Jairo ganha título de Cidadão Curitibano

Um dos principais ídolos do futebol do Paraná se tornará oficialmente ?curitibano? nesta noite. Jairo do Nascimento, goleiro que fez história com a camisa do Coritiba, nos anos 70 e 80, receberá o título de Cidadão Honorário de Curitiba.

Catarinense de Joinville, Jairo começou a carreira no Caxias. Ainda aos 21 anos, em 1969, foi contratado pelo Fluminense, onde foi campeão brasileiro no ano seguinte. Chegou a Curitiba em 1972, para vestir a camisa 1 do Coxa.

Seu talento logo superou o preconceito de alguns, que não aceitavam um negro na meta alviverde. Era o começo de um casamento que durou 15 anos. Com Jairo no gol, o Cori venceu cinco campeonatos estaduais e o Torneiro do Povo. Esteve presente também na maior conquista do clube, o título brasileiro de 1985, quando, já veterano, era reserva de Rafael.

Além dos títulos, Jairo também fez história pela longevidade. Jogou até os 46 anos, encerrando a carreira em 92, no Trespontano, de Minas Gerais. Hoje, comanda três escolinhas de futebol, em Curitiba, São José dos Pinhais e Tijucas do Sul.

A homenagem a Jairo é uma proposta do vereador Aladim Luciano, que foi seu companheiro com a camisa do Coritiba. A solenidade está marcada para as 20h, no Palácio Rio Branco, sede da Câmara Municipal.

Orgulhoso com o reconhecimento, Jairo conversou com a Tribuna. Confira:

Tribuna – Como é receber uma homenagem como esta, 15 anos após encerrar a carreira de jogador profissional?

Jairo – Estou muito feliz, porque mesmo depois de todo esse tempo ainda não fui esquecido. Por todos os títulos que conquistei aqui no Coritiba, acho que é uma homenagem merecida.

Tribuna – Você tem assistido aos jogos do Coxa?

Jairo – Tenho acompanhado pela TV. Não tenho ido aos jogos, porque este trabalho que estou fazendo me toma tempo. Trabalho mais do que na época que jogava. São mais de 300 alunos.

Tribuna – Acredita que o Coritiba volta para a 1.ª Divisão este ano?

Jairo – Estou torcendo muito. Foi uma decadência muito grande e para voltar ao normal tem que começar já. Tem que aproveitar este ano, quando ainda sobem quatro equipes. Ano que vem pode mudar e fica bem mais difícil.

Tribuna – Como você avalia o Edson Bastos, atual goleiro do Coxa?

Jairo – Não o conheço pessoalmente, mas já vi muitos jogos, desde quando ele estava no Fortaleza e Figueirense. É um grande goleiro. O Coritiba está bem servido, com ele e o Vanderlei.

Tribuna – Desde que você saiu, ele é o primeiro negro a ser goleiro titular do Coritiba…

Jairo – Torço por ele também por isso. Tive muitos problemas por ser negro. Tive que quebrar muitos tabus para chegar à seleção, onde diziam que um negro não poderia ser goleiro. Ele também deve ter passado por isso.

Tribuna – Hoje em dia, ainda existe preconceito contra goleiros negros?

Jairo – É evidente que ainda existe, em todos os lugares. Eu mesmo sinto isso. Mas acho que hoje não é tão forte quanto antes. Ficou um pouco mais fácil, pois apareceram grandes goleiros negros, como o Dida e o Hélton, que chegaram à seleção.

Voltar ao topo