Hoje é dia de emoção na Baixada

Ingredientes não faltam para fazer do clássico de hoje o confronto mais emocionante do paranaense até agora. Na Baixada, a partir das 18h, Atlético e Paraná disputam mais que uma vaga na decisão.

Num confronto recheado de tabus, os rivais brigam pela chance de se tornar o maior vencedor de títulos estaduais nos últimos 20 anos. Desde 1988, cada um dos clubes levantou o troféu sete vezes, contra quatro do Coritiba e uma do Londrina.

O duelo marca também o encontro entre os únicos representantes do estado na primeira divisão nacional. Assim, não é exagero dizer que o vencedor poderá ser apontado como principal clube do estado na atualidade.

Foto: Valquir Aureliano

Ao Atlético, só a vitória interessa. E para chegar lá, o Furacão conta com toda a força da torcida e a mística do Caldeirão. Em 19 jogos disputados contra o tricolor no Joaquim Américo, desde 1995, o rubro-negro não perdeu uma vez sequer. Foram 11 vitórias e oito empates.

O Paraná não precisa nem vencer. Como teve melhor campanha ao longo do campeonato, um empate basta para o tricolor chegar à final. Mas na Vila Capanema a idéia é conquistar um histórico triunfo na casa do rival e acabar com um jejum de seis clássicos sem vitória.

Ou seja, motivos não faltam para atleticanos e paranistas lotarem a Arena esta tarde.

Vitória é a única saída do Atlético

Foto: Valquir Aureliano

Netinho pode ser improvisado na lateral esquerda hoje.

Vencer ou vencer. Este é o lema do Atlético no clássico de hoje. Reencontrar a vitória após quatro jogos de jejum é a única alternativa para o Furacão chegar à final do Paranaense.

Todos no elenco rubro-negro têm consciência de que é preciso mostrar um futebol diferente do apresentado no duelo do último domingo, quando empatou em 0 a 0 com o rival. E também jogar muito mais do que na derrota de 3 a 1 para o Atlético-GO, na quarta-feira passada.

O técnico Vadão garante que o time terá outra postura do que na partida da Vila Capanema. ?Vai mudar porque vamos jogar com 11. Lá, nós tivemos um jogador expulso no início e jogamos 70 minutos com dez. Tivemos que administrar o empate. Agora não, temos que ganhar?, ressalta o treinador, recordando o cartão vermelho recebido por João Leonardo ainda no primeiro tempo.

A equipe espera também corrigir as falhas que levaram à derrota contra o xará goiano. ?Estamos pecando em erros que nos custam caro. Temos que ter um pouco mais de atenção na bola parada?, alerta o meia Evandro. Em Goiânia, dois gols sofridos pelo Furacão saíram de cobranças de escanteio.

Num jogo em que precisa chegar ao gol de qualquer maneira, o Atlético pode ter o desfalque daquele que é conhecido como o carrasco do tricolor. Denis Marques ainda sente as dores de uma pancada nas costas no último clássico e é dúvida.

?Não sei?, se limitou a dizer Denis quando questionado se teria condições de jogo, após o coletivo de sexta-feira. ?Ele está com dor num local que incomoda muito, próximo à costela. Qualquer trombada ali é fatal. Não vamos colocar em xeque a integridade do atleta. Se ele se sentir bem, vai para o jogo. Se não, fica fora?, explica Vadão.

Em compensação, o rubro-negro tem garantida a presença do maior artilheiro do Brasil em 2007. Alex Mineiro, que já marcou 17 gols na temporada, é o líder do prêmio Chuteira de Ouro, concedido pela revista Placar ao principal goleador do país.

Se Denis Marques não puder jogar, o companheiro de Alex no ataque deve ser o jovem Ricardinho. Mas é no sistema defensivo que estão as principais novidades da equipe. No gol, Guilherme será o substituto de Cléber, que também foi expulso no último clássico. E na lateral esquerda, Netinho pode ganhar o lugar de Michel.

Guilherme, que fará sua primeira partida com o time principal na Arena, espera ver a equipe bem ao gosto da galera. ?Não pode faltar determinação nem garra. Na técnica, não é todo dia que vamos estar perfeitos. Mas vontade e raça não podem faltar em momento algum?, conclui o novo herdeiro de Caju.

Zetti mantém o mistério na escalação do Paraná Clube

Irapitan Costa

Foto: Valquir Aureliano

Goiano pode ser a alternativa para o meio-de-campo.

Cinema não é o hobby preferido de Zetti. Nas longas viagens de ônibus deste paranaense, a seleção de filmes ficou sempre por conta do auxiliar-técnico Silas e do preparador de goleiros Renato Secco. Ainda assim, em suas raras incursões na sétima arte, o treinador paranistas prefere um bom filme de ação. Tudo isso não o impediu de ceder às tentações do ?suspense?.

O time do Paraná Clube para a decisão desta noite só será conhecido pouco antes da bola rolar. Uma vaga permanece em aberto e definirá com clareza a postura da sua equipe no duelo com o Atlético, valendo vaga na decisão do campeonato. ?Até gosto de um filme mais tenso. Recentemente vi A Profecia – a refilmagem – e gostei?, brincou o treinador. O estilo de Zetti nem combina muito com essa aura ?hitchcockiana?.

Uma questão pontual, num clássico tenso e que coloca frente a frente clubes com filosofias absolutamente distintas. A abertura paranista contrasta com a postura ?intramuros? do Atlético. Um relacionamento estremecido recentemente por conta de pretensões que nada têm a ver com o confronto em si. A ?briga? por recursos governamentais tendo como subterfúgio a Copa do Mundo de 2014 serve de pano de fundo neste duelo.

A cordialidade dos últimos anos deu lugar às provocações. A maioria delas via internet, numa postura que vai na contra-mão da política pró-paz nos estádios. Comissão técnica e jogadores torcem apenas para que os recentes atritos não venham a interferir no andamento normal da partida, abrindo espaço para um filme mais denso, uma película de ?guerra?. ?Não acredito nisso. Hospitalidade é regra, não opção?, frisou Zetti.

O treinador sequer acredita que o momento dos times – o Paraná vindo de classificação na Libertadores e o Atlético de derrota na Copa do Brasil – tenha peso significativo no jogo de hoje. ?No clássico, muda tudo. O jogador vai no limite, a motivação é outra?, comentou. ?Serão 90 minutos de superação, onde esperamos conseguir o nosso objetivo, com vitória ou com empate?.

Zetti, sobre a vantagem do Paraná – que pela melhor campanha geral avança à decisão com um empate -, foi incisivo: ?Se empatarmos, tudo bem. Mas, isso não significa que vamos jogar atrás, só esperando o adversário?. A estratégia de Zetti é o equilíbrio. Atacar na medida certa, sem abrir espaços na sua defesa. ?Só não me peça comentários mais profundos sobre o tema?, ressaltou, sem dar pistas sobre qual posicionamento adotará para iniciar o clássico.

Sem Gérson, suspenso, pode tanto escalar o volante Goiano quanto os meias Joelson ou Renan. Isso sem descartar completamente a utilização do 3-5-2, com a entrada de Toninho ou João Paulo. Cartas que Zetti vai guardar na manga, com uma boa dose de ?mistério?, mas, garante ele, sem a intenção de blefar.

CAMPEONATO PARANAENSE

SEMIFINAL – JOGO DE VOLTA

ATLÉTICO x PARANÁ CLUBE

ATLÉTICO

Guilherme; Nei, Danilo, Marcão e Netinho (Michel); Erandir, Alan Bahia, Evandro e Ferreira; Alex Mineiro e Denis Marques (Ricardinho).

Técnico: Oswaldo Alvarez.

PARANÁ

Flávio; Alex, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Xaves, Beto, Goiano (Joelson ou Renan) e Dinelson; Vinícius Pacheco e Josiel.

Técnico: Zetti.

SÚMULA

Local: Joaquim Américo (Curitiba).

Horário: 18h.

Árbitro: Héber Roberto Lopes.

Assistentes: Aparecido Donizeti Santana e João Batista de Moraes.

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