Holanda e Argentina jogam para reescrever suas histórias

A semifinal entre Argentina e Holanda representa uma chance de ouro para que as duas equipes reescrevam histórias de fracassos nas Copas. A Holanda tem um retrospecto amargo de ser sempre vice-campeã (74, 78 e 2010, última Copa). A Argentina superou o trauma das quartas de final, na qual havia sido eliminada em 2006 e 2010, mas não levanta a taça desde 1986.

A humilhante derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, nesta terça-feira, na outra semifinal, mexeu com os rivais. Os argentinos só iniciaram o treino, na terça, depois do jogo do Brasil e vários atletas foram vistos dando risadas ao entrarem no gramado do Itaquerão. O técnico argentino Alejandro Sabella foi político ao comentar o resultado. “Não é normal um 7 a 1 entre duas potências. Acontece raramente. A Alemanha foi superior”, avaliou.

O volante Javier Mascherano, que joga sua terceira Copa, resumiu o sentimento de frustração de argentinos e holandeses de uma maneira contundente. “Estou cansado de comer m….”, disse antes da partida de quartas de final. O volante lembra que as cicatrizes recentes da seleção holandesa tornam a geração de Robben, Van Persie e Sneijder mais forte – os três estavam na Copa da Alemanha. “Eles vão querer revanche do que aconteceu há quatro anos (derrota para a Espanha na final). É uma equipe que deve ter sangue nos olhos pelo que aconteceu no Mundial passado”, disse Mascherano.

AMBIENTE DISCIPLINADO – A aparente descontração da seleção da Holanda mascara um ambiente disciplinado e conduzido de modo rígido pelo austero Louis van Gaal, treinador que tem a possibilidade de reverter essa marca histórica do time laranja, a de jogar bem, chegar perto do título mundial e sair sempre derrotado. O homem de confiança de Van Gaal na equipe é o goleador e capitão Robin van Persie. Com ele, o treinador conversa mais do que com os outros, ouve opiniões e conhece as reivindicações do grupo.

Isso não o impediu de ter tido uma conversa reservada com Van Persie no gramado do Pacaembu, nesta terça, aparentemente em tom duro. O capitão acabou não treinando com os companheiros. Ele e o lateral Daryl Janmaat exercitaram-se à parte. Oficialmente, ambos foram vitimados por problemas gastrointestinais, conforme Van Gaal disse na entrevista coletiva. “Van Persie não treinou com os demais porque poderia piorar. Ele é o meu capitão. Só por esse cargo ele é muito importante”, disse o treinador, para quem não há favoritismo nesta quarta, pois “nas semifinais todos estão no mesmo nível”.

Para o treinador, a presença de Lionel Messi, craque argentino, engrandece o adversário, já que “no momento mais difícil do jogo ele sempre soluciona”. Van Gaal prevê uma partida longa. “Talvez ela termine mais tarde do que a partida anterior”, disse ele, sem falar de prorrogação e pênaltis.

CANSAÇO – Enfrentar uma prorrogação seria um drama para a Argentina. Desgastado por realizar quatro dos cinco jogos da Copa no horário das 13 horas, o elenco diminuiu o ritmo de treinamentos nos últimos dias no CT do Galo. Nesta terça-feira, no reconhecimento do Itaquerão, outra atividade leve.

Além do cansaço, o técnico Alejandro Sabella tem outro problema sério para administrar: definir o substituto de Ángel Di María, o segundo jogador mais importante da Argentina, logo depois de Messi.

O meia do Real Madrid sofreu uma lesão muscular contra a Bélgica e está fora da semifinal. O principal candidato é Enzo Perez, que deu conta do resultado no último jogo. “Eles têm um ataque poderoso e são muito talentosos. Não podemos perder a bola e permitir que coloquem velocidade. Isso complica”, alertou Sabella.