentes russos estão dispostos a liberar o atleta diante do lucro impressionante de US$ 10 milhões em sete meses. Na compra do jogador o CSKA gastou US$ 8 milhões, em julho de 2004.

O atacante desembarca hoje em Roma, na Itália, onde o CSKA faz sua pré-temporada. Ele já sabe que papel desempenhar. Irá implorar para ser liberado. Diz que jogar no Corinthians é "uma questão de paz de espírito?. Irá falar sobre o seu filho Vágner Júnior, de dois meses, de quem sente que não pode se separar. Instruído por representantes da MSI dirá que devolve até o último dólar que já recebeu do CSKA. Love sabe que Kia o restituirá na volta.

A perspectiva no Parque São Jorge é que a negociação de Love seja concretizada ainda neste final de semana. Os dirigentes ficarão esperando a resposta do jogador ou do seu procurador Cláudio Guadagno. A esperança é enorme de acerto.

Em relação a Mascherano, informações desencontradas. "Nós estamos conversando. Acredito que ele possa vir para o Corinthians", afirma Kia. No entanto, vários conselheiros ligados a Alberto Dualib juram que a MSI perdeu a chance de contar com o volante da seleção argentina para este primeiro semestre. Os dirigentes do River Plate só aceitam liberá-lo depois da Libertadores.

Os contatos entre Mascherano e Tevez têm sido diários. Os dois falam por telefone. O atacante trabalha firme para convencê-lo a participar da aventura brasileira no Parque São Jorge.

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