Lopes lamenta jogadas de bolas paradas

Decididamente, o domingo foi um dia para a torcida coxa-branca esquecer. Numa tacada só, o Alviverde perdeu de virada para o arqui-rival uma invencibilidade de sete jogos no Brasileirão e viu o Atlético quebrar um tabu que já durava quase cinco anos -a última derrota para o Rubro-negro em casa havia acontecido em novembro de 1999.

Pior que isso foram as circunstâncias do jogo. Apesar da dura marcação das duas equipes, o Coritiba conseguiu mais toque de bola no primeiro tempo e criou as melhores oportunidades. A superioridade da etapa incial foi premiada com o gol de Alemão, logo aos 6 minutos do tempo final.

Tudo seria perfeito não fosse um recuo involuntário da equipe. Apesar dos pedidos do técnico Antônio Lopes para seus comandados se manterem no ataque, aconteceu o contrário. E o Coritiba acabou pagando pela covardia de não se manter na frente.

Acuado em seu campo defensivo, o pecado capital dos alviverdes foi ter esquecido tudo o que o treinador reforçou na preparação para o clássico. Antes da partida, Lopes ensaiou jogadas e alertou para o perigo dos lances de bola parada do Rubro-Negro. De pouco adiantou. Os dois gols dos atleticanos saíram justamente em jogadas desse tipo. “O professor havia alertado e acabamos deixando a desejar. Paciência, agora é bola pra frente”, lamentou o lateral-direito Jucemar, um dos poucos jogadores que passaram pela sala de imprensa após o jogo – o vestiário aliverde se abriu quase meia hora após o término do jogo.

Como verdadeiro comandante que é, Lopes partiu para tentar explicar o inexplicável. “Parabéns ao Atlético que soube fazer funcionar seu ponto forte. Nós nos descuidamos nas bolas paradas e pagamos o preço. Agora é tocar a bola para frente”, disse o treinador. Apesar do abalo moral inevitável com a perda do clássico, o treinador garante que não deixará que se faça tempestade em como d?agua. “É ruim perder em casa, mas esse jogo valeu três pontos como outro qualquer. No Brasileirão, é um ganha-e-perde constante. Não podemos nos abater”.

De fato, o Coritiba não terá muito tempo para lamentações. Na quarta-feira já encara o São Paulo, 7º colocado na tabela, no Morumbi. Para esse compromisso, o Coritiba terá de volta o artliheiro Tuta, que cumpriu suspenso por ter recebido o terceiro amarelo no jogo contra o Internacional, na rodada anterior.

Fernandinho vira termômetro

O meia Fernandinho andava sumido na partida, jogando taticamente na marcação de Adriano. Sofreu no primeiro tempo para acompanhar o lateral da seleção brasileira, mas quando se soltou, quem sofreu mesmo foi a equipe do Coritiba. Além de marcar seu primeiro gol num Atletiba, cabeceou a bola do jogo, que o goleiro alviverde Fernando soltou no pé do artilheiro Washington. Emoção que diz que vai guardar para sempre, principalmente porque ele garante que o próximo objetivo agora é a segunda estrela dourada.

“Estou muito emocionado porque nós estamos buscando a liderança do campeonato, então a emoção é enorme, é inexplicável, mas acredito que essa semana caia a ficha porque temos que pensar no Guarani”, vibra o ala/meia do Rubro-Negro. Por enquanto, no entanto, ele quer comemorar a queda do tabu de não vencer o Coxa no Alto da Glória. “Nossa equipe estava determinada em conseguir a vitória, independente de tabu ou não. Mas, conseguimos quebrar esse tabu e a felicidade nossa e da torcida é imensa”, destaca.

Não só o gol de ontem e as boas participações ofensivas confirmam sua importância para a equipe. Ele é o terceiro atleta do elenco com mais participações nas 27 rodadas. Atuou em 23 jogos, sempre como titular, na ala ou na meia. Além disso, costuma ser um termômetro do time. Quando joga bem, o time geralmente vence, ao passo que, quando não consegue impor seu futebol, o Atlético costuma ter dificuldades e patinar nos adversários.

Festa descamba na saída

Gisele Rech

O dia quente, apesar de ainda estarmos no inverno, foi convidativo para a torcida da dupla Atletiba comparecer ao Alto da Glória ontem à tarde. Com temperatura agradável e as duas equipes lutando para manter a invencibilidade no Brasileirão, o público não poderia ser melhor. No total, 22.876 torcedores compareceram ao Couto Pereira – o público pagante não foi divulgado, não se sabe por quê.

Com a casa lotada, o Coritiba detém agora o recorde de público do Brasileirão, que era de Atlético x São Paulo. Na partida contra o São Paulo, válida pelo primeiro turno, a Arena recebeu 18.865 pagantes.

Com casa cheia, a festa não poderia ser mais bonita, aquelas que mexem com o coração e chegam a arrepiar. Pela divisão da carga de ingresso, foi natural a presença maciça da torcida coxa-branca, que coloriu o Couto de verde e branco. Entretanto, mesmo em menor número, a torcida atleticana (foto) fez muito barulho o tempo todo e comemorou a liberação do uso das faixas no jogo – a diretoria do Coxa havia vetado, mas abriu mão na última hora. Mesmo sem poder colocar nas arquibancadas do Couto Pereira a bateria da Fanáticos, os atleticanos não deixaram de fazer muita festa, especialmente quando Fernandinho e Washington deixaram suas marcas e construíram a vitória.

Decepção

Foi um espetáculo à parte, manchado apenas pela confusão criada minutos antes do apito final do árbitro. Descontente com o resultado do jogo, a torcida alviverde queria deixar o estádio o mais rápido possível, mas por determinação da Polícia Militar, teve que esperar a torcida rubro-negra deixar o estádio. Como a torcida atleticana não arredava o pé ao final do jogo, comemorando o fim do jejum, a ordem foi invertida e a torcida coxa, mesmo em número infinitamente maior, pôde sair antes. Então foi a vez dos atleticanos protestarem. Quem passou perto dos portões de fundos do Couto Pereira certamente se assustou com o barulho dos murros nas portas de ferro, acompanhados de gritos de revolta.

“É complicado agradar a todos. Como a torcida do Coritiba estava impaciente para deixar o estádio em função da derrota, invertemos a ordem e os liberamos antes”, explicou o Major Borba, responsável pela Operação Atletiba. Segundo ele, alguns policiais foram desacatados ao tentar impedir a saída dos coxas-brancas. “Alguns foram ameaçados de processo, por isso acabamos invertendo o plano”, diz.

O incidente no momento da saída provocou 16 detenções, a maioria por desacato à autoridade, praticada por torcedores alviverdes. Antes do jogo, houve duas detenções por porte de dinheiro falso. No final, todos acabaram liberados.

Jogadores pagam dívida com torcida

Uma cena marcou no Atletiba de ontem, no Couto Pereira. Bastou o apito final do árbitro para os jogadores do Atlético saírem correndo para festejar a vitória e a quebra de tabu com a torcida. Como numa final de campeonato, os 4 mil rubro-negros soltaram o grito da garganta e puderam descontar o fato de terem sido silenciados a maior parte do tempo pelos coxas-brancas, em maior número no estádio.

“A gente precisava retribuir a torcida pela perda do Campeonato Paranaense. Estávamos devendo essa vitória e ela veio”, comemorou o goleiro Diego. Segundo ele, a equipe tinha consciência da necessidade dos três pontos, de quebrar o tabu e continuar na busca pela liderança do Campeonato Brasileiro, por isso, o empenho foi bem maior. “O time se doou, fizemos um sacrifício incrível e conseguimos o nosso objetivo”, destacou.

Para o técnico Levir Culpi, a vitória em cima do Coritiba foi um resultado para “jogar para cima”. “Além da pontuação, dá uma alegria de poder preparar a equipe para pegar o Guarani (às 20h30 de quinta-feira, na Arena), mais um jogo dificílimo, e que vale os mesmos três pontos”, apontou. O treinador atleticano também comemora a subida para o segundo lugar no campeonato. “Uma vitória num clássico reanima muito, dá muita energia e foi num momento excelente na competição”, disse.

Trabalhos

Apesar de ter sido a vitória mais esperada e comemorada do ano, a partir das 15h30, todo o elenco já tem que pegar no batente. Sem suspensões por cartão, as únicas preocupações do técnico Levir Culpi para a partida contra o Bugre será o zagueiro Rogério Correia, que sentiu uma fisgada na coxa, durante a partida de ontem, e o volante Bruno Lança, que tomou uma pancada no treinamento de sábado e nem concentrou para o clássico.

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