Londrina arrecada latinhas para a dívida

O drama vivido pelo Londrina para poder disputar a Série C ressuscitou a discussão sobre as multas previstas pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Assim como outros clubes sem condições de pagar quantias exorbitantes, o Tubarão "rebola" para levantar dinheiro – a diretoria alviceleste acaba de lançar uma campanha para arrecadar latinhas de alumínio na cidade.

Exatamente uma latinha, arremessada no gramado durante o jogo contra o Esportivo (RS), pela Copa do Brasil, obrigará o Londrina a desembolsar R$ 50 mil. Sem dinheiro, a diretoria do LEC instalou tambores em vários pontos da cidade para que os torcedores londrinenses depositem latas vazias de bebida. O clube estima que 1 milhão delas sejam necessárias para pagar a punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

O presidente do Tubarão, Agostinho Garrote, ainda tenta parcelar o montante em pelo menos 25 prestações mensais. Se não concluir ao menos a negociação da dívida até o início da Série C, o Londrina não poderá disputar a competição.

Assim como Garrote, outros dirigentes de clubes de pequeno e médio portes já haviam reclamado do alto valor das punições – há casos em que elas podem atingir R$ 500 mil. O próprio presidente do STJD, Luiz Zveiter, afirmou durante o Congresso Técnico do campeonato brasileiro, na semana passada, que defende a redução destas quantias, especialmente para equipes da Série C. "O CBJD foi feito para os clubes de São Paulo, que têm outra realidade. Mesmo em âmbito estadual, R$ 50 mil têm um valor para o Atlético e outro para o Francisco Beltrão", afirma Bôrtolo Escorsin, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva paranaense.

Escorsin utiliza o princípio da "razoabilidade", previsto no código, para reduzir em 90% as penas de multa aos clubes amadores. O São Paulo do Xaxim, um dos "agraciados" com a medida, teve uma multa reduzida de R$ 50 para R$ 5 mil. Já as equipes profissionais sofrem com o rigor da lei – o Prudentópolis não se livrou de pagar R$ 50 mil, mas conseguiu o parcelamento em 50 prestações. O Iraty recebeu a mesma punição, mas o recurso ainda não foi julgado.

Um terço do dinheiro arrecadado vai para entidades assistenciais, desde que o clube punido assim solicite. O restante fica com o próprio tribunal e com a federação à qual ele está vinculado. Escorsin calcula que, desde a implantação do CBJD, no início de 2004, o TJD já aplicou R$ 65 mil em multas.

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