Márcio Araújo acertou a renovação com o Coxa

O ano de 2006 para o Coritiba teve ontem o seu marco inicial. A diretoria alviverde realizou mais uma das reuniões pós-Campeonato Brasileiro e confirmou a renovação de contrato do técnico Márcio Araújo. Apesar de não ter conseguido atingir o objetivo traçado quando da sua contratação (a fuga do rebaixamento), o treinador recuperou o moral do elenco e melhorou o rendimento do time. Será Márcio o responsável por tentar recolocar o Coxa na primeira divisão.

As conversas com o técnico seguiam o sabor da polêmica eleitoral, mas o presidente Giovani Gionédis quis antecipar a definição – tal como disse na semana passada. O acerto verbal com Márcio aconteceu na noite de segunda. ?Estava em São Paulo resolvendo alguns problemas quando recebi um contato da diretoria, fazendo o convite. Aceitei com muita alegria, estou me sentindo orgulhoso e satisfeito em poder fazer mais pelo Coritiba?, conta o técnico, que não fez nenhuma exigência para renovar. ?Nem preciso, pois estamos rodeados de gente competente?, elogia.

Já acertado, Márcio Araújo voltou para Curitiba na manhã de ontem e logo se juntou ao comando do departamento de futebol, que faz reuniões diárias desde quarta passada. Ao lado de Gionédis, do vice André Ribeiro, do diretor Almir Zanchi, do superintendente Odivonsir Frega e do assessor da presidência José Hidalgo Neto, o treinador avaliou os jogadores que podem ficar e os possíveis nomes a serem contratados. ?A avaliação já estava sendo feita e a gente só está prosseguindo. Precisamos ver quem fica e quem sai?, comenta.

A intenção do técnico é acelerar, a partir de agora, o processo de contratações, até pela falta de tempo. ?Vamos começar a temporada com apenas sete dias de trabalho, por isso tudo que pudermos fazer agora é importante?, afirma. O perfil que Márcio Araújo pretende para o elenco é semelhante ao que a diretoria programou na semana passada. ?Em 2006, precisaremos de jogadores que tenham um algo mais a nos dar. Precisamos de gente com talento e vontade?, resume.

Isso porque o Coritiba terá uma temporada de alta exigência. ?Há uma expectativa muito grande, haverá muita cobrança, e com razão. Vamos entrar com um grande objetivo, que é subir para a primeira divisão, mas temos que conquistar todos os campeonatos que teremos?, diz Márcio, que aproveita para ditar outro ?preceito? para quem ficar no clube. ?Temos que montar um grupo com espírito vencedor, que é o espírito do Coxa?, diz.

Para ele, um dos pontos mais favoráveis ao Cori não estará dentro de campo. ?Nós vamos começar com um fator muito positivo, que é a presença do nosso torcedor. Eles foram maravilhosos no Brasileiro e serão importantíssimos na próxima temporada. Com eles nos apoiando e entendendo as dificuldades que teremos, principalmente no início do ano, vamos ter mais condições de buscar nossos objetivos?, finaliza.

História

Será o terceiro período de Márcio Araújo no Coritiba – o primeiro foi durante o Brasileiro de 1999 e o segundo a reta final do campeonato deste ano. Pela primeira vez o técnico iniciará uma temporada no clube, situação que poderia ter acontecido em 2000, quando Márcio não quis renovar com o Coxa para voltar a São Paulo e ficar com os familiares.

Reeleição de Gionédis deve ser validada ainda hoje

De hoje não passa. Pelo menos é o que esperam os torcedores do Coritiba, cansados do maior imbróglio político da história do clube. Há dez dias, desde a eleição da última segunda-feira, situação e oposição disputam o comando do clube – enquanto o grupo de Giovani Gionédis lutava para comprovar a lisura do processo, os aliados de José Antônio Fontoura queriam mostrar que houve irregularidades. Ambos esperam a posição da mesa diretora do Conselho de Administração, que promete para esta manhã a avaliação do recurso dos oposicionistas, que tentavam impugnar nove votos e mudar o resultado do pleito. A pendenga quase teve seu capítulo final ontem.

Nos últimos dias, os correligionários de Tico Fontoura se irritaram com o ?imobilismo? do Coxa. Para eles, o clube não está parado. ?O trabalho da diretoria começou no dia seguinte à partida com o Internacional?, afirmou Fontoura, em entrevista à rádio Banda B. Só que as decisões que já poderiam ter sido tomadas foram paulatinamente adiadas por conta (ou por coincidência) da confusão.

A interrupção das negociações acabou sendo imputada, indiretamente, para os oposicionistas – fato que deixou Fontoura magoado. Por isso, ele e outros integrantes da chapa Campeão de Novo começaram a admitir a decisão de abdicar até do recurso enviado ao Conselho de Administração. A intenção era abandonar a disputa e deixar com que Gionédis tomasse posse no dia 5 sem maiores problemas. Mas, ao mesmo tempo, a oposição assumiria um caráter fiscalizador, principalmente no ?conselhão?, que tem um comando contrário ao atual presidente.

Essa hipótese era a mais forte na manhã de ontem, tanto que chegou a ser aventada uma conversa de Tico Fontoura com a imprensa para a tarde. Mas a manifestação foi transferida para às 10h de hoje. A decisão evidencia a expectativa pela manifestação do presidente do Conselho de Administração, Júlio Militão da Silva, que pretende comunicar todos os conselheiros da decisão a ser tomada ainda esta manhã. A diretoria coxa também se movimentou e acelerou a renovação do treinador, que foi definida ontem.

O certo é que os conselheiros ligados a Fontoura decidiram que não haverá envio da matéria para a justiça comum – eles querem evitar uma cisão no clube, que no caso seria definitiva. E o que os torcedores esperam que seja certo é que, a partir de hoje, o clube comece o caminho para a recuperação moral e a volta para a primeira divisão.

Mesa diretora divulga hoje resultado do recurso

Júlio Militão da Silva promete entregar esta manhã para ?a torcida, a sociedade e a imprensa? o resultado do recurso impetrado pela oposição no Conselho de Administração. O posicionamento da mesa diretora é, em tese, definitivo, sem possibilidade de nova discussão dentro do Coritiba. O presidente do ?conselhão? recebeu no final da tarde de ontem a defesa da situação – o material foi entregue pelo presidente Giovani Gionédis. Caso a situação prevaleça, a história se encerra, pois os oposicionistas não deverão seguir a via judicial.

A peça de defesa entregue pela atual diretoria continha o documento de licença de toda a Diretoria Executiva assinado antes da eleição. Os nove ?cardeais? do Coxa se afastaram dos cargos por 24 horas, justamente no dia do pleito. O artigo 89 do estatuto do Coritiba diz que ?no impedimento ou em caso de vacância ou renúncia de todos os ocupantes da Diretoria Executiva, as funções desta serão exercidas pela mesa diretora do Conselho de Administração até que (…) se proceda a recomposição da Diretoria Executiva?. Portanto, na segunda passada o presidente do Coritiba era Jorge Wachelke, mandatário do ?conselhão?. Com isso, os dirigentes teriam condição de voto, sem ferir o artigo 133 do estatuto.

Só fica a pergunta: se a situação tinha este documento de licença em mãos na data da eleição, porque não o utilizou

logo que a oposição contestou a legalidade dos votos da diretoria? Porque a situação esperou e ficou de mãos atadas este tempo todo, se poderia ter derrubado a tese da oposição logo de cara?

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