Primeiro teste

Já vendido, Douglas Coutinho treina no Caju para ir pra Europa

O atacante Douglas Coutinho foi uma espécie de cobaia de um novo trabalho desenvolvido pelo Atlético na preparação de seus jogadores. O objetivo é corrigir falhas, potencializar habilidades e preparar os jogadores para uma inserção menos turbulenta no mercado do exterior.

Já negociado com o Doyen Group e aguardando uma transferência para a Europa, ele segue treinando no CT do Caju com acompanhamento de especialistas em coaching (treinamento intensivo específico de várias qualidades).

Concretizada a venda (cerca de R$ 14 milhões) o Atlético acionou o banco de dados do Departamento de Inteligência para iniciar um comparativo entre os números de Coutinho (passes, roubadas de bola, posicionamento) e de vários atacantes “parecidos” dos clubes interessados por ele. “Ele foi o primeiro a fazer esse trabalho. Relacionaram os clubes interessados e compararam item por item com possíveis companheiros de equipe, focando no que precisava ser melhorado”, explicou o empresário do jogador, Taciano Pimenta.

Renato Duprat, representante do Doyen no Brasil, diz acreditar que a preparação vai facilitar a entrada do jogador em um mercado totalmente diferente. “Ele aprende como jogam os times em vários sistemas táticos e como se portar em cada um deles. Tem um técnico trabalhando sempre junto. Depois vemos na prática os resultados”.

Segundo o investidor, foi nítida a melhora do atacante em uma função pouco exercida anteriormente. “Melhorou muito a forma de ele marcar, de voltar apoiando. As vezes não precisa voltar muito. Tem de compor melhor, para aproveitar o contra-ataque”, explicou Duprat. Além de trabalhar o jogador técnica e taticamente, há um trabalho voltado ao lado comportamental. A preparação para a inserção em uma nova cultura também ajuda na adaptação. “Ficamos preocupados de como funciona a cabeça dos jogadores. Fiquei surpreso quando ele passou uns dias comigo em Belo Horizonte no fim do ano. Ele adquiriu muita maturidade”, comentou seu empresário.

“É um jogador jovem e sempre ficava preocupado com o visual. Fomos cortar o cabelo e ele cortou ‘normalzinho’. Perguntei por que e ele disse que agora precisa se preocupar em aparecer mais pelo futebol do que por qualquer outra coisa”, acrescentou.

Coaching

O coaching é bastante difundido no mundo coorporativo (cresce 300% por ano segundo a Sociedade Latino-Americana de Coaching – SLAC), mas ainda engatinha no futebol. De acordo com Sullivan França, presidente da SLAC, os clubes só procuram profissionais da área quando estão à beira do abismo. “O Flamengo e o Palmeiras acionaram o coaching quando estavam praticamente rebaixados, escaparam, e pararam o trabalho. É assim o tempo todo. Tem que continuar”, afirmou. (ELK)